Eu precisava dela aqui! Comigo.
Ouvimos um barulho de um tosse forçada vindo da porta, claramente para chamar nossa atenção.
O constrangimento envolve meu corpo, me deixando quase sem coragem de virar para ver quem era.
A enfermeira estava com um prontuário na porta, e com sua mão na cintura, essa cena não podia ser mais vergonhosa.
- Vênus? Onde está sua mãe? - a pergunta aparece, ignorando tudo o que havia acontecido.
- ela deu uma saída...
- ah sim, vim falar que você recebeu alta, mas preciso de sua mãe para assinar umas coisas... Porém você já pode ir se trocando.
- certo! Muito obrigada. - solto um sorriso simpático.
A enfermeira retribui, e vem até mim para poder tirar o acesso do meu braço.
Finalmente poderia ir para casa, finalmente tudo poderia dar certo agora?
- sua roupa está naquele armário, pode já pegar... Vou procurar sua mãe. - ela conclui sua frase, enquanto cola um band-aid para fechar o pequeno furo em meu braço.
Após a loira sair da sala, caímos em uma crise de riso, uma que não era igual as outras.
Era diferente, sentia isso diferente... Mas dessa vez era bom.
Ela tinha certeza, eu tinha certeza, agora sim eu estava feliz.* * *
- vamos para casa? Está pronta? - minha mãe coloca sua bolsa sobre o ombro.
Dou uma última olhada no quarto, e mais uma vez... Ele continua o mesmo, o cheiro neutro, mas também acompanhado de perfume.
Estava deixando a cama, com a pequena poltrona do lado, que não iria sentir saudades.- Lorane, você ligaria se eu desse uma roubada nela? Quer dizer antes de vocês voltarem para casa? - Cassie se pronuncia, me fazendo arregalar os olhos, o que ela tinha em mente?
- não vai adiantar se eu dizer não né? - minha mãe comenta, e da uma risadinha.
- obrigada, vamos vee. - ela retribui o sorriso, e pega na minha mão.
Falando sério, eu nunca vou me acostumar com esse choque, essa sensação que me invade.
- para onde você esta me sequestrando? - a interrogo, e encaro em seus olhos, seus olhos castanhos escuros.
- se eu te dizer, não vai ter graça a surpresa. - a morena me solta uma piscade-la, e saímos de lá, sem soltar a mão nenhum segundo.
Na rua os olhares eram direcionados as duas, nós duas se assumindo. Vários julgamentos não pronunciados.
Mulheres não podem ficar juntas? Quem disse isso? Quem disse que a felicidade tem que vir sempre de um casal hetero.- devem estar todos com inveja, bando de bichas enrustidas. - Cassie complementa meu pensamento com uma piada, fazendo dar uma risada alta.
Na real nunca me senti tão bem ao lado da mesma.
CASSIE
Em instantes, eu havia virado o jogo... De uma garota com medo de o que os outros falariam, a uma pessoa que só quer feliz.
Sei que vou enfrentar muitas coisas ainda, muitos preconceitos... Mas quem se importa, melhor do que viver a mentira para agradar os outros.
- vêm, estamos chegando. - explico, e a encaro, seus olhos cheios de dúvida.
Era uma surpresa onde eu estava levando ela, uma surpresa boa.
- esta me sequestrando para a praça, no final da nossa rua?- ela pergunta com um certo humor, e seu sorriso se abre. Seus dentes um pouco grandes, um charme que a destacava.
Olho em volta da pequena praça, não tinha muitas coisas, apenas um parque e umas árvores.
Parece até sem sentido estarmos aqui.- Não é apenas uma praça! - exclamo, e puxo a mesma até uma grande árvore do centro da praça.
A grande árvore, nossa grande árvore.
- vínhamos aqui quando pequenas. - sua mão toca no tronco da árvore, deslizando até um coração com letras gravadas, nossas letras gravadas.
As letras da primeira vez juntas, de quando nos conhecemos.
- nos conhecemos aqui, a 10 anos atrás.
- sim, a vadia da Rilley havia me empurrado, e eu estava em prantos. - suas costas se jogam contra a arvore, e seu olhar percorre o ambiente.
**Flash back**
Eu sempre estava em meu pequeno mundo, com meus brinquedos sozinha... Algo que não me importava muito.
Até que algo me chamou atenção, aquela menina atrás da grande árvore encolhida, chorando.
Vee nunca se dava com outras meninas, elas a empurravam ou a insultavam... E o fato dela se mostrar incomodada dava pilha para continuar.
E sinceramente, não sei de onde a ideia veio da minha cabeça de me aproximar... Mas nunca me arrependi, talvez a melhor decisão.
Ela estava deprimida, com medo... E minha primeira ação foi fazer a mesma sorrir, seus olhos parando de ficar marejados, e um sorriso surgindo.
Uma amizade que duraria tantos anos, começando em uma piada de um garoto da nossa turma que comia terra.
**Flash back**
- aqui foi um começo, e queria que tivéssemos outro começo, sabe? Ter algo contigo. - sim, era cedo... Mas acho que não tinha mais por que enrolar, já nos conhecíamos até demais.
- está querendo oficializar nosso lance, uau. - e mais uma vez, seu sorriso me faz esquecer o que tinha a dizer.
- quero fazer isso durar. - pego no meu bolso dois anéis que tinha comprado antes de ir ao hospital.
Não era algo de diamantes, ou ouro, algo simples.
- aneis de coco, sério Cassie?? - Ela começa a rir. - quer deixar claro mesmo que somos gays.
- nós já éramos, praticamente não mudou nada, certo? - me aproximo dela, e coloco seu cabelo atrás da orelha. - aceita?
Sua boca chega perto da minha, a uma distância que a única coisa que sentíamos era a respiração de ambas, meu coração parecia vir na boca.
Sabendo que nossas vidas iriam mudar a partir dessa resposta.- aceito com uma condição. - ela dirige sua mão até meu pescoço, e aperta de leve. - que eu seja a ativa.
Solto um suspiro, e seguro a mão da mesma, acariciando.
- você ativa vee? Sério? No primeiro beijo no seu pescoço você já automaticamente fica imóvel.
- eiii!!!! Não é assim. - ela tira a mão de meu pescoço e encara o chão envergonhada. - você me pegou desprevenida.
- uma pena né. - solto uma risada, e levanto o rosto da mesma, fazendo voltarmos a nós encarar.
- cara, eu penso que toda vez eu nunca te desejei tanto, mas sempre desejo. - nossos rostos se aproximam mais. - sim.
- sim? - pergunto, e logo arregalo meus olhos. -Sim!!!!
- sim, sim, sim. - suas mãos puxam meu rosto para um beijo, nosso primeiro beijo oficialmente juntas, nosso primeiro de muitos.
Nada em volta parecia fazer diferença agora, parecia só haver nós duas, nossas línguas em perfeita sincronia, nossas mãos explorando lugares incríveis.
Finalmente eu podia dizer com toda certeza, eu amo uma garota!
Fim
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RomanceEu não sei como foi chegar a esse ponto.. não sei como me deixei envolver tanto assim... Não pude evitar.. Só aconteceu. E unico culpado disso.. Foi o sorriso dela, que tirou a graça de todos os outros. Foi seu jeito, de mesmo quando tudo estava dan...