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- eu preciso mesmo ir? Não quero ficar sozinha na casa de um estranho- Peço quase ao choro

- Amor, você sabe que tem que ir.... eu iria se pudesse- Minha mãe responde com lágrimas nos olhos - E ele não é um estranho, quando eu era mais nova também houve uma guerra e minha mãe me mandou pra lá assim como estou fazendo com você. O professor é um ótimo senhor e além do mais, lá existem diversas aventuras que estão a esperando- Ela finaliza enquanto passava as mãos em meus cabelos negros e levemente cacheados

- Que aventuras?- Pergunto empolgada

- Bom... isso você vai descobrir sozinha oras, só não se esqueça de ter coragem e ser bondosa- Minha mãe diz e me deixa um beijo na testa, logo em seguida ela me etiqueta e me empurra para dentro do trem.

Me despeço na janela e saio a procura de um lugar pra sentar. Abro a primeira cabine que encontro, lá dentro ja haviam 4 pessoas, dois meninos e duas meninas.

-err... se importam? o resto do trem está cheio- Digo com um sorrisinho amarelo

- Claro! digo, sim fique a vontade- Um garoto loiro, aparentemente o mais velho, diz empolgado e logo se corrige
fazendo as duas meninas darem uma risada fraca, faço uma careta de frustração, sou tão patética ao ponto de rirem de mim ? Sério? entro na cabine e faço força para colocar minha única mala no compartimento acima de minha cabeça, mas é em vão pois o peso era um pouco demais pro meu corpinho magrelo 

- Eu ajudo- O loiro se pronuncia novamente levantado e se posicionando ao meu lado, com apenas uma mão ele coloca a mala no desejado lugar com uma facilidade absurda, solto um suspiro frustado novamente, otimo agora sou vista como patética e fraca. - Eu sou Pedro- o mais velho se apresenta finalmente-aqueles são  Lúcia, Susana e Edmundo-  Todos sorriem, porém o tal de Edmundo deu um sorriso tão falso que chegou a doer, reviro os olhos, afinal ninguém é obrigado a gostar de ninguém né? 

- Anya, Anya Stuart- Digo com um sorriso sincero

- Seu nome é lindo- Lucia, a menor comenta 

- O seu também, senhorita Lucia- Respondo brincando e vejo a pequena soltar um " puxa ela me chamou de senhorita!" para Susana que gargalha.

Senti o olhar do mais velho sobre mim, mas resolvi ignorar.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-

- PEVENSIE E STUART-  O guarda do trem grita ao chegar na provavelmente última estação, então me levanto e reparo que os irmãos fazem o mesmo, será que ficaremos no mesmo lugar ?

-ahn... Vocês vão para casa do Professor?- Pergunto enquanto dobrava as mangas da minha blusa, tinha ficado calo aqui

-Sim, mas como soube?- Susana responde pegando sua mala e passando por mim

- Bom, eu vou pra lá também- Digo sorrindo, afinal de contas eu não estaria sozinha

- Ah que ótimo, como se não bastasse ter que aturar o Pedro mandão, agora vou ter que aturar um Pedro mandão e apaixonado- Edmundo comenta com certa raiva e é respondido por uma cotovelada de seu irmão e rapidamente o mesmo calou a boca, olho para Lúcia confusa e a mesma apenas sai correndo da cabine, deixando apenas eu e Pedro.

Que ótimo, momento desconfortável que ninguém fala nada

- Você pode me ajudar com a mala?- peço baixo sem o olhar nos olhos

-ah claro- Pedro diz com um sorriso e rapidamente puxa a pequena bolsa e estende para mim - Olha o Edmundo é um idiota, não liga pra ele- 

Solto uma risada, mas não era de felicidade, era de pânico. Pedro estava perto, estava muito perto, seus olhos esverdeados encaravam o fundo da minha alma. E puxa, ele  era bonito, como eu não reparei antes?

Descemos do Trem sem trocar mais nenhuma palavra. a estação estava vazia, os Pevensie  estavam sentados em um único banco. Eu e Lucia conversávamos animadamente sobre histórias encantadas, princesas, reis e rainhas até que Edmundo resmunga novamente:

- acho que se esqueceram de nós

- Não esqueceram não, só devem ter se atrasado- Susana rebate

- qualquer coisa vamos andando- Pedro diz

- Não vamos não, to cansada- Lucia se intromete

- a gente nem sabe como chegar lá- digo dando de ombros e assim que acabo a frase uma charrete se aproxima, a mulher que a guiava nos encarou firmemente e disse:

- Qual de vocês três é a filha de Amybeth Stuart?

levo a mão discretamente

- A semelhança.... como não percebi antes... Você tem os olhos de sua mãe- ela termina - Os Pevensie estão esperando o que para subir na charrete?- 

Rapidamente todos começam a se ajustar para sentar na mesma.

*-*-*-*-**-*-*-*-*-*-*-*-*-**-*

- Não toquem em nada, não perambulem por ai, não atrapalhem o  professor em hipótese alguma e não se metam no horário de visitas - Dona Martha comunica estritamente para nós que apenas concordávamos - Os quartos estao naquele corredor a esquerda- e era verdade, mas haviam apenas dois quartos, então ficou um para as meninas e um para os meninos e eles eram enormes então não ficaríamos espremidinhas

- Sabe... o Pedro é um cara legal- Lúcia diz enquanto abria a mala em sua cama

-É mesmo, eu acho- Respondo confusa porém com um sorriso 

- Ele é bonito não acha?

- acho que sim...

- Lúcia não perturbe a Anya- Susana se mete no assunto

- Ela não me perturba em nada- respondo fazendo um carinho na cabeça da mais nova que sorri animada em resposta. Colocamos nossos pijamas e fomos pro quarto dos meninos, sentamos em suas camas e ficamos conversando sobre nossas vidas, aventuras que haviamos vivido e brigas que os meninos haviam se metido, assim como meu pai, o deles estava na guerra. Edmundo evidentemente era o mais apegado ao pai, pois assim que tocamos no assunto, a saudade transpareceu em seu rosto.

Passos se aproximaram no corredor 

- Oh Não! Dona Martha vai matar a gente- Digo me levantando rapidamente, seguro Lúcia pela mão e Susana percebe que teríamos que correr - Tchau meninos-

Corremos pelo corredor até a sombra dela aparecer

- vamos nos esconder, depois vamos nos encontrar no quarto- Susana diz já se enfiando em um baú, puxo Lúcia para a primeira porta que encontro. Caímos dentro de uma sala que, se não fosse por algo enorme escondido embaixo de um pano, estaria vazia.

Me aproximo e passo a mão no pano, olho para a caçula como se estivesse pedindo permissão para arrancá-lo e a mesma concorda apreensiva, puxo-o e um enorme guarda roupas de madeira

os passos se aproximam perigosamente, então abro a porta de madeira e faço sinal pra Lúcia entrar. Os casacos estavam me sufocando, então começo a dar passos para trás até cair de bunda em algo fofinho e gelado. Espera.... neve?

Logo sou seguida pela pequena

- onde estamos?- ela pergunta olhando para um único lampião estendido em um poste no meio do nada

- Eu também gostaria de saber... Lúcia vamos voltar- Respondo com medo, ela concorda com a cabeça e entramos no guarda-roupa de novo e saímos na mesma sala, não ouvíamos mais os passos então decido que era seguro para nós, corremos de volta pro quarto decididas a contar sobre o lampião, mas só amanhã. 


The Lost Crown- Pedro PevensieOnde histórias criam vida. Descubra agora