Capítulo 7

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[...]

Após um dia surpreendentemente preenchido e cansativo, chegara a hora de regressar a casa.
Os quatro seguiram numa viagem um tanto silenciosa, consumidos pela exaustão e pela fraqueza daquele dia. Nunca um passeio os havia desgastado tanto.

- Austin, anda. - Summer insistia pela trigésima vez, agarrando-o pela mão ao longo do corredor.

- Oh, eu não sei. - O loiro sorriu fracamente, dando-se praticamente por vencido - Vocês devem querer descans-

- Faz a vontade à rapariga. - Lilian interviu, revirando os olhos. Caminhava um pouco mais distante de ambos - Caso contrário, serei eu quem a vai aturar.

- Por favor? - A mais velha traçou um beicinho no seu rosto, suplicando com o olhar.

- Se tu- - Sem o deixar terminar a frase, a figura loira puxou-o com uma força que ele próprio desconhecia, e arrastou-o para a sua habitação, onde já estava Lilian, que os tivera abandonando entretanto.

- Ótimo, conseguiste o que querias. - Austin comentou, perante a destreza dela. Fechou a porta atrás de si.

- Querido, consigo sempre. - Summer piscou o olho, virando-lhe costas - Vou ao meu quarto, volto já!

Subiu a escadaria numa correria alarmante em direção ao seu quarto. Lilian permanecera na sala de estar, distraída com uma mera revista pousada no sofá. O loiro pendurou o casaco e dirigiu-se até à sua figura, sentando-se a seu lado.

- O que aconteceu entre ti e o meu irmão, afinal? - Interrogou, confuso e curioso em simultâneo.

- Honestamente? Nem eu sei. - Lilian deu de ombros, folheando aleatoriamente os diversos artigos que segurava entre as mãos - E por outro lado, o que importa? Não temos uma ligação tão significante quanto isso. É muito simples na verdade. Por vezes, cruzamo-nos com pessoas que se revelam incompatíveis connosco ao primeiro toque, ponto.

- Podes crer que interessa. - Austin insistiu, suspirando - Não vejo motivos plausíveis o suficiente que justifiquem tamanha implicação.

- Ele apenas... Raios, eu nem sei o que dizer acerca dele! - A pequena loira bufou, frustrada - O Zeke é a pessoa mais confusa e odiável que eu já conheci.

- Odiável? - Ele não evitou rir - Ouve, o meu irmão é uma pessoa bastante complicada, em diversas situações não reage como seria de esperar, o que o leva a tornar-se uma pessoa completamente imprevisível e pouco convencional... Mas não exageremos, duvido que seja impossível lidar com ele.

- Como assim? - Ela arqueou uma sobrancelha, perdida perante a explicação do rapaz - Imprevisível e pouco convencional?

- Reflete sobre o que aconteceu esta manhã. Não estranhas o facto de o Zeke teimar contigo a partir do primeiro momento em que te vê, e em simultâneo tentar provocar-te constantemente? - Fê-la pensar arduamente em cada pedaço de memória de à algumas horas atrás - Ele ficou encantado contigo mal te pôs a vista em cima. Parece estranho e absurdo, certo? Porém, eu conheço-o suficientemente bem para perceber estes meros pormenores, e raramente me engano.

Aquele comentário apanhara-a totalmente desprevenida. Como seria tal possível, tendo em conta a forma como ele reagira consigo ao longo do dia? Por muito que se esforçasse, não entendia.
Ainda assim, e por muito que tentasse escondê-lo, não desgostava da ideia de Zeke ter gostado de si. Corou, imaginando-o fixado na sua figura, no seu rosto e no seu corpo, com os milhares de pensamentos a percorrer-lhe a mente, onde ela era o principal foco.

- Não importa o quão diferente ele seja, pois de qualquer das formas não pretendo lidar com ele. - Atirou a revista para um canto, mentindo descaradamente. Tinha demasiada consciência da realidade, seria complicado alterar o mau ambiente instalado entre os dois - Quero paz.

As Faces do amor [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora