A vingança do duende

901 57 44
                                    

Sirius pegou o livro da mão do amigo e anunciou o próximo capítulo.

A vingança do duende.

Cedo na manhã seguinte, antes que os outros acordassem, Harry deixou a barraca em busca da árvore mais antiga e de aparência mais nodosa e elástica que pudesse encontrar. Ali, à sua sombra, ele enterrou o olho de Olho-Tonto Moody e marcou o local gravando, com a sua varinha, uma pequena cruz na casca. Não era muita coisa, mas Harry sentiu que Olho-Tonto teria preferido isso a ficar engastado na porta de Dolores Umbridge. Voltou, então, à barraca e esperou os outros acordarem para discutir o que fariam a seguir.

Todos ali apreciaram a ação do garoto. Mesmo sendo pouca coisa para o auror, era bem melhor do que uma porta.

Harry e Hermione acharam que era melhor não pararem em lugar algum muito tempo, e Rony concordou, com a única ressalva de que o próximo deslocamento os deixasse próximos a um sanduíche de bacon. Hermione desfez, portanto, os feitiços que lançara sobre a clareira, enquanto os dois amigos apagavam todas as marcas e impressões no solo que pudessem indicar que haviam acampado ali. Em seguida, desaparataram para a periferia de uma pequena cidade comercial.

Depois de armarem a barraca ao abrigo de um pequeno arvoredo que cercaram com feitiços defensivos, Harry arriscou uma surtida sob a Capa da Invisibilidade para procurar alimentos. Sua tentativa, porém, não saiu conforme planejara. Mal acabara de entrar na cidade quando um frio anormal, uma névoa baixa e um repentino escurecimento do céu o fizeram estacar, congelado.

— Já era de se esperar que quando Voldemort estivesse no poder, os dementadores estariam soltos nas ruas — falou Remus.

— Mas você sabe conjurar um Patrono genial! — protestou Rony, quando Harry voltou à barraca de mãos vazias, sem fôlego, dizendo uma única palavra: "dementadores".

— Não consegui... produzir um — arquejou, comprimindo uma pontada no lado do corpo. — Não quis... aparecer.

Todos ficaram preocupados com Harry, o garoto sabia muito bem conjurar um patrono. Se perguntavam o que havia causado para ele não conseguir.

— Tire o medalhão — falou Snape chamando a atenção de todos — O medalhão é uma alma de Voldemort, o Potter não vai conseguir conjurar um patrono se estiver carregando um objeto com magia negra!

As expressões de pesar e desapontamento dos amigos deixaram-no envergonhado. Fora uma experiência aterrorizante ver ao longe os dementadores deslizando da névoa, e compreender, quando o frio paralisante obstruiu os seus pulmões e gritos distantes encheram seus ouvidos, que ele não ia conseguir se proteger. Harry precisou de toda a sua força de vontade para se despregar do chão e correr, deixando os dementadores sem olhos se deslocarem entre os trouxas que talvez não os vissem, mas que, certamente, sentiriam o desespero que eles lançavam por onde quer que passassem.

— Continuamos, então, sem comida.

— Cala a boca, Rony — cortou-o Hermione. — Harry, que aconteceu? Por que acha que não conseguiu conjurar o seu Patrono? Ontem você fez isso perfeitamente!

— Não sei.

Harry afundou-se em uma das velhas poltronas de Perkins, sentindo-se, a cada momento, mais humilhado. Receava que alguma coisa tivesse desabilitado dentro dele. O dia de ontem parecia ter sido muitos séculos atrás: hoje, sentia-se novamente com treze anos, o único garoto que desmaiara no Expresso de Hogwarts.

Rony chutou o pé de uma cadeira.

— Quê? — rosnou para Hermione. — Estou morrendo de fome! Depois que quase morri de tanto sangrar, só comi uns dois cogumelos!

Reescrevendo o futuro {hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora