Capítulo 12

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Sentido uma tontura, sua cabeça doer, não enxergando nada, apenas uma escuridão. Sentia que iria desmaiar de novo, o garoto escutou uma voz, parecia longe mas ao mesmo tempo perto. Uma voz de uma criança, uma menina, chamando seu nome. A voz parecia que a menina estava chorando, uma voz de desespero.
Sua cabeça estava confusa, mas aos poucos ouvindo a voz, aos poucos começa a se recordar do que aconteceu, a cada minuto as lembranças, memórias parecem voltar mais rápido que os segundos e seu coração começa a ficar acelerado novamente. Sentindo onde estava e a visão voltando, Henry levanta assustando olhando para os lados procurando por sua amiga, mas não encontra, encontra a garotinha que o ajudou, ainda tentava entender o motivo de chamar ele de pai e sua amiga de mãe.
Notou que já era noite, o que o preocupou bastante, por já terem passado horas desde ter visto Jeff, com sorriso maligno, levando Amicia inconsciente, enquanto estava de dia.
     - Papai finalmente você acordou! Precisamos salvar a mamãe! Você está bem?
     -  Eu senti como se alguém tivesse colocado um pano com clorofórmio na minha boca ou algo do gênero. Senti uma tontura e tudo escureceu, não enxergava e desmaiei.
     -  Era o que ele queria - a voz de uma garota surge atrás do dois. Ao se virarem, havia uma garota, parecendo ter a mesma idade da criança. Uma garota de cabelos castanhos lisos mas com as pontas onduladas, vestindo um vestido de renda branco com mangas compridas, com a saia de babados, um laço azul claro na cintura, meia calça branca e um par sapatilhas pretas retrô. Segurando em seus braços uma boneca de porcelana.
     Assim que Henry a viu, e notando que atrás estava a antiga casa do chefe engenheiro, se lembrou da história mal assombrada da casa que seu professor de geografia havia contado durante uma das aulas, reconhecendo quem seria aquela garota.
     - Como assim?
     - Ele fez isso para ganhar tempo e te atrasar.
     - Quem?
     A criança suspira - Ele não deve ser nomeado - a garota da casa olha para o céu e suspira mais uma vez, mas desta vez fundo- O tempo está esgotando, precisamos correr antes que seja tarde demais.
     - Espera - o menino olhava confuso e desconfiado, de acordo com as histórias que tinha visto, não era para confiar em espíritos. - Por quê está nos ajudando?
     - Ela é especial para nós, para todos nós. E nos salvará deste tormento. - olhando para a boneca, a menina sorriu - Eles tinham guardado minhas bonecas no sótão e não vivo sem elas e ela trouxe as bonecas de volta para mim. Além disso, de noite é quando todos nós saímos, se eu não estiver com vocês e vocês andarem pela escuridão, você não vai sair daqui vivo. Eu sei onde ela está e vou levá-los até lá. - a garota andou em direção ao portão e parou - Além disso, você e ela precisaram de nós para escapar dele.
     - Podemos confiar neles papai, eles não querem o nosso mal.
     Então Henry e sua suposta filha seguiram o espírito da garota. Olhando para o céu, vendo a lua cheia, suspirou e sentindo seu coração apertado.
     - Espero que ela esteja bem. Eu sei que ela é forte, mas proteja ela enquanto eu não chego - disse olhando para a lua.

***

Depois de andarem muito no meio da mata, que seria a trilha, eles chegam na cachoeira do Poço das Moças. Eles começam a ouvir barulhos estranhos. Se a garota da antiga casa do chefe engenheiro não estivesse ali, as 3 moças teriam o atacado.
   - O que você está fazendo aqui garota? - os espíritos das 3 moças olhavam para a menina com uma expressão de impacientes.
   - Precisamos da ajuda de vocês, ele pegou ela.
   - A Amicia?? Precisamos tirar ela de lá!
   - Quando for a hora, eu chamo vocês.
   - Esperem - Henry estava curioso, parecia que todos conheciam a Amicia, mas não sabia como eles conheciam ela e porque queriam ajudar. - O que aconteceu com vocês? E por que estão nos ajudando?
   - Fomos afogadas. Tínhamos raiva de tudo, queríamos nos vingar de todos, mas ela nos ajudou a olhar as coisas com outros olhos, foi como se uma parte viva de nós tivesse voltado, é uma garota especial. Provavelmente você irá perguntar para cada um de nós o motivo da ajuda, bom, além de querermos retribuir a ajuda, pois ela nos ajudou, estamos tanto tempo nesse corredor, sem ir para o céu ou inferno, tem algo pendente que ainda tentamos descobrir. Nossos dias tem sido os mesmos desde que morremos, a maioria de nós sempre assustando as pessoas ou as trazendo para o outro lado, mas fazemos isso por tantos anos, que não aguentamos mais.
   Depois de caminharem por um tempo, o garoto continuava com sua mente pensando em várias coisas, o que as 3 moças disseram, o que Jeff está fazendo com a Amicia, como eles conheciam Jeff e o motivo de não pronunciarem o nome dele, se sua amiga está bem. Estava acontecendo tantas coisas que não sabia completar nenhum pensamento.
   A cada lugar que passavam, e mais fantasmas aceitavam ajudá-los, a quantidade de pensamentos aumentava com cada relato.
   - Eu estava perdida, e passei um tempo brava, mas ela me ajudou a encontrar a saída e tirar a raiva que crescia como raízes dentro de mim - foi o que disse a menina do casarão.
   -  Eu sempre amei dançar, e sentia falta das festas e me sentia solitário. Mas ela disse que passou a maior parte de sua infância assim, eu não era o único. Mostrou que nós mesmos podemos fazer nossa própria festa, com a música em nossos corações e imaginar. Me fez companhia todas as vezes, trouxe aquela euforia de volta, dançava junto comigo. Eu espero que a minha pequena bailarina consiga realizar seu sonho. - o dançarino do clube Lira Serrano dizia isso com uma alegria, sorrindo e dizia carinhosamente sobre a menor e dançava levemente pelo palco enquanto contava.
   -  Eu vivia sozinho, os dias pareciam um vazio completo, mas ela me trouxe aquela alegria, a fantasia de novo. Brincava comigo, me contava histórias, colocou um sorriso no meu rosto de novo, eu consegui ver a magia que tinha nos contos de fadas de novo, eu só via preto e branco tudo ao meu redor, mas ela trouxe as cores novamente - disse o garoto que ficava no balanço da área dos brinquedos. A cada relato, o rapaz ficava encantado e chorava só de pensar que ela estava em perigo.
   -  Gostamos da energia dela, de ver a menina cantando e dançando com um sorriso no rosto, desenhando o que parecia triste, deixava belo outra vez. Quando ficava lendo os livros para nós empolgada. Sempre ficava interessada e ouvia nossas histórias de vida, sobre nós. - Quando eles chegaram no túnel dos mortos, todos disseram praticamente a mesma coisa.
   Já estava amanhecendo, não estava mais escuro. A fantasma se virou para o garoto.
   - Já está amanhecendo, é melhor correr. Infelizmente não posso chegar até lá, o véu da noiva irá ajudar vocês dois, irá atrasar ele. Eles estão no relógio. Corram o mais rápido que puderem para a igreja, estaremos lá.
   O menino assentiu mas antes de ir, a fantasma o chama mais uma vez.
   - Espere! Tome cuidado com o trem fantasma, um passo em falso e será o fim, preste atenção no vento e nos trilhos, se os trilhos tremerem, se afaste.
     Com a manhã chegando, a neblina apareceu. Apesar de estar difícil de desviar do trem que aparecia muito rápido, ele continuava correndo, torcendo para não ter acontecido o pior.

No One is InnocentOnde histórias criam vida. Descubra agora