Primeiro encontro

212 18 17
                                    

Scorpius acordou cansado no dia seguinte, não cansado fisicamente, mas mentalmente. Estava cansado das conversas de seus melhores amigos, todas envolviam alguma piada machista, cansado de ter se enfiado em uma aposta ridícula que agora se arrependia de ter criado. Cansado do jeito de Rose, parecia que ela era mais espinhenta de perto que longe. Achou que podia amolecer o coração dela com tudo que fizera no dia anterior, mas pelo que percebeu nunca era suficiente. Estava cansado. Talvez a ignorância fosse uma benção porque antes de ouvir Rose e conhecer todos os motivos dela a sua vida era muito fácil. Mas agora era tarde demais.

― Ei Scorpius, posso participar do seu grupo? – era uma garota bonita que falava com ele no café da manhã. Era loira com um corpo modelado, na certa não se encaixava no perfil que Rose queria para essas reuniões.

― Pode – respondeu simplesmente e olhou para sua tigela do café.

A garota ficou sem graça pela reação dele e resolveu ir embora.

Rose viu o sonserino de longe cabisbaixo. Começou a andar em direção a ele.

― Rose eu estarei lá nessa reunião – era uma garota negra lhe dizendo.

― Vou dar uma passada na primeira reunião para ver se são o que acho que são – desta vez uma garota acima do peso lhe dirigiu a palavra.

― Posso levar meu namorado? – era um garoto lufano lhe perguntando.

Estava atingindo quem queria atingir, as minorias que precisavam ter voz naquele castelo. Quando finalmente chegou perto de Scorpius se sentia leve e feliz, pela primeira vez naquele ano achou que as coisas estavam começando a dar certo.

― Vai dar tudo certo – comentou para o suposto namorado – Várias pessoas já vieram falar para mim que vão aparecer na reunião.

Ele olhou chateado para ela e deu de ombros.

― Preciso fazer uma pauta dos assuntos que vamos tratar nesse primeiro encontro.

Ele entregou um falso sorriso para ela e voltou a olhar sua tigela.

― Quero que todos tenham voz, que exponham seu lado e seu lugar de fala naquilo que vivem diariamente.

Ele concordou com a cabeça ainda olhando a tigela. Rose reparou no silêncio do rapaz e estranhou.

― O que há com você? – perguntou brava.

Ele sacudiu a cabeça negativamente ainda não a encarando.

― Estou tão feliz achando que finalmente terei forças e voz nessa escola e você está parecendo um morto-vivo.

― Talvez eu seja assim mesmo, um morto-vivo que não tem utilidade nenhuma e que quando faço alguma coisa, dando o máximo de mim, não é suficiente. Já que faria muito melhor – desabafou levantando da mesa.

Rose abriu a boca abalada pelas palavras dele, mas não conseguiu dizer nada.

― Nossas primeiras aulas são diferentes hoje eu... – ele apontou para a porta do grande salão e saiu de perto dela andando cabisbaixo.

 A garota pensou consigo o que teria feito de tão errado. Será que ele esperava uma palavra de agradecimento dela? Ou apenas ser menos espinhenta, como diziam que ela era por aí.

A rosa indomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora