Um esconderijo

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Lily ficou um pouco relutante em pegar o livro, mas sabia que tinha que fazer isso se quisesse um futuro melhor para a próxima geração de bruxos.

Um esconderijo — leu aliviada por saber que no final Harry consegira sair de lá.

A cena pareceu imprecisa e lenta. Harry e Hermione saltaram das cadeiras e empunharam suas varinhas. Muita gente começava apenas a entender que algo estranho acontecera; as cabeças se mantinham voltadas para o lince prateado enquanto ele sumia no ar. O silêncio se propagou em ondas frias desde o ponto em que o Patrono aterrissara. Então alguém gritou.

Harry e Hermione se precipitaram para a multidão em pânico. Os convidados disparavam em todas as direções; muitos estavam desaparatando; os feitiços que protegiam A Toca e seus arredores tinham sido anulados.

— Rony! — gritou Hermione. — Cadê você?

"Ele vai aparecer" diziam todos mentalmente.

À medida que avançavam pela pista de dança, Harry viu vultos de capa e máscara surgirem na multidão; viu também Lupin e Tonks de varinhas erguidas, e ouviu ambos gritarem: "Protego!", um grito que ecoou por todos os lados...

— Rony! Rony! — chamava Hermione, quase soluçando, enquanto ela e Harry eram empurrados pelos convidados aterrorizados; o garoto agarrou a mão dela para garantir que não se separassem, ao mesmo tempo que um raio de luz passou por cima de suas cabeças; se era um feitiço de proteção ou algo mais sinistro eles não sabiam dizer...

Então Rony apareceu. Segurou o braço livre de Hermione, e Harry sentiu-a girar no mesmo lugar; visão e audição se extinguiram quando ele foi engolido pela escuridão; sua única sensação era a mão de Hermione ao ser comprimido no espaço e no tempo, distanciando-se d'A Toca, distanciando-se dos Comensais da Morte que desciam, talvez do próprio Voldemort...

— Onde estamos? — perguntou a voz de Rony.

Harry abriu os olhos. Por um momento pensou nem ter deixado o local do casamento: continuavam cercados de pessoas.

— Rua Tottenham Court — ofegou Hermione. — Ande, apenas ande, precisamos encontrar um lugar para você se trocar.

— É uma rua trouxa no centro de Londres — falou Lily aliviada.

Harry obedeceu. Eles meio que andavam, meio que corriam pela larga rua escura, apinhada de gente que se divertia na noite, ladeada por lojas fechadas, as estrelas brilhando lá no alto. Um ônibus de dois andares passou, barulhento, e um alegre grupo de boêmios ficou olhando das janelas para eles; Harry e Rony ainda usavam vestes a rigor.

— Hermione, não temos roupas para trocar — comentou Rony, quando uma jovem caiu na risada ao vê-los.

— Por que não verifiquei se tinha trazido comigo a Capa da Invisibilidade? — perguntou Harry, xingando mentalmente a própria burrice. — Carreguei-a durante todo o ano passado e...

Os marotos não puderam deixar de concordar com a burrice de Harry. Não conseguiam imaginar como que o garoto tinha uma facilidade enorme de esquecer da existência da capa.

— Tudo bem, eu trouxe a capa, trouxe roupas para vocês dois — disse Hermione. — Tentem apenas agir com naturalidade até... Aqui vai dar.

Ela os levou a uma rua lateral, e dali ao refúgio de uma travessa escura.

— Quando você diz que trouxe a capa e as roupas... — Harry começou a dizer, franzindo a testa para a amiga, que não levava nada nas mãos, exceto a bolsinha de contas, em cujo interior ela agora remexia.

Reescrevendo o futuro {hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora