16 - What can I do to take us back

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E se eu disser que a história já ta no fim? Eu to abalada por isso. A gente sofre? Sofre, mas tem outras histórias saindo do forno para que não fiquemos órfãos de Rabia.

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Quando Rafaella entrou na sala, parou subitamente e soltou a maleta de couro, que caiu fazendo um grande barulho no chão. O único outro som na sala estava vindo de Bianca. Ela estava tentando se controlar de modo firme, e isso tornava as coisas piores, porque ela lutava uma batalha perdida. Emitia um pequeno som, que mais parecia algo vindo de um animal ferido e estava abraçando com força as próprias pernas, com o rosto escondido entre os joelhos. Fazia um movimento para a frente e para trás, e suas mãos estavam brancas, tamanha a força com que se agarrava. Havia marcas de arranhado e pequenos hematomas nos seus braços, causados por ela mesma. Kalimann analisou a sala, percebeu o clima pesado entre Daniel e Ivy e viu a confusão no rosto do perito.

— O que aconteceu aqui? — Rafaella perguntou. Sem esperar por uma resposta, cruzou a sala e ficou de joelhos na frente de Bianca, que se balançava no sofá. — Bia, amor? — Ela perguntou com uma voz carinhosa. Havia algo na postura da outra que indicava completa fragilidade. Bianca não levantou a cabeça, seu cabelo estava todo desarrumado e seus olhos se escondiam por trás dos joelhos. O restante do seu rosto estava oculto atrás da coxa. Rafaella chegou furiosa perto de Daniel e Ivy, ambos com o rosto preocupado, observando a mulher com atenção. — O que vocês fizeram com ela?

— Ela identificou o assassino. — Ivy disse com a voz baixa. — O perito conseguiu o rosto dele, então já podemos distribuir o retrato falado pelos canais apropriados e quem sabe alguém, em algum lugar, consiga reconhecê-lo.

Kalimann voltou o olhar para o desenho que estava na mesa de centro, na frente de onde o perito estava sentado, e franziu a testa ao analisar o retrato falado do assassino. Ele parecia ser a última pessoa capaz de cometer atrocidades, mas, até aí, não era sempre assim com a maioria dos assassinos seriais? A mineira se lembrou de vários casos famosos em que o criminoso era a pessoa mais comum e sem graça possível, sem nada em sua aparência que pudesse dar indícios da violência dos crimes cometidos.

— Eu dei a ela um dos analgésicos de Manu. — Daniel disse. — Ela estava com uma enxaqueca terrível e eu temia que ela fosse acabar tendo um troço. Se ela não melhorar logo, vai precisar tomar mais um. Ela estava sofrendo muito e precisava de algum alívio.

Rafaella bufou e se voltou para Bianca. Ela não podia levá-la a um hospital, nem mesmo a uma clínica particular. Sem chance de ela correr o risco de deixá-la exposta ao perigo. Enquanto ela estivesse ali, dentro da fortaleza impenetrável que Rafa criou, a morena estaria em segurança.

— Se ela não melhorar logo, vou trazer um médico para vê-la.

Daniel assentiu.

— Eu disse isso, mas não acho que ela acreditou em mim. Você vive em um mundo completamente estranho para ela. Bia levava uma vida bem espartana e não sabe que as coisas podem ser de outro jeito. Ela fica abismada com sua riqueza, com suas conexões e seu poder. Isso se ela for mesmo capaz de compreender a dimensão do mundo onde você vive.

Rafaella pegou uma das "pequenas" mãos de Bianca, e gentilmente acariciou os dedos dela para restaurar a circulação do sangue.

— Meu mundo é o seu também, Bia. Talvez não fosse antes, mas agora é. — A morena olhou assustada para Rafaella, que se assustou com as feições duras do rosto dela.

Bianca não retrucou nem confirmou o que a mineira tinha acabado de dizer. Ela apenas a encarava com um olhar vazio, como se ainda estivesse tentando compreender o significado daquela promessa feita em voz baixa. Então, para a surpresa de Rafaella, ela a abraçou pelo pescoço e escorregou do sofá para se sentar no chão com Kalimann. Colocou a cabeça no seu peito, e ela pôde sentir o corpo da moça tremendo incontrolavelmente.

Modern Fairytale | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora