A corça prateada

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Frank pegou o livro do seu colo e começou a ler. — A corça prateada!

— A corça prateada? — perguntou James que apenas recebeu um aceno de Frank. — Como um patrono?

"Mas é claro que é um patrono Potter, o que mais poderia ser" pensava Snape.

— Só lendo para descobrir — disse Lily calma, porém seu estado era outro. No final de seu sexto ano, a garota começou o seu treinamento para produzir um patrono e, antes de voltar para casa nas férias de verão, conseguiu produzir uma linda corça. Ninguém soube desse evento porque era um segredo da ruiva e por uma fração de segundo ela achou que aquela corça era sua. Mas como poderia ser sua sendo que sabia que estava morta?

Estava nevando quando Hermione assumiu a vigia à meia-noite. Os sonhos de Harry foram confusos e perturbadores: Nagini entrava e saía, primeiro, de um gigantesco anel rachado, depois, de uma coroa de heléboros. Ele acordou várias vezes, em pânico, convencido de que alguém o chamara ao longe, imaginando que o vento a açoitar a barraca fossem passos ou vozes.

Por fim, levantou-se no escuro e foi se juntar a Hermione, que estava encolhida na entrada da barraca lendo História da magia à luz da varinha. A neve continuava a cair profusamente, e ela recebeu com alívio a sugestão de guardarem tudo cedo e continuar viagem.

— Vamos para algum lugar mais abrigado — concordou ela, trêmula, vestindo um suéter de atletismo por cima do pijama. — Passei o tempo todo achando que ouvia gente andar aqui fora. E tive até a impressão de ter visto alguém uma ou duas vezes.

Harry parou no ato de vestir um suéter e deu uma olhada no silencioso e imóvel bisbilhoscópio sobre a mesa.

— Tenho certeza de que foi imaginação — disse Hermione, parecendo nervosa. — No escuro, a neve prega peças aos nossos olhos... Mas talvez seja bom desaparatarmos com a Capa da Invisibilidade, só por precaução.

Meia hora depois, a barraca já guardada, Harry usando a Horcrux e Hermione segurando a bolsinha de contas, desaparataram. Foram engolidos pela habitual compressão; os pés do garoto deixaram o chão fofo de neve e bateram com força em terra congelada e coberta de folhas, ou essa foi sua impressão.

— Onde estamos? — perguntou ele, correndo os olhos por um arvoredo diferente enquanto Hermione abria a bolsinha e começava a puxar lá de dentro os paus da barraca.

— Na Floresta do Deão. Acampei aqui uma vez com os meus pais.

Ali, também, a neve cobria as árvores em torno e fazia um frio cortante, mas, pelo menos, estavam abrigados do vento. Eles passaram a maior parte do dia na barraca, buscando calor junto às fortes chamas azuis que Hermione era perita em produzir, e que podiam ser recolhidas e transportadas em um jarro. Harry tinha a sensação — que era reforçada pela solicitude de Hermione — de estar convalescendo de uma doença breve, mas aguda. Naquela tarde, a neve tornou a cair, e, em conseqüência, até a clareira abrigada recebeu nova camada da neve fina como pó.

Após duas noites de pouco sono, os sentidos de Harry pareciam mais aguçados do que o normal. Sua fuga de Godric's Hollow, por um fio, fizera Voldemort parecer mais próximo que antes, mais ameaçador. Quando a noite desceu, Harry recusou a oferta de Hermione de fazer a vigia e lhe disse para ir se deitar.

O garoto levou uma almofada velha para a entrada da barraca e se sentou, usando todos os suéteres que possuía e, ainda assim, sentiu frio. Com a passagem das horas, a escuridão foi adensando até se tornar virtualmente impenetrável. Ele já ia tirar o mapa do maroto para espiar o pontinho que representasse Gina quando lembrou que eram as férias de Natal e que ela teria regressado à Toca.

Reescrevendo o futuro {hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora