Capítulo 10

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O tempo parecia ficar lento, mas o que estava acontecendo não acompanhava o tempo. Quando aproveitamos e não queremos que o tempo passe, ele passa rápido. Quando queremos que algo aconteça rápido, o tempo passa lentamente. É o mesmo tempo, mas cada um está vivendo seu tempo, cada um olhando de um perspectiva diferente.
Amicia veio dentro da ambulância, sendo a primeira a chegar no hospital. Ela não o queria deixar, mas os enfermeiros e médicos não deixaram ela entrar na sala. Por um lado, ela ficou triste, mas depois pensou que não haveria muito que pudesse ajudar na sala de cirurgia, apenas atrapalharia colocando pressão no cirurgião com sua presença na sala. Apenas fizeram algumas perguntas.
Hayley e Diana acompanhadas de River e Hiroshi chegaram, preocupados e perguntando como estava a situação até aquele momento. A garota tentou ser o mais calma possível, mas eles sabiam que ela não estava nada bem. Contou o que aconteceu e que ele estava em cirurgia e nenhuma notícia ainda sobre a situação.
River trouxe uma sacola com roupas limpas para a menina se vestir, já que ainda estava usando o vestido que estava sujo de sangue.
A jovem foi se trocar, apenas não querendo olhar naquele momento o vestido por se lembrar do ocorrido. Apesar de estar agora usando roupas mais confortáveis, usando uma calça jeans, um blusão cinza escrito em preto Star Wars e um tênis all star converse jeans, um blusão que esquentava bastante, por hospitais sempre serem lugares muito frios, ainda se sentia totalmente desconfortável. Nunca gostou de hospitais, sentia um calafrio, como se tivesse um trauma, apesar de não saber a origem.
Ela não conseguia pensar em outra coisa, fazer outra coisa. Apenas olhava para o relógio e para a porta. Parecia que toda vez a mais nova olhava para o relógio, ele estava parado, os minutos demoravam a passar. A porta de sempre entrando e saindo pessoas, mas nunca aparecia alguém que estava com o caso.
River e Hayley tentaram a convencer de todas as formas de Amicia comer ou beber algo, ou tentar levar a garota para casa para comer algo lá. Mas a menina recusou. Ela não queria comer nada, não queria beber nada, não queria ir para casa, ela ficaria sentada ali, não sairia dali até ter notícias, até ver que Henry estava bem.
O celular estava intocado, ficava grudada o dia inteiro nele, mas naquele momento a jovem não queria saber da existência daquele eletrônico. Não queria responder mensagem nem ligação de ninguém.
Vindo de longe, chega April e Tadashi, cumprimentaram todos. Ao longe, andando até o corredor que levava à área da alimentação, estava Jeff, que só acenou para o pessoal com a cabeça. Imediatamente Amicia se virou e o viu de longe, seu rosto passou de triste para séria e se levantou andando rápido, com passos firmes. Sentindo alguém se aproximando, o maior se virou:
- Oii Ami...
- Por que você fez aquilo? - a menor o interrompeu. Queria ir direto no assunto.
- Aquilo o quê?
- Não se faça de sonso. Eu te vi de longe, quando aquilo aconteceu.
- Pensei que você não tinha me visto. Eai, já pensou na resposta sobre o que perguntei mais cedo? - o mais velho, estava sorrindo como se tivesse ganhado em uma loteria, deixando a menina com mais raiva subindo por suas veias.
- Como você acha que nesse momento eu vou ter tempo para pensar em sua proposta? Não mude de assunto, eu vi que você estava rindo, dando gargalhadas, enquanto olhava a situação. E não era uma risada de nervoso, parecia estar se divertindo. Por que?
- Achei engraçado toda aquela cena, toda a situação, o que ele fez.
- Você achou engraçado uma tentativa de suicídio? Qual é o seu problema? - a raiva subia cada vez mais, a vontade de socar a cara do garoto em sua frente subia cada vez mais. - Ele tentou se matar, não é engraçado, é sério.
- Ele fez tudo isso para chamar a atenção de todos, chamar a sua atenção, drama, frescura, ser a estrela, a celebridade do dia. Depressão tá na moda, então ele quis estar na moda, acha que se lembraram dele depois de sua morte.
- Você é um idiota! Como pode pensar assim? Depressão é algo sério. Não é drama, não é chamar a atenção, não é frescura. Depressão é uma doença séria. Se ele tiver, precisa de ajuda.
- Um dia você vai ver que ele na verdade é um monstro e verá que eu e você temos muito em comum.
- Acho que não é ele aqui que é o monstro nessa história.
Aquilo cortou, sentiu como se ela tivesse enfiado uma adaga em seu peito. A garota se vira para voltar para perto da porta, mas antes ela volta até Jeff e diz:
  - E não temos nada em comum. Não diga isso porque não quero ter nada nem tenho nada em comum com alguém como você. Acho que estou vendo quem você realmente é.
  Enquanto ela voltava para a porta, Jeff diz baixo olhando ela partir:
  - Eu vou te mostrar quem é o monstro nessa história e que eu e você somos iguais e devemos nos unir.

                                  ***

Depois de mais algumas horas, o médico aparece. Amicia levanta rápido e pergunta para o médico tudo que gostaria de perguntar.
O médico a acalma e diz que ele está bem, só precisará ficar alguns dias no hospital, por ter ferido bastante a cabeça e que Henry já estava no quarto.
O doutor acompanha Amicia, River e Hayley até o quarto. Assim que elas chegam, observam que o jovem ainda estava adormecido. A garota vai até ele e senta perto do menino.
Depois de um tempo, enquanto os parentes conversavam fora do quarto, Henry acorda e observa que ao lado dele, dormindo sentada apoiando a cabeça nos braços que estavam na cama, como se tivesse caído no sono, estava a jovem. Ele sorri e começa a passar as mãos nos cabelos encaracolados da menina.
A menor acorda e assim que o vê acordado, um sorriso, uma felicidade, um alívio surge em seu rosto. Ela segura um das mãos do garoto:
  - Você acordou! Você está bem? Como você está? Tá sentindo alguma dor?
  - Eu estou bem - o maior diz sorrindo para a menor.
  Amicia começa a chorar um pouco.
  - Por que você está chorando? Eu estou bem.
  - Pensei que tinha te perdido - toda a dor que ela estava sentido era muito grande, um sentimento de culpa.
  - Mas eu estou aqui! Estou bem e nunca vou te deixar. - Henry sorri a confortando, com uma das mãos acariciando o cabelo da jovem.
  - Eu sinto muito - ela não conseguia parar de chorar - É minha culpa, eu não devia ter ficado envergonhada depois do que aconteceu naquele dia. Eu fiquei tímida e não sabia como agir, nem se devia tocar naquele assunto, evitado você. Eu sinto muito - a garota esconde seu rosto com suas mãos.
  Ele pega as mãos da menor, segurando:
  - Está tudo bem agora, não é sua culpa. Vamos seguir em frente e esquecer que isso aconteceu. Estou bem e nunca vou te deixar.
  Os dois se abraçam. Não queriam se soltar, como se separassem, nunca mais se veriam.
  - Eu prometo estar sempre aqui, te proteger e te salvar. Eu serei um amigo, seu anjo da guarda. Estarei lá para comemorar suas conquistas, estarei lá para te levantar e te abraçar nas perdas. Eu vou sorrir e chorar com você. Eu te incentivarei a não desistir, a tomar decisões que seu coração deseja, vou te respeitar e te apoiar em qualquer decisão.
  - Eu prometo nunca te abandonar, eu nunca te deixarei para trás. Vou ser uma amiga companheira, seu braço direito. Serei seu anjo. Estarei nos melhores e piores momentos. Te ajudarei em tudo que precisar. Prometo te fazer feliz. Eu serei sua lua e você meu sol. Juntos agora, juntos sempre.
  - Eu serei seu sol e você minha lua. Juntos agora, juntos sempre.
  Gostaria que tudo ficasse bem, voltasse ao normal, mas as coisas iriam só piorar.

No One is InnocentOnde histórias criam vida. Descubra agora