Convivência Conturbada

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P.O.V Naruto Uzumaki

Hoje era quarta feira, passou-se três semanas desde do dia do teste e os treinos tem sido mais insuportáveis do que nunca. Sasuke e eu nunca concordamos com nada e por nossa causa o time está todo bagunçado, não conseguimos entrar em sincronia e isso tem causado resultados terríveis. Aparentemente, o treinador teve uma ideia maluca de me colocar como ala pivô porque achava que quando nós entrássemos em sincronia iríamos ser uma dupla incrível. Não sei como ele achou que isso poderia funcionar, está na cara que nunca vamos nos dar bem.

Estava na aula de biologia do professor Orochimaru, quem eu tinha quase certeza que, por algum motivo que eu desconheço, não ia muito com a minha cara. Bem, tanto faz, não ia com a cara dele também. O sujeito era completamente estranho, tinha cabelos longos e pretos e olhos de cobra, parecia que iria devorar os alunos com aquele olhar assustador. Sorte minha que as aulas de biologia eram juntas das de Gaara, então não ficaria sozinho com aquele maníaco me olhando. Nessas três semanas Gaara se tornou um amigo muito próximo. Sempre depois das aulas íamos juntos para os treinos e também voltávamos porque seu quarto, coincidentemente, era ao lado do meu. Era engraçado, pois Kiba sempre reclamava que estava sendo trocado.

Deu o sinal para a próxima aula e eu não estava nem um pouco afim de ter aula de história. O professor era Hiruzen Sarutobi, ele é um velho que tem a voz mais monótona que eu já vi, chama minha atenção pelo menos duas vezes por aula por estar dormindo. Vontade de cabular não faltava, mas não teria para onde ir mesmo, não conheço a escola ainda então o zelador acabaria me encontrando.

Ero Sannin não falou boas coisas de mim para a vovó Tsunade. Eu costumava cabular e faltar bastante nas aulas para ficar com os meus amigos, deve ter sido por isso que o Ero Sannin ficou tão irado a ponto de me mandar pra cá. Ela tem ficado em cima de mim durante todos esses dias. Ainda não desisti, vou comportar-me durante algum tempo até que ela me esqueça e depois vou voltar ao meu ritmo normal. Sorrio com meus pensamentos perversos, tenho um espírito livre demais para ficar trancado em uma sala por tanto tempo.

Entro em um corredor pouco movimentado, as poucas pessoas que tinham já se dirigiram para suas salas. Suspirando avisto a porta da sala de história, ando a passos lentos até a porta, o inferno me aguardava. Antes de entrar olho para  o lado e paro quando vejo uma porta bem escondida entre os armários. Estranho. Passei por aqui milhares de vezes e nunca tinha notado uma porta escondida entre os armários. Fui até ela e a abri bem devagar sem causar nenhum ruído. A porta dava para uma escadaria que subia até o que parecia ser o teto, olhei em volta, o corredor estava completamente vazio mas podia-se ouvir os passos do zelador aproximando-se cada vez mais.

Uma decisão rápida foi tomada, entro e fecho cuidadosamente a porta para que não faça nenhum ruído sequer. Espero um pouco atrás da porta até os passos se distanciarem. Olho para cima, a escadaria era grande, feita de ferro escuro e estendia-se até o topo fazendo círculos. Estava bem empoeirada e suja, evidenciando o fato de que ninguém limpava aquele lugar fazia algum tempo, desconfio que tenham até esquecido de que esse lugar existia. Não perco mais tempo e começo a subir as escadas bem devagar tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Quando chego lá em cima encontro uma porta de metal com uma placa em cima escrito “terraço” com letras bem grandes. Abro a porta com cuidado e a fecho bem silenciosamente.

Às vezes você não se da conta do quanto sua cidade é bela, até que você a veja de cima. O dia estava bem ensolarado, os raios solares iluminavam a cidade, deixando-a ainda mais bela. Konoha não era uma cidade grande, mas também não era uma cidade pequena. Sua arquitetura era simples, contendo apenas alguns prédios, e grandes áreas verdes que embelezavam a cidade. Moro aqui desde que nasci e nunca tinha a visto por esse ângulo. Apoio-me nas grades e me distraio observando Konoha, sentindo o vento em meu rosto e balançando meus cabelos. Observo distraidamente a paisagem e aproveito a brisa leve, não me dando conta de que não era o único presente naquele terraço.

Sinto uma presença atrás de mim, então viro rapidamente e encontro Sasuke olhando-me irritado com um cigarro entre os dedos da sua mão esquerda. Não sei com que eu fico mais surpreso, com o fato de que ele estaria provavelmente cabulando aula ou com o cigarro em seus dedos, nunca imaginei que ele fumava. Com os olhos fulminantes ele deu uma última tragada no cigarro e depois jogou-o no chão pisando logo em seguida.

- Eu não sei como diabos você encontrou esse lugar, mas quero que saia daqui imediatamente – Sasuke fala com uma estranha calma apontando com o dedo a direção da porta da qual eu entrei. Seu tom de voz não transmitia o que eu via em seus olhos.

- Lá vem você de novo Sasuke, novamente, o que te faz pensar que eu sairia daqui só porque você mandou? – pergunto arqueando as sobrancelhas.

- Eu não pensei em nada, você vai sair daqui porque, simplesmente, esse lugar me pertence – fala cruzando os braços cobertos pela jaqueta de couro que usava.

- Desde de quando esse lugar te pertence, Uchiha? – falo pronunciando seu nome debochado sabendo que isso o deixaria irado.

- No momento em que eu o encontrei primeiro, agora saia já daqui! – fala elevando o tom de voz.

Fico quieto e tento refletir sobre a situação. Discutir com ele não vai nos levar a lugar nenhum, sem ninguém para apartar nossa briga as coisas vão ficar bem ruins. Além do que, se o zelador nos encontrasse nos dois estaríamos ferrados. Então vou tentar uma abordagem diferente, mas não porque estou com medo de brigar com ele .

- Que tal fazemos assim? – pergunto tentando negociar com ele, que me olha confuso pela atitude – Eu vou ficar aqui no canto bem quieto sem atrapalhá-lo, e em troca você para de fazer escândalo que nem um bebê e me deixa ficar aqui – falo com sorriso pois tinha todo um plano arquitetado em minha mente.

- E por que eu aceitaria isso? – pergunta desconfiado, fazendo-me abrir um sorriso maior ainda.

- Porque se eu for embora o zelador vai me encontrar e me levar direto para a diretoria – explico de forma simples.

- E daí? Isso não é problema meu – fala com uma expressão seria.

- E daí é que a primeira coisa que eu vou fazer é te dedurar para a vovó Tsunade, e obviamente isso seria muito ruim para sua ficha de “aluno perfeito”, então se eu afundar você afunda junto – falo com um sorriso triunfante quando ele me dá um olhar indignado – E pode ter certeza que eu vou falar sobre o cigarro – Sasuke pensou por alguns segundos antes de dar um suspiro, ele não tinha escolha, penso feliz.

- Tudo bem, mas se eu ouvir um som saindo da sua boca eu te jogo da escada, entendeu? – fala ameaçadoramente.

- Mas é claro – falo debochado e sento-me no canto como prometido. Sasuke dá as costas para mim e se senta no outro extremo do terraço.

Ficamos longos minutos em silêncio, apenas apreciando a beleza da cidade e sentindo a brisa refrescante. Sasuke pega mais um cigarro do maço e começa a fumar tranquilamente. O cheiro da fumaça irritava meu nariz, fazendo-me virar o rosto irritado em sua direção que ignorava completamente a minha presença. Eu ,definitivamente, odeio cigarros e odeio ainda mais quem me ignora.

- Será que você poderia parar de fumar essa coisa perto de mim? – pergunto inconformado com a fumaça. Parece que ele está fazendo de propósito.

- Achei que o nosso acordo fosse que você deveria ficar de boca fechada, perdedor – Sasuke fala sem virar-se, continua observando o horizonte sem se importar comigo. Como ele é insuportável.

- Eu faria isso se você não estivesse fumando essa droga na minha cara – falo irritado balançando as mãos para afastar a fumaça. Sasuke dá uma risada irônica, tragando mais uma vez e soltando a fumaça na minha direção.

- O que foi? O bebê não aguenta uma fumacinha? – pergunta provocando-me.

Não respondo, mostro o dedo do meio para ele e viro novamente para frente ignorando-o. Ouço-o dar mais uma risada e me controlo. Começar uma briga entre nós não seria boa nem para mim e nem para ele, apenas chamaria atenção. Falo isso várias vezes para mim mesmo como um tranquilizante . Pego meus fones e coloco na minha playlist do Queen, amava as músicas daquela banda em particular. O tempo pareceu voar, estava tão entretido com a música que nem ouvi o sinal tocar, notei apenas quando vi Sasuke levantar-se e guardar o maço de cigarros no bolso da calça. Faço o mesmo, levantando e tirando a sujeira grudada em minha calça jeans preta. Ando até a porta da saída mas paro quando Sasuke para na minha frente e me encara com aquele olhos negros e frios.

- Quero deixar uma coisa bem clara, não é só porque eu deixei você ficar aqui hoje, que pode voltar aqui outra vez – fala sério cruzando os braços em frente ao peito, isso acabou marcando seus músculos pela blusa azul escura que usava.

- Pois eu também quero deixar uma coisa clara, eu vou voltar aqui você querendo ou não – falo sorrindo em desafio – Lembrando que eu ainda posso ir até a vovó Tsunade e dedurar você caso queria me expulsar. Então meu querido Sasuke, você não tem escolha – falo me divertindo com sua expressão indignada. Parece que eu ganhei essa Sasuke, estamos empatados agora.

- Não se brinca comigo perdedor, você vai pagar por isso – Sasuke fala furioso.

- Você já me disse isso antes e até agora não fez nada – dou um sorriso debochado – Acho que é aquela coisa né, cão que late não morde – isso foi a gota d'água. Sasuke me pega pela blusa e aproxima nossos rostos olhando-me com ódio.

- Você está morto Naruto, eu vou acabar com você – ele me olhava com tanta raiva que me fez engolir em seco, aquelas promessas eram reais – Vai se arrepender de ter entrado no meu caminho – o moreno me larga e saiu do telhado batendo a porta com força fazendo um barulho bem alto.

Recomponho-me do choque e me apresso para descer as escadas, quase caio umas cinco vezes nesse processo. Aquele maldito, causou aquele barulho de propósito. Quando chego no andar térreo abro a porta apenas um pouco, noto alguns alunos no corredor distraídos demais para me notarem. Saio o mais silencioso possível e fecho a porta com o mesmo cuidado. Gaara passava distraído olhando alguma coisa no celular, nem tinha me visto. Aproximo-me dele e ele me olha com o rosto sério.

- Aonde você estava? – Gaara e eu também tínhamos aula de história juntos hoje, sua pergunta era inevitável.

- Estava no lugar mais maravilhoso para se cabular aula – falo com um sorriso triunfante.

- Muito obrigado pela consideração Naruto, você sai para cabular aula e nem chama – Gaara fala irritado – Fiquei sozinho tendo que aguentar aquele velho chato falar sobre o Império Romano – pode não parecer mas Gaara e eu somos farinha do mesmo saco, só que ao contrário de mim ele é inteligente, consegue ir bem nas matérias e nem sequer precisa estudar. Tenho muita inveja disso nele, mesmo estudando não consigo ir bem em nada.

- Foi mal cara, nem deu tempo de te avisar, achei o lugar de última hora – falo tentando me explicar. Ele suspira e me olha com mais calma.

- E aonde é esse lugar maravilhoso para se cabular aula? – pergunta apoiando o ombro no armário. Quando eu ia responder Kiba aparece ofegante com um livro em uma das mãos.

- Gaara eu estou vendo coisas ou o Kiba está mesmo com um livro na mão? – falo não perdendo a oportunidade de zoar com a cara dele.

- Você não está vendo coisas Naruto, Kiba Inuzuka está realmente com libro na mão – fala entrando na brincadeira – Que os céus tenham piedade de nós – fala Gaara olhando pra cima e com as mãos erguidas em forma de súplica. Logo depois caímos na gargalhada olhando a cara brava de Kiba.

- Nossa como vocês são engraçados – fala irônico – Foi a Hinata que me emprestou esse livro.

- Nossa! O amor muda mesmo as pessoas – falo e recebo um soco no braço esquerdo. Massageio meu braço exclamando um “aí” que foi completamente ignorado.

- Enfim, o treinador mandou avisar que vai ter uma reunião a tarde com todo o time – hoje não teríamos treino, então fico preocupado. Deve ser algo bem importante para o treinador nos convocar.

- Ele falou o motivo? – pergunto.

- Não, só falou que era importante – fala dando de ombros.

Toca o sinal novamente e vamos até as salas com cara de tédio. Minha última aula, felizmente, era com o Kakashi. As aulas de matemática nunca mais foram as mesmas, não é minha matéria favorita mas estou gostando mais do que antes. Encontro Kakashi conversando animadamente com o professor Obito na porta da sala. Os dois estavam tão entretido que nem me ouviram chegar. Soube pelos outros alunos que em pouco tempo eles já eram grandes amigos.

- Com licença professores – peço tentando passar por eles.

- Acho que é a primeira vez que vejo você sendo educado Naruto – fala Kakashi olhando-me surpreso.

- Eu consigo ser educado quando eu quero – falo piscando pra eles.

- Está atrasado para a aula de novo Naruto – Obito fala cruzando os braços.

- Acho que você também professor – falo rindo vendo ele se despedir apressado e sair correndo desesperado.

Kakashi e eu rimos e entramos na sala. Sento-me ao lado de Sakura que encarava o Sasuke com os olhos brilhantes e soltando suspiros a cada minuto. Reviro os olhos diante da cena , se ela conhecesse ele de verdade com certeza o odiaria. Novamente a aula do Kakashi passa voando e logo o sinal do final das aulas. Nos levantamos e seguimos até a porta onde Suigetsu conversava com Sasuke que não parecia muito interessado na conversa. Ouvi a Sakura prender a respiração e me segurei para não revirar os olhos de novo.

Quando passamos por eles fiz questão de esbarrar em seu ombro fazendo-o ir um pouco para trás. Ele cerrou os punhos olhando-me irritado, mostrei a língua para ele o que deixou-o puto da vida. Deu um passo na minha direção mas foi parado por Suigetsu que lhe disse alguma coisa, depois deram meia volta e foram embora. Voltei a olhar para frente encontrando Sakura olhando-me em repreensão.

- Você podia parar de provocar o Sasuke, tenho que certeza que se você parasse com essa birra vocês seriam ótimos amigos – fala e eu a olho com uma expressão incrédula.

- Você só pode estar brincando Sakura. Primeiro, quem começou com tudo isso foi ele, eu só estou devolvendo na mesma moeda – falo me defendendo com as mãos para o alto – E segundo, nada nesse mundo me fará ter algum tipo de amizade com aquele ser insuperável – falo decidido.

- Tudo bem então se é isso o que você pensa, mas eu ainda acho que eu estou certa sobre vocês – Sakura fala sorrindo e eu reviro os olhos.

Andamos mais um pouco e encontramos Ino andando furiosa toda molhada e com o rosto vermelho de ódio. Juro que se ela tivesse mais força quebraria o chão com seus passos. Do meu lado a Sakura estava prendendo o riso com a mão enquanto olhava-a de cima a baixo. A cena estava tão cômica que até eu tive que me segurar para não rir.

- Porca o que foi que aconteceu? – pergunta não conseguindo mais prender as risadas o que deixou-a ainda mais irada.

- Para de rir testa de marquise! Foi aquele desgraçado do Kiba que me empurrou na piscina – nessa hora nem eu consegui me segurar, Sakura e eu ficamos que nem duas gralhas rindo alto.

- Vão a merda vocês dois! – Ino gritou indo embora.

- Espera, Ino! – Sakura grita seguindo-a até o final do corredor.

Caminhando calmamente até a quadra paro em uma parte do corredor que tinha várias estantes e encontro Kiba tentado se esconder atrás de um armário minúsculo, derrubando quase tudo como consequência. Parabéns cara de cachorro, você está quase invisível, estou impressionado, penso irônico. Aproximo-me bem devagar atrás dele sem que me percebesse.

- Eu acho que esse não é um bom pra se esconder Kiba – falo rindo vendo-o sobressaltar pelo susto.

- Naruto pela amor de Deus! Você tem parar de fazer isso! – fala tentando normalizar a respiração.

- Desculpa, é que é muito legal te assustar – falo fazendo ele me olhar irritado – Deixa eu adivinhar, tentando fugir da Ino – falo e ele me olha surpreso.

- Como soube? – fala Kiba colocando as coisas de volta no armário.

- Ah por acaso eu a encontrei toda molhada no corredor e com uma cara de assassina – olho para ele que começou a rir histericamente – Por que você empurrou ela? – ele termina de arrumar as coisas e me olha.

- Eu não queria empurrar ela – fala e eu o olho desconfiado – Eu juro que não queria empurrá-la. Eu estava brincando com o Lee e ele sem querer me empurrou com um pouco de força, nisso eu esbarrei na Ino, que estava perto da piscina e acabou caindo – a memória acabou fazendo ele cair na gargalhada.

- Rindo desse jeito não te faz nem um pouco arrependido – falo rindo também – Por que não explicou isso para ela? – cruzo os braços e me apoio no armário.

- Você pensa que não tentei?!– fala sorrindo – Mas foi tão engraçado que eu não parei de rir. Depois ela começou a correr atrás de mim e aqui estamos – suspira parando finalmente de rir. Olho de relance para o corredor e vejo uma figura loira andando furiosamente até nós.

- Acho melhor você tentar se explicar agora, porque ela está ali atrás planejando seu assassinato – falo apontando na direção oposta à de Kiba que estava de costas para ela.

- Kiba! Seu desgraçado! O que deu em você?! – Ino gritou fazendo Kiba virar-se rapidamente pelo susto.

- C-calma Ino não é  o que você está pensando – Kiba disse desesperado.

Saio de fininho sem querer me envolver na briga. Ainda ouvia os gritos da Ino no final do corredor. Rio ao pensar no desespero de Kiba, Ino conseguia ser assustadora quando queria. Sem ter o que fazer vou até meu quarto. No caminho olho para o jardim das janelas do dormitório, o dia continuava ensolarado e brilhante, do jeito que eu gostava. Desde de pequeno não gosto muito de tempos nublados, tenho lembranças horríveis com eles.

Mesmo nos tempos nublados eu sempre queria brincar lá fora até ficar cansado. Lembro de ter visto uns garotos brincando de bola e de ter pedido para brincar com eles. Jogamos o dia inteiro e quando anoiteceu os pais deles vieram para buscá-los. Fiquei parado observando-os de mais dadas com seus pais e depois me perguntei porque não tinha um pai e uma mãe. Perguntei ao Ero Sannin naquele dia, ele me explicou do acidente que tinha levado meus pais. Logo depois comecei a chorar como nunca tinha chorado na minha vida. Depois daquilo prometi a mim mesmo que nunca mais choraria.

Chego no meu quarto e me jogo na cama recém arrumada pela faxineira. Isso é um dos benefícios de morar aqui, nunca mais vou precisar arrumar a cama, é quase um milagre. Olho paro o lado e vejo meu vilão preto e laranja em cima da cadeira. Ganhei do Ero Sannin semana passada, suspeito que seja um pedido de desculpas por ter me enganado e me enfiado em um colégio interno sem eu saber. Pego-o e começo a dedilhar as cordas aleatoriamente. Suspiro frustrado, não sei tocar absolutamente nada no violão. Até tentei entrar no clube de música, mas já não tinha vagas.

Deixo-o de lado e começo a trocar-me para o treino. Recebi o uniforme no dia em que entrei pelo Sasuke, que praticamente o jogou na minha cara. Apesar da grosseria, foi engraçado vê-lo irritado daquele. O uniforme era preto e laranja para jogos oficiais e preto e roxo para os treinos.

Não estava nem um pouco afim de ir para o treino. Treinar significa ter que jogar com o Sasuke, e somando com os acontecimentos de hoje de manhã, vão me fazer querer jogar uma bola na cara dele. Saio do quarto e ando pelos corredores notando olhares femininos em cima de mim pelo caminho. Pelo jeito, ser do time de basquete acaba dando-me créditos de popularidade, não que me importe, e também, modéstia à parte, sou muito bonito.

Chego na quadra e alguns jogadores já se aqueciam, Kiba conversava com Gaara no banco e Suigetsu passava bolas para Sasuke que treinava suas incríveis cestas de longa distância. Nunca deixo de me impressionar, se fosse outra pessoa eu até pediria para me ensinar, mas como é ele prefiro ficar sem saber fazer as cestas. O treinador entra e todos se agrupam no meio da quadra.

- É bom que vocês estejam treinando – Asuma fala sorrindo com as mãos na cintura – Porque vamos ter um jogo amistoso com o colégio Harbor – fala o treinador animado. A animação dele não é passada para os jogadores que logo ficam tensos. Olho para eles confuso, sem entender o motivo da tensão – Parem de fazer essas caras de medo! Não vamos deixar que a mesma coisa do ano passado se repita. Essa será nossa revanche!

Parecia que eu estava em um filme, em que o treinador falava algumas palavras bonitas e todos se enchiam de determinação. O olhar do time se transforma e todos começaram a treinar. Continuo sem entender nada e vejo Gaara igualmente confuso com a situação. Kiba se aproxima e senta no meio de nós. Ele nota nossas caras confusas e solta um suspiro.

- Ano passado, também tivemos um amistoso com o colégio Harbor – pronuncia o nome com raiva – Aparentemente o time de lá não ia muito com a cara do Sasuke, porque mais ou menos na metade do jogo, o filho da puta do Hidan, o capitão do time da Harbor, fez uma falta nele que o deixou fora dos jogos por três semanas. Com o nosso melhor jogador fora – Kiba nos olha cabisbaixo – Fomos completamente massacrados.

Meu olhar cai imediatamente sobre Sasuke, seus olhos transmitiam uma determinação tão grande que foi impossível não se afetar por ela. Não é atoa que ele sempre vem treinar aqui tão cedo. Admiro sua determinação e não consigo não sentir raiva desse tal de Hidan. Sasuke nota que estou olhando para ele e me mostra o dedo do meio. Quer saber? Dane-se a admiração! Quero que ele vá para o olho do inferno! Do meu lado Kiba e Gaara choravam de rir.

- Qual é a graça? – pergunto irritado.

- Vocês não parar com isso nunca? – Kiba pergunta tomando fôlego.

- Com isso o que? – me faço de desentendido.

- Com essa intriga que vocês têm  - Gaara responde – Vocês dois ferram o time todo com essa briguinha inútil – o ruivo para de rir e me olha sério.

- Não é culpa minha! Ele que me provocou primeiro! – me defendo de suas acusações.

- Ele te provoca, você provoca de volta, ele te provoca de novo e começa tudo novamente até que alguém pare vocês – Kiba fala cansado – Cara vocês estão nisso há duas semanas.

- Eu sei – falo começando a perder a paciência – Só que a gente simplesmente se odeia – cruzo os braços irritado.

- Cuidado Naruto, o ódio pode virar amor – Gaara fala com um sorriso malicioso sendo acompanhado por Kiba. Eles caem na risada fazendo coração com as mãos.

- Vão a merda você dois! – grito e saio correndo quando sou chamado pelo treinador.

Pego a bola e bato devagar esperando os outros jogadores se posicionarem. Começo a correr e eles partem pra cima de mim tentando roubar a bola das minhas mãos. Passo por todos eles com habilidade e me posiciono para fazer uma cesta de três pontos. Consigo finalmente fazer a bola ir na direção certa, mas quando ela estava prestes a cair, Sasuke pega impulso e impede que ela caia dentro. Eu não acredito nisso, ele só pode estar brincando!

- Qual é o seu problema?! – grito segurando-o pela gola da camisa.

- Eu falei que transformaria sua vida em um inferno – ele se aproxima do meu ouvido – Eu só estou começando loiro – sussurra.

- Se quer perder seu tempo fazendo isso problema é seu – o empurro de perto de mim – Mas não atrapalhe o desenvolvimento do time com isso.

- O time não precisa de você – fala me empurrando de volta.

- Isso é o que vamos ver, já que serei eu a ganhar da Harbor enquanto você sairá chorando machucado que nem da última vez.

Nem percebi o que aconteceu depois, uma hora eu estava em pé e na outra eu estava no chão com Sasuke preparando em soco em cima de mim. Seu punho foi segurado por Suigetsu e Kiba o tirou de cima de mim levando-o para longe. Gaara segurou meus braços me ajudando  a levantar. Os outros alunos se reuniram a nossa volta para ver a confusão. O treinador estava parado de braços cruzados e com cara de poucos amigos.

- Eu vou deixar essa passar, porque vocês estão tensos por causa do jogo, mas da próxima vez que isso se acontecer, eu vou mandar os dois para o diretoria! – grita fazendo eu me encolher – Podem se retirar, acabou o treino pra vocês – o treinador apita e outros que observavam voltam a jogar.

Bufo de raiva e olho para Sasuke que estava sendo segurado pelos amigos. Ele me olha, mas logo desvia seus olhos dos meus e se solta de Kiba e Suigetsu puxando seus braços com força. O moreno caminha até o vestiário e faço o mesmo querendo tomar um banho antes de ir para o dormitório. O vestiário era grande o bastante para acomodar o time inteiro, os armários eram azuis escuros e circulavam as paredes servindo também como uma divisória para o lugar onde ficavam os chuveiros e no centro tinha vários bancos brancos com várias camisas jogadas. O povo daqui não é lá muito organizado, não que eu seja muito diferente.

Sasuke estava na frente do seu armário mexendo em algo que eu não conseguia ver. Paro de olhar e abro meu armário que estava tão desorganizado quanto o banco. Olho para Sasuke novamente e o vejo tirar a blusa e depois dobra-la perfeitamente. Inconsistente meu olhar cai sobre seu tronco. Seus ombros eram largos e suas costas eram bem brancas e bem trabalhadas com músculos na medida certa. Ele tira o resto do uniforme e se vira pra frente me dando a visão de seu peitoral musculoso e seu tanquinho malhado. Desvio os olhos rapidamente antes que meu olhar caia mais para baixo e me repreendendo por olha-lo tanto.

Começo a me despir também tirando minha camisa e logo depois meu shorts ficando apenas com minha cueca preta. Pego minha toalha e vou até uma das cabines ligando o chuveiro e entrando logo em seguida. Sasuke faz o mesmo ficando o mais longe possível de mim. Reviro os olhos e continuo meu banho. Acabo antes dele e me troco o mais rápido possível para sair dali. Continuar no mesmo local que ele não estava me fazendo muito bem. Saio do vestiário e encontro o treinador encostado na parede de braços cruzados a espera de alguém. Ele me olha e vai até mim.

- Naruto você sabe o motivo de eu ter escolhido você para entrar no time? – pergunta pegando um cigarro do maço. Reviro os olhos. Ótimo, vou ter que aguentar esse cheiro de novo.

- Porque você achou que eu e o Sasuke faríamos uma boa dupla – suspiro – Sinceramente treinador, não tem a menor possibilidade de nós dois jogarmos juntos – falo e ele dá uma risada.

- Isso porque vocês são orgulhosos demais para admitir que daria certo. Vocês dois tem ótimos talentos individuais, mas serão ainda mais incríveis quando aprenderem a jogar em equipe – Asuma para na minha frente – Escuta, não estou pedindo que vocês sejam melhor amigos ou até mesmo amigos. Só quero que, enquanto vocês estiverem aqui, deixem as diferenças de lado e se sejam bons para o time – fala e abaixo a cabeça sabendo que tinha razão.

- Por que está falando tudo isso para mim? – pergunto desconfiado e levemente irritado pelo sermão.

- Porque você é menos teimoso que o Sasuke – sorri divertido e fico emburrado – Imagino que já tenham te falado da nossa derrota no ano passado.

- Sim senhor, o Kiba me falou – falo menos irritado começando a entender seus motivos.

– Nosso erro foi depender do Sasuke e colocar todo peso da vitória em suas costas. Coloquei você no time para dividir esse peso e porque é bom o suficiente para dar suporte a ele. Então, tentem se entender pelo do time – Asuma termina o sermão e vai embora treinar os outros alunos, mas não antes de me dar um alerta – Tenho orgulho em dizer que nossos reservas melhoram muito e se vocês não se entenderem eu terei de substituí-los – fala e fico inerte chocado.

Não acredito que ele pretende substituir seus melhores jogadores, apesar de achar que realmente estamos mais atrapalhando do que ajudando o time. Como não tinha nada para fazer volto para meu quarto. No caminho fico pensando em suas palavras. Sabia que tanto o treinador quanto meus amigos estavam certos, mas Asuma está errado, minha teimosia era ainda maior que a de Sasuke. Se meu lugar no time não estivesse em jogo não falaria com ele nem se isso causasse o fim do mundo. Sempre me preocupei com meus amigos, e com o time não seria diferente, tirando o Sasuke obviamente. Não tenho certeza se ele irá concordar, mas tentarei mesmo assim pelo bem do time.

A linha entre o amor e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora