6 - I'll keep looking for Wonderland

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Pois é minha gente, as tretas apenas começaram kkk

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"Há tanta gente destruída emocionalmente."

Eu me chamo Solidão.

Rafaella observou uma infinidade de emoções rodopiarem nos olhos acinzentados de Bianca. As pupilas dos olhos dela estavam levemente dilatadas, o que fazia seus olhos parecerem enormes em seu rosto delicado. Bianca era magra, e talvez magra demais, porque as maçãs de seu rosto não eram nada carnudas. Ela tinha ombros estreitos e suas clavículas eram bastante pronunciadas, com um grande vão dentro delas.

Rafaella conseguia pegar Bianca pelos pulsos com apenas o polegar e o indicador, e ela sentia seu corpo frágil. Era como se ela fosse quebrar, a menos que fosse tratada com o maior cuidado possível. E, ainda assim, ela era espantosamente linda. A carioca não era o tipo de mulher por quem ela normalmente ficaria atraída, mas Rafa percebeu que, de fato, sentia algo por ela. Só de pensar em outro homem causando mal a Bianca, isso deixava-a furiosa, o que ia além do fato de que, para ela, nenhuma mulher deveria ser agredida por um homem. Isso tinha se tornado algo pessoal para ela. Era como se a carioca fosse sua esposa e ela tivesse sido agredida por outro homem. Rafaella não gostava da ideia de que Bianca pudesse, de alguma maneira, ainda se sentir culpada pelo assassino estar à solta, atrás de novas vítimas, e só Deus sabe quantas vítimas existiram e que ninguém nunca ficou sabendo ou que nunca foram descobertas. Se pudesse fazer alguma coisa, Rafa iria dar um jeito para Bia parar de assumir aquela culpa idiota pelo fato de um homem escapar da polícia, dentre as dezenas que ela ajudou a prender. Ela parou por um momento, com uma expressão séria, enquanto pensava no compromisso que desejava assumir. Sim, a mais velha devia muito a morena e iria garantir a segurança dela, garantiria que ninguém jamais a machucaria novamente. Mas como se comprometeria com a difícil tarefa de tirar o sentimento de culpa dos ombros dela?

Era presunção e arrogância da parte dela achar que conseguiria acabar com a dor e com o arrependimento de Bianca. Mas se Rafaella pudesse dar a ela um mínimo de paz de espírito ou qualquer coisa melhor que o inferno diário em que ela vivia, então ela moveria montanhas para tornar isso possível.

O rosto de Rafa ficou sério novamente quando ela analisou o sangue seco e o hematoma que tinham se formado ao redor da boca da morena. Ela soltou as mãos da outra e as apoiou com cuidado no colo, antes de ficar em pé. A mais velha, então, fez um sinal com o dedo.

— Não se mexa, eu volto em um instante. — O medo instantâneo que viu surgir no olhar de Bianca deixou Rafaella irada novamente com o desgraçado que estava infernizando a vida dela pelos últimos dezoito meses. — Não vou sair do quarto. — Ela disse carinhosamente. — Só vou até o banheiro pegar uma toalha quente para limpar o sangue e ver direito esse machucado.

Ela levou a mão ao rosto, com uma expressão intrigada, como se tivesse esquecido que estava machucada. Bia se encolheu de dor ao pressionar o hematoma com mais força do que deveria, então Rafa pegou e abaixou a mão dela, em uma ordem silenciosa para que ela parasse de se tocar e se machucar ainda mais.

Rafaella foi rapidamente até o banheiro e ligou a torneira, deixando que a água esquentasse antes de encharcar e torcer uma toalha na pia. Bianca pareceu ficar aliviada quando ela saiu do banheiro, como se ela estivesse mesmo achando que Rafella iria sumir. A mais velha detestava ver o medo nos olhos da morena e queria fazê-lo desaparecer, da mesma maneira como iria limpar a mancha de sangue em seu rosto. Mas ela sabia que iria levar tempo até Bianca confiar nela, não importava o que ela dissesse para tentar reconfortá-la.

Modern Fairytale | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora