Belas flores também possuem espinhos

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Jimin já podia sentir as lágrimas brotando por seus olhos e caindo mais uma vez enquanto observava Taehyung dormir serenamente ao seu lado. Como podia achar que aquele relacionamento era saudável depois de mais uma vez negar os toques do mais novo e ainda assim se ver obrigado a permitir que ele fizesse o que bem entendesse?

Levantou-se da cama e andou até o banheiro, decidindo que tomaria um breve banho para ver se isso melhorava seu astral e também a sua aparência deveras devastada. Não é como se Taehyung tivesse abusado de si, Jimin permitiu que ele o tocasse, mas isso não mudava o fato de ter negado algumas vezes antes de ceder.

Na verdade, Jimin era o único que não via o relacionamento abusivo em que vivia.

Jimin acordou em um sobressalto, forçando sua mente a lembrar de mais daquela noite, pois os pequenos trechos que lhe vinham eram embaçados e poucos demais para que pudesse encaixar tudo com clareza. Então, uma forte tontura o pegou ao mesmo tempo em que seus pensamentos pareceram girar junto a si.

— Jungkookie, por que o amor é tão complicado? Por que o amor dói tanto?

— Dói me amar? — Jungkook rebateu com outra pergunta no telefone, e Jimin não teve opção a não ser prontamente negar. — Então talvez você não esteja sentindo amor, meu pequeno. O que vocês tinham já foi bonito ou saudável, mas agora ele te machuca e você insiste em achar normal. Jimin... Taehyung te obriga a alguma coisa?

— C-claro que não. — Jimin se olhou no espelho, deparando-se com marcas arroxeadas a uma bem vermelha em seu peito. — Ele não me obriga a nada.

Eu que sou idiota e faço tudo que ele quer, pensou.

Jimin começou a chorar assim que mais uma lembrança lhe veio em mente. E então sua cabeça começou a doer, girar, deixá-lo trêmulo e sem saber o que fazer. Era quase quatro horas da manhã, então ligar para seu fiel escudeiro sequer era uma opção agora. Já estava ocupando muito do tempo de Jungkook, não seria capa de acordá-lo mais uma vez para chorar em seus ouvidos.

Precisaria encarar aquilo sozinho, mesmo sendo difícil e doloroso.

Quando a manhã chegou, Jimin se arrumou em modo automático, tomando um banho e vestindo roupas que pensava fazerem sentido para trabalhar. A verdade é que estava nervoso, contudo sabia que seu melhor amigo estaria do seu lado e isso o fazia temer um pouco menos. Pouco, mas menos ainda assim.

Não conseguiu ingerir qualquer alimento que fosse, nem mesmo um café, e saiu de casa sem nem mesmo despedir-se de seu marido. Sendo honesto, apenas olhar para o Kim já tinha sido o suficiente para lhe causar arrepios de nervosismo.

Jungkook chegou cedo para buscá-lo, Jimin já estava pronto lhe aguardando e apenas por vê-lo já sentia-se um tanto melhor. Agora sim, podia começar seu dia da melhor maneira possível. Os dois sorriram na direção um do outro e logo já estavam a caminho da pequena empresa da qual eram donos.

— Está um pouco inquieto. Está tudo bem? — Jungkook, como sempre, demonstrou sua total preocupação, ouvindo um suspiro escapar do menor. — Só por esse suspiro eu já sei que não.

Jungkook o conhecia bem, no momento atual conhecia até mesmo mais que o próprio Park, e ao mesmo tempo que isso lhe trazia segurança também era possível de lhe deixar todo perdido sem saber como agir, o que falar, o que fazer, o que pensar até mesmo.

Respirou fundo, lembrando das memórias que o atingiram, elas estavam cada vez mais frequentes.

— Eu estou lembrando aos poucos e isso vem me assustado, porque... aquela aparência dele só mostra que até as mais belas flores possuem espinhos. — Praticamente sussurrou, olhando para frente sem conseguir fitar Jungkook. — Jungkookie, eu... nós podemos falar sobre outra coisa? Eu não quero pensar nele.

Heartbeat | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora