A história de Monstro

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Na manhã seguinte, todos levantaram cedo e tomaram o café de manhã. O silêncio era a única coisa que pode ser ouvida durante a refeição, todos estavam imersos em seus pensamentos a respeito do livro.

A história de Monstro — falou Alice após todos se arrumarem em seus lugares.

— Por que temos que ler sobre esse elfo? — perguntou almofadinhas irritado.

— Vai ver ele tem uma informação importante para nós dar! — respondeu Regulus.

Alice resolveu iniciar a leitura antes que uma discussão acontecesse.

Harry acordou na manhã seguinte, dentro de um saco de dormir no chão da sala de visitas. Viu uma lasca de céu entre as pesadas cortinas: era um azul frio e claro de tinta aguada, entre a noite e a alvorada, e tudo estava silencioso, exceto pela respiração lenta e profunda de Hermione e Rony. Harry olhou para as sombras escuras que eles projetavam no chão ao seu lado. Rony teve um acesso de galanteria e insistiu que Hermione dormisse sobre as almofadas do sofá, por isso a silhueta dela estava acima da dele. O braço da garota formava um arco até o chão, seus dedos a centímetros dos de Rony. Harry ficou imaginando se teriam adormecido de mãos dadas. A idéia fez com que se sentisse estranhamente solitário.

Ele ergueu os olhos para o teto sombreado, o lustre coberto de teias de aranha. A menos de vinte e quatro horas, estivera parado à entrada ensolarada de uma tenda, aguardando para conduzir os convidados do casamento aos seus lugares. Parecia que tinha sido em outra vida. Que iria acontecer agora? Deitado ali no chão, ele pensou nas Horcruxes, na missão assustadora e complexa que Dumbledore lhe deixara... Dumbledore...

O pesar que o possuíra desde a morte do diretor agora era diferente. As acusações que ouvira de Muriel na festa pareciam ter se aninhado em seu cérebro, como coisas doentias que infectavam suas lembranças do bruxo que idolatrava. Teria Dumbledore deixado aquelas coisas acontecerem? Teria agido como Duda, contente em observar o abandono e o abuso desde que não o afetassem? Poderia ter dado as costas a uma irmã que estava presa e escondida?

Harry pensou em Godric's Hollow, nos túmulos que Dumbledore jamais mencionara; pensou nos objetos misteriosos deixados, sem explicação, no testamento do diretor, e o seu ressentimento cresceu na obscuridade. Por que Dumbledore não lhe contara? Por que não lhe explicara? Teria tido real afeição por ele? Ou Harry tinha sido apenas um instrumento a ser polido e afinado, sem, no entanto, merecer confiança ou confidências?

O garoto não suportou ficar deitado ali, tendo por companhia apenas seus pensamentos amargurados. Desesperado para arranjar o que fazer e se distrair, deslizou para fora do saco de dormir, apanhou a varinha e saiu furtivamente da sala. No corredor, sussurrou: "Lumus", e começou a subir a escada à luz da varinha.

— Não acho que é uma boa ideia ele fazer isso sem o Rony e a Hermione. — disse Lupin.

No segundo patamar ficava o quarto em que ele e Rony tinham dormido na última vez que estiveram na casa; ele espiou para dentro. As portas dos guarda-roupas estavam abertas e as roupas de cama tinham sido arrancadas. Harry se lembrou da perna de trasgo caída no chão da entrada. Alguém revistara a casa desde que a Ordem a deixara. Snape? Ou talvez Mundungo, que afanara muita coisa antes e depois da morte de Sirius? O olhar de Harry vagueou até o porta-retratos onde por vezes aparecia Fineus Nigellus Black, o tetravô de Sirius, mas estava vazio, exibia apenas um pedaço de forro encardido. Era evidente que Fineus Nigellus estava passando a noite no gabinete do diretor de Hogwarts.

Harry continuou a subir a escada até o último patamar onde havia apenas duas portas. A que estava à sua frente tinha uma plaquinha em que se lia Sirius. O garoto jamais entrara no quarto do padrinho. Ele empurrou a porta, erguendo a varinha no alto para poder iluminar a maior área possível.

Reescrevendo o futuro {hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora