O peso de uma família

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P.O.V Sasuke Uchiha

Esse ano tinha tudo para dar certo. Meu pai não estava pegando tanto no meu pé, consegui ser o capitão do time de basquete novamente e minha perna tinha finalmente se curado cem por cento. Estava tudo indo bem, até que eu esbarrei em uma criatura loira de olhos azuis e que nesse exato momento estava imobilizado em baixo de mim. Naruto tremia levemente pelo medo que estava sentindo, gatinho medroso.

Minha vida virou de cabeça pra baixo desde que esse loiro maluco apareceu. Meu lugar preferido foi descoberto por ele, meu protagonismo no time foi derrubado por ele e por ter o ajudado na festa acabei me atrasando e levando um baita sermão do meu pai. As regras na minha casa sempre foram muito rígidas, e tudo piorou quando minha mãe morreu. Mikoto Uchiha era a única luz daquele inferno de lugar, era uma mulher gentil e carinhosa que foi levada pelo câncer.

Nunca tive uma relação muito boa com meu pai, ele sempre dava mais atenção para Itachi, meu irmão mais velho e perfeito, e me deixava em segundo plano. Depois que Itachi resolveu não seguir os negócios da família, a pressão e a cobrança caíram sobre meus ombros como pedras. Falhar não era opção e Fugaku Uchiha não era uma pessoa muito persuasiva. Ele sempre me punia quando eu falhava ou quando não seguia suas regras rigorosas.

Ano passado consegui as melhores notas da escola e fui muito elogiado pelos professores. Pela primeira vez na vida fui elogiado pelo patriarca da casa, mas isso tudo foi para o ralo no dia em que resolvi ajudar o Uzumaki na festa. Além de ter voltado mais do que deveria, ter carregado aquele perdedor no colo fez com que seu cheiro de álcool ficasse impregnado em minhas roupas. Quando Fugaku sentiu meu cheiro, as coisas ficaram no mínimos ruins. Rendeu-me várias roxos em minhas costas.

Nunca na minha vida pensei que atravessaria o colégio só de toalha, é maravilhoso como a vida pode te surpreender. Tive sorte que a maioria dos alunos já estavam em seus dormitórios, passar pelo prédio central foi moleza, o problema foi quando cheguei nos quartos. Não consegui fugir de alguns alunos o que rendeu várias fotos para Konoha News. Que se dane. Agora as pessoas vão poder ver o que é realmente uma pessoa gostosa. Chego no quarto e percebo que ele tinha deixado minhas coisas em frente à minha porta. Nossa quanta gentileza da parte dele. Começo a me trocar rapidamente para encontrar aquele infeliz.

Tenho uma ótimo surpresa ao ver da minha janela o loiro maldito passar distraidamente olhando como um idiota a natureza. Saio do jeito que estava e corro bem rápido para alcançá-lo. Que idiota, não deveria ter passado por aqui tão cedo. Como ele estava de costas não foi difícil surpreendê-lo e derrubá-lo no chão. Coloco seus braços acima de sua cabeça rapidamente e o imobilizo com minhas pernas. Tenho que admitir, ele fica muito bem nessa posição, mas agora não era hora de pensar nisso.

- Você está muito ferrado, Naruto Uzumaki – abro um sorriso ao ver o desespero tomar conta de seu rosto. Ele se remexe tentando inutilmente se soltar de mim. Coitado, aprendi técnicas de imobilização com professores particulares de artes marciais que meu pai contratou para mim.

- Me solta Sasuke! – grita puxando os braços e eu apenas aperto com mais força seus pulsos. Seu rosto fico vermelho pela força exercida e depois para de se mexer conformado com a derrotado – Ainda da tempo de negociar? – fala e pisca para mim. Que cara de pau.

- Claro que tem – falo irônico e ele abre um sorriso sem perceber minha ironia – A gente pode negociar em qual lugar eu vou bater primeiro – dou uma risada irônica e ele fecha cara irritado.

Vai ser uma pena estragar esse rostinho bonito, mas foi ele que pediu por isso. Naruto olha para os lados tentando achar alguma forma de escapar, pode tentar o quanto você quiser não vai fugir de mim. Um brilho passa por seus olhos, como se tivesse pensado em alguma coisa, e sorri de canto. Fecho minha mão em um punho antes que ele possa fazer alguma, mas minha pele não chega a tocar a sua. Antes que eu percebesse, Naruto tinha dado um impulso para frente e selado nossos lábios em um beijo.

Arregalo os olhos surpreso e por impulso solto seus pulsos deixando-o livre de mim. O loiro separa nossos lábios e me empurra de cima si. Caio para trás batendo as costas levemente na grama. Naruto aproveita que eu ainda estava um pouco desnorteado e sai correndo até os dormitórios. Aperto as mãos com raiva e corro atrás dele.

- Naruto, seu desgraçado! Volta aqui! – grito e ele dá risada alta. Não acredito que eu caí em uma coisa dessa! Esse idiota me paga, e tenho uma ótima ideia de revanche.

- Vai sonhando Uchiha! – ele vira para outro corredor e quase cai no processo apoiando a mão no chão e voltando a correr.

As pessoas a nossa volta nos olham assustadas e abrem passagem à medida em que avançávamos no corredor. Os botões da minha blusa se abrem e fico com tronco completamente a mostra. Noto os olhares das garotas em mim e meu ego se infla. Mantenho o foco e volto a prestar atenção na figura a minha que corria desesperadamente. Aonde ele está indo? Estamos no corredor dos quartos que tinham números maiores que vinte, então acho que está tentando fugir para seu quarto. A porta de número vinte e um se abre e Kiba sai por ela nos olhando confuso.

- Naruto, o que está acontecen– não consegue terminar de falar sendo interrompido pelo loiro.

- Agora não Kiba! Depois a gente se fala! – grita correndo ainda mais rápido. Maldição! Como ele consegue correr tão rápido?

A vantagem sobre mim é suficiente para que consiga destrancar a porta e entrar logo em seguida. Seguro a maceta e tento abrir em vão a porta, ele já tinha conseguido trancá-la. Ouço uma risada do outro lado e chuto a madeira irritado.

- Abre essa merda! – chuto a porta de novo e ele ri ainda mais alto.

- Você acha mesmo que eu vou abrir a porta só pra você poder me bater? Acho que você é mais idiota que eu Sasuke – eu vou matar esse desgraçado – Vai embora e desfrute da lembrança do meu beijo, porque é só na lembrança que você vai ter de novo – isso é o que nós vamos ver.

Olho em volta e percebo que essa área dos dormitórios era cercada de árvores, espero que um delas dê para a janela desse infeliz. Vou para o lado de fora e procuro a janela do loiro irritante. Bingo. Havia uma árvore bem alta que ficava bem próxima de seu quarto, a planta tinha vários galhos e eram perfeitos para escalar. Calculo o melhor caminho para subir e vejo se sua janela estava aberta. A sorte estava ao me lado, o idiota tinha a deixado aberta e sorrio com isso. Grande erro Uzumaki, grande erro.

Fecho os botões da minha camisa e começo a subir a árvore cuidadosamente fazendo o mínimo de barulho possível , se ele me ouvisse todo meu plano iria por água a baixo. Minha camisa branca estava levemente suja de terra, não dou importância, vai valer a pena no final. Consigo chegar lá em cima sem nenhum problema e espio pela janela para ver onde ele estava no quarto. Encontro-o deitado na cama com fones de ouvido e com os olhos fechados. Ele havia tirado a camisa ficando apenas com uma bermuda.

Aproximo-me dele bem devagar e prendo-o na mesma posição de antes. Naruto levanta assustado e o pressiono com mais força contra a cama o mantendo parado. Seguro seus pulsos com uma mão e com a outra tiro seus fones de seus ouvidos. O melhor de tudo isso era sua cara, estava uma mistura de medo e espanto. Estou me deliciando com sua expressão.

- Como você conseguir entrar aqui?! – pergunta gritando despertado se contorcendo embaixo de mim tentando me chutar.

- Entrei aqui por um portal mágico chamado janela – falo irônico apontando para a janela escancarada e ele a olha confuso tentando entender como eu consegui subir – Tem uma árvore que está convenientemente perto do seu quarto.

- Você é maluco! – grita olhando para mim com os olhos arregalados – Faz o que você tem que fazer logo e se manda – seus olhos não transmitiam mais medo e estavam irritantemente confiantes. Acabo tendo uma ideia melhor do que batê-lo.

- Se é o que você quer – falo e ele fecha os olhos esperando meu soco. Em vez de socá-lo inclino-me para frente e selo nossos lábios.

Naruto ofega surpresa durante o beijo e forço mais minha boca contra a sua. Peço passagem com a língua e ele cede meio relutante no início. Seus braços param de fazer força para se soltar e solto seus pulsos dando -lhe liberdade para fazer o que quiser. Rio internamente ao sentir seus braços rodearem meu pescoço ao invés de me empurrarem, ele estava completamente entregue a mim. Quando nosso beijo estava começando a ficar mais intenso, eu interrompo o contato de nossos bocas e ele me olha confuso e levemente irritado. Seu rosto estava vermelho e seu respiração desregulada, era uma ótima visão.

- Por que parou? – pergunta ainda meio aéreo.  Não o respondo e saio de cima dele levantando da cama. Naruto levanta apoiando as mãos no colchão macio.

- Por que? Queria mais loirinho? – dou um sorriso sacana e ele fica vermelho, mas agora de vergonha – Uma pena, porque pelo que eu me lembre você mandou eu me mandar. Fique aí e desfrute da lembrança do meu beijo – repito suas palavras.

O loiro me olha inconformado e saio do quarto antes que ele fale alguma coisa. No corredor consigo ouvir ele gritar meu nome bem alto e dou risada, isso foi melhor do que eu esperava. Ando até meu dormitório pensando em tudo que aconteceu, em pouco tempo eu andei só de toalha pela escola, recebi um beijo do Naruto, corri atrás dele que nem um idiota e escalei uma árvore só para beijá-lo e depois humilhá-lo. Preciso de um descanso, meu corpo está completamente exausto e não é só por causa do treino.

Passo a língua na meus lábios, ainda dava para sentir o gosto loiro na minha boca. Sinceramente, eu teria continuado o beijo. A boca dele era macia e ele beijava muito bem. Não esperava que ele fosse retribuir, nunca pensei que beijaria um homem e ainda mais eu. Sorrio lembrando de que o loiro queria continuar o beijo tanto quanto eu, Naruto Uzumaki você sempre me impressiona. Encontro Suigetsu encostado na porta do meu quarto de número vinte e dois.

- Meu Deus! Sasuke Uchiha está sorrindo que nem um bobo alegre, será o fim do mundo meu senhor? – joga os braços para cima como se estivesse pedindo um milagre. Toda minha animação vai embora e fecho a cara.

- Para de ser idiota Suigetsu, eu não estava sorrindo – nego e ele dá risada.

- É claro Sasuke, eu estava vendo coisas – fala sarcástico me irritando ainda mais. Em ser irritante, o Suigetsu só não ganha do Naruto – Mas fala aí, por que você está tão feliz?

- Eu não estou feliz, e mesmo se estivesse não seria da sua conta – dou-lhe uma resposta atravessada e ele levanta as mãos em rendição.

- Tá bom, tá bom não precisa me contar o motivo da sua felicidade – idiota – Mas poderia pelo menos me contar por que você estava andando por ai só de toalha? – suspiro, ele com certeza vai rir da minha cara.

- O Naruto levou minha roupas quando está tomando banho nos vestiários – falo e espero as risadas que não demoram a vir.

- Eu não acredito! O Naruto é melhor do que eu pensei – estou me segurando para não meter um soco na cara desse infeliz – Quem diria que alguém teria coragem o suficiente para enfrentar o grande Sasuke Uchiha.

- Não enche! – falo irritado. Mas apesar de tudo, ele tinha razão. O loiro irritante foi a primeira pessoa a me desafiar – Agora sai da minha frente porque eu estou muito cansado e quero descansar.

- Cansado por causa do treino ou de ficar perseguindo o Naruto? – pergunta brincando.

- Sai – dou uma resposta simples em forma de ordem que é atendida prontamente pelo platinado.

Entro rapidamente no quarto sem dizer mais nenhuma palavra para Suigetsu. Ele já estava acostumado com o meu jeito, então nem me preocupava mais. Os quartos eram padrões para todos os alunos, mas se eles quisessem poderiam modificar algumas coisas para personalizar. No meu fiz questão de que pintassem as paredes de azul marinho, minha cor favorita. No resto do quarto, não alterei muitas coisas, apenas mudei algumas coisinhas aqui e ali.

Vou ao banheiro e tomo um banho quente. A água levava todo o suor e todo o estresse embora, sentia-me incrivelmente mais relaxa depois do banho. Coloco uma cueca vermelha e me jogo na cama, estava cansado tanto psicologicamente como fisicamente. Estava quase pegando no sono quando meu celular começa a tocar. Amaldiçoou quem quer que estivesse me ligando e levanto preguiçosamente da cama inda até a mesa onde meu celular tocava incessantemente. Todo meu sono vai embora quando vejo o nome Fugaku Uchiha na tela, peço até desculpas mentalmente por ter o amaldiçoado. Suspiro fundo e aceito sua ligação rapidamente. Regra de vida, nunca deixe o patriarca da família Uchiha esperando.

- “Sasuke, por que demorou tanto para me atender?” – oi pra você também pai.

- Desculpe pai, eu estava saindo do banho – estava aflito, toda vez que meu pai me ligava nunca era boa coisa.

- “Soube pela escola que seu time vai ter um amistoso daqui a duas semanas. Irei assistir seu jogo e portanto não ouse perder” – um pai normal estaria desejando boa sorte para o filho.

- Não vou perder – falo determinado prometendo a vitória mais para mim do que para ele. Passei grande parte da minha vida tentando agradá-lo e depois desse tempo aprendi que nunca seria bom o bastante para ele.

- “Assim espero” – encerra a ligação sem se despedir de mim. Jogo o celular na cama com força liberando toda minha raiva nele.

Jogo-me na cama e abafo um grito com o travesseiro. Agradeço muito meu pai ter me colocado em um colégio interno, sem as cobranças em cima de mim o tempo todo minha vida se tornou mais tranquila e um pouco mais feliz. A família Uchiha era uma das mais importantes e mais estimadas família do país, tínhamos grande influência dentro e até mesmo fora do país. Minha família era grande, mas eu, meu pai e Itachi fazíamos parte do ramo principal o que nos fazia donos da maior parte das ações da empresa. Ela tem sido passada de geração a geração para os filhos quem nasciam primeiro.

Itachi era a definição de gênio. Fazia tudo com perfeição desde das notas perfeita até seu grande talento no basquete. Todos se orgulhavam dele. Meu pai o olhava como eu sempre desejei que me olhasse, mas nunca recebi nem um sequer parabéns vindo dele por mais que me esforçasse muito.

Como era o cabeça da família, meu pai era uma pessoa extremamente fria e rígida. Ninguém ia contra suas ordens e todos o obedeciam sem questionar. Isso mudou a quase quatro anos atrás. Em um belo dia quando estávamos jantando em “família” meu irmão se virou para meu pai e disse que faria faculdade de medicina. Fiquei paralisado pelo choque e quieto ouvindo a fúria de meu pai com o meu irmão que aguentava firme olhando-o decidido. Depois de muita briga e discussão, meu pai finalmente desistiu, não antes de deserdar Itachi e mandá-lo embora.

Meu irmão arrumou suas coisas no mesmo dia e foi embora de cabeça erguida prometendo para mim que iria me visitar sempre que podia. Itachi não olhou uma única vez para nosso pai quando saía de casa. Fugaku não perdeu tempo depois que seu filho perfeito foi embora. Marcou uma reunião com nossos familiares e decidiram que eu deveria ser o herdeiro e o próximo dono das empresas. Na época pensei que seria uma coisa boa, eu provaria meu valor e meu pai finalmente daria atenção para mim. Mas não foi o que aconteceu.

Fugaku me matriculou em um dos melhores colégios do país, o colégio interno Konoha High School. Raiva não chegava nem perto de conseguir descrever o que eu estava sentindo. Meu pai achou a oportunidade perfeita para se livrar de mim com a desculpa de que era para o meu bem. Como se ele ligasse se eu estava bem ou não. As pessoas me olhavam impressionadas, não só pela minha beleza mas por ter o sobrenome dos Uchihas. Não foram poucas as que tentaram se aproximar de mim, todas falsas e interesseiras. Suigetsu, Karin, Juugo e Kimimaro foram os únicos que eu deixei se aproximarem.

O que eu achei que seria a pior coisa da minha vida acabou se tornando a melhor. Eu tinha amigos, era o capitão do time de basquete e um dos melhores alunos da escola. Sorrio com meus pensamentos, desde que vim aqui minha vida melhorou demais. Sinto muita falta de Itachi, ele vem me visitar às vezes quando tinha tempo, a faculdade de medicina estava praticamente sugando a vida dele.

Como tinha perdido o sono, decido ir até a sala de música escondido como sempre fazia desde de que cheguei aqui. Os professores particulares de música que meu pai contratou para mim não foram em vão. Encontrei minha paixão pela música com eles, adorava tocar e cantar. Pulo da cama animado e coloco uma calça moletom e uma blusa preta simples. Era proibido a circulação dos alunos depois das nove da noite, então eu tinha que tomar cuidado por onde devo passar. Depois de anos fazendo isso, sabia exatamente quando onde passar sem ser visto.

Cruzo corredores e corredores com apenas a luz do meu celular iluminando meu caminho. À essa hora todos já deveriam estar seus dormitórios, então é quase certeza de que ninguém estaria na sala. Chego até lá sorrateiramente e abro a porta com a chave que peguei emprestado temporiamente do zelador. Olho os instrumentos com brilho nos olhos e vou até meu instrumento preferido: o violão. Desde da primeira vez que ouvi meu professor tocar eu simplesmente me apaixonei por ele, os acordes, a melodia e o ritmo me fascinavam. Atrevo-me a dizer que gosto mais de tocar do que jogar basquete. Fugaku iria me matar se soubesse disso.

Não me preocupo em fechar a porta, ninguém iria aparecer aqui de qualquer jeito. Tiro um violão da capa e sento em uma cadeira próxima a ele. Dedilho as cordas de ferro e imediatamente me sinto mais calmo. Começo a tocar Human da Christina Perri que dizia exatamente como eu me sentia. A música falava exatamente do que eu sentia quando estava com meu pai.

I can hold my breath(Eu posso segurar minha respiração)

I can bite my tougue(Eu posso morder minha língua)

I can stay awake for days(Eu posso ficar acordado por dia)

If that's what you want(Se é isso que você quer)

Be your number one(Ser o seu número um)

I can fake a smile(Eu posso fingir um sorriso)

I can force a laugh(Eu posso forçar uma risada)

I can dance and play the part(Eu posso dançar e atuar)

If that's what you ask(Se é isso que você pede)

Give vou all i am(Te dar tudo o que eu sou)

I can do it(Eu consigo fazer isso)

I can do it(Eu consigo fazer isso)

I can do it(Eu consigo fazer isso)

But i'm only human(Mas eu sou só humano)

And i bleed when i fall down(E eu sangro quando caio)

Do mesmo que a música me acalma ela também me enche de tristeza, queria que as coisas fossem diferentes. Quando estava chegando no final da música ouço um barulho de algo caindo do lado de fora da sala e paro de tocar no mesmo instante. Estou ferrado, não era para ninguém descobrir que venho até a aqui de noite. Seja quem quer que for é péssimo em espionagem e em ser discreto. Vou até a porta andando bem devagar e surpreendo-me ao ver Naruto deitado de bruços no chão massageando a cabeça com a mão. Não é possível! Aonde quer eu vá eu encontro essa praga, é maldição só pode. O loiro vira a cabeça para mim e dá um sorriso nervoso.

- Oi Sasuke! Como você está? – pergunta ainda no chão apoiando a cabeça em uma das mãos.

- Eu estava muito bem até você chegar – respondo irritado – O que é que você está fazendo aqui? – pergunto seco enquanto ele se levantava do chão.

- Não que isso seja da sua conta Uchiha, mas eu só estava dando uma volta quando ouvi uma música e vim até aqui – fala dando batidinhas na sua roupa para tirar a sujeira. Ele usava uma bermuda preta e uma regata laranja.

- Dando uma volta depois do toque de recolher? Isso é contra as regras perdedor, não deveria fazer isso – falo e ele me olha indignado.

- Perdão? Mas não é exatamente isso que você está fazendo? Ou as regras não se aplicam ao grande Sasuke Uchiha? – respira Sasuke, você ainda não pode bater nessa criatura até a morte.

- Não é da sua conta Uzumaki, agora vai embora daqui – volto para a sala e fecho a porta mas ela logo é aberta pelo loiro.

- Era você que estava tocando? – fala olhando ao redor parando no violão que eu usei.

- Você está vendo mais alguém aqui por acaso? É claro que era eu seu idiota – não ia adiantar mentir para ele, então era melhor falar de uma vez.

- Nossa! Você toca muito bem e sua voz também era muito boa – fala ignorando minha grosseria – Onde você aprendeu a tocar? – fala pegando uma cadeira e sentando na minha frente. Tenho notado que ele estava estranhamente amigável comigo, mas vou deixar passar, não estou no clima para briga.

- Meu pai contratou professores particulares para me ensinar a tocar – falo não conseguindo disfarçar meu tom de desgosto ao dizer “meu pai”, ainda bem que ele não percebeu.

- Cara que sorte, eu queria fazer aulas também mas meu padrinho nunca deixou – ele pega eu violão e passa os dedos nas cordas – Quantos instrumentos você toca? – pergunta com os olhos brilhando. Nossa, quando o assunto é música ele fica realmente animado, fico estranhamente feliz em saber disso.

- Eu toco violão, guitarra, piano e um pouco de bateria – falo e ele me olha impressionado. Esse olhar pode ter me deixado contente, mas só um pouco.

- Incrível – ele coloca o instrumento no lugar e o olha pensativo. Depois de um tempo ele se vira para mim decidido e arqueiro as sobrancelhas – Sabe eu estava pensando, o que você acha de me ensinar a tocar? – pergunta com as bochechas vermelhas. Olho para ele surpreso que fica ainda mais vermelho.

- O que eu ganho ensinando você? – pergunto e ele respira fundo fechando os olhos como se tentasse arranjar paciência do além.

- A minha maravilhosa companhia? – responde sarcástico e cruzo os braços desgostando completamente da ideia – Por favor Sasuke, eu só estou pedindo que me ensine pelo menos o básico, o resto eu me viro – pede com a cara do gato de botas. Suspiro passando a mão no cabelo.

Normalmente eu diria não com toda certeza, mas como ele parece gostar realmente de música ao ponto de pedir para eu ensiná-lo não vejo porque dizer não. Naruto esperava pacientemente minha resposta enquanto eu pegava dois violões e entregava um para ele. O loiro me olha confuso e eu reviro os olhos, mas é um lerdo mesmo.

- Eu vou ensinar você a tocar – Naruto já ia comemorar mas eu o interrompo – Porém, você vai ter que fazer tudo o que eu quiser sem me questionar. Já vou logo avisando, não sou uma pessoa muito paciente.

- Obrigado Sasuke! Vou dar o meu melhor! – sua empolgação era contagiante e logo fico animado também.

Ficamos um bom tempo treinando com nossos instrumentos. Naruto era atrapalhado e demorava um pouco para conseguir pegar os acordes, mas depois de um tempo esforçando-se conseguiu fazer todos com perfeição. Notei que não tínhamos brigado e nem discutido um com o outro nesse tempo. No quesito música tínhamos praticamente os mesmos gostos, o que não dava espaço para discussões. Rimos bastante dos seus erros e de algumas piadas que ele fazia, definitivamente não éramos Sasuke Uchiha e Naruto Uzumaki.

O relógio da sala já marcava uma hora da manhã e sabíamos que deveríamos voltar para nossos quartos, mesmo que nenhum de nós quisesse realmente ir. Marcamos de nos encontrar no mesmo horário todos os dias. Nos despedimos e vou para o dormitório com um sorriso mínimo no rosto, até que não foi tão ruim perder o sono. Chego no quarto e deito-me na cama, meus olhos pesavam e meu corpo cobrava um descanso urgentemente. Consigo tirar apenas minha roupa ficando só com uma cueca vermelha. Fecho os olhos e o sono me consome por completo.

A linha entre o amor e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora