17 - Playing by the rules

964 80 15
                                    

Se tem uma palavra que descreve o meu sentimento com essa história, é: EITA!

É eita atrás de puta merda.

✯✯✯✯

— É agora que eu digo: "Desculpe, amor, estou com dor de cabeça?" — Bianca perguntou com a voz pastosa.

Ela deu um longo bocejo, abrindo a boca até não poder mais, antes de voltar a apoiar o rosto no ombro de Rafaella, aninhando-se sonolenta nos braços dela. Kalimann riu baixinho, acariciando as curvas do corpo dela de cima para baixo. A pele de Bia era macia como a de um bebê. Parecia seda. Rafa estava apreciando o simples prazer de tocá-la, de tê-la em seus braços e em sua cama. Ela virou a cabeça o suficiente para que seus lábios tocassem a testa de Bia.

— Vou deixar você escapar com essa desculpa. Mas só desta vez, hein? — Ela disse brincando. De repente, Rafaella percebeu que no espaço de poucos segundos, tudo ficou quieto e em paz, sem intromissões vindas do mundo exterior. O clima de intimidade envolvia as duas como um abraço carinhoso. — Como está sua cabeça? — Ela perguntou enquanto passava os dedos pelos cachos do cabelo da morena que estavam caídos sobre os ombros. — Já melhorou? — Bianca bocejou de novo e assentiu, esfregando a bochecha na camisa da mais velha, para cima e para baixo. Rafaella gostava de tê-la em seus braços, toda quente, carinhosa e contente. Ali era o lugar dela, quer ela soubesse disso ou não. Kalimann sabia ser uma mulher paciente quando a recompensa valia a pena, e ter o coração e a confiança de Bianca valiam toda a paciência que ela precisaria ter para conseguir consolidar o novo relacionamento das duas. — Tem certeza de que quer fazer isso, Bia? — Ela perguntou com a voz baixa.

A morena ficou absolutamente imóvel ao lado dela. Ela nem mesmo parecia estar respirando. A mais velha retomou a carícia no corpo dela em uma tentativa de aliviar a tensão súbita que se formou no ar.

— Sim. Não... — Ela hesitou e então suspirou por um bom tempo. — Sim, droga. Bem, isso não é exatamente verdade. Não sou uma idiota completa. Eu não quero fazer isso, mas não tenho escolha. Eu preciso fazer, é essa a diferença.

— Você é uma mulher bem corajosa e altruísta. — Rafaella disse, falando com toda a sinceridade.

Bia estalou a língua, discordando.

— O que é isso de me chamarem de corajosa de repente? Ivy disse essa mesma bobagem hoje mais cedo. Por acaso pareço alguém destemida? Eu estou apavorada. — Ela disse, elevando a voz em um tom. Kalimann tentou acalmá-la acariciando-a, fazendo sua mão deslizar pelas curvas do corpo dela, mas ela já estava irritada com o que Rafaella tinha dito. — Eu não tenho nada de valente, corajosa, e nem de especial. — Ela falou com franqueza. E não disse aquilo com exaltação, como se estivesse querendo discutir com Kalimann. Foi mais uma afirmação casual, algo que refletia como ela se via realmente. A mais velha apenas gostaria que Bianca visse em si o mesmo que ela. Ela a via daquela forma positiva não por desejo, volúpia e nem amor. Independentemente do relacionamento das duas, ou dos sentimentos que ela tinha pela morena, as ações de Bia eram perfeitamente coerentes com a avaliação que Kalimann fazia do seu caráter. — Passei a vida toda solitária e com medo. — Ela disse com uma voz carregada de dor. — Fugindo e me escondendo de quem e do que eu sou. Cansei dessa vida, Rafaella. E antes de argumentar comigo se eu devo ou não seguir com nosso plano, você precisa levar em conta primeiro que você é a razão para eu não querer mais ser aquele arremedo de mulher fraca e assustada que fui por tanto tempo. Você é a razão para eu querer ser... uma pessoa melhor. Você merece uma pessoa melhor. Eu mereço ser alguém melhor. Qualquer relacionamento que nós possamos ter não tem a menor chance de dar certo, a menos que eu recupere o controle da minha vida. Por melhor que seja escutar que você vai me proteger e cuidar de mim, quanto tempo acha que vai levar até você se tocar de que fez um péssimo negócio? Você vai perceber que nós não temos um relacionamento em que os dois lados contribuem, mas sim que eu sou uma sanguessuga dependente me aproveitando de você. Não é possível que você ache que vai ser feliz com uma mulher assim. Você é forte demais para querer isso, sua personalidade é forte demais para querer uma companheira tão fraca. Você vai é acabar se tornando uma espécie de figura materna para dar conta de toda a dependência que eu mostrei até agora.

Modern Fairytale | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora