10 - Pain don't heal with time

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Sim eu joguei spoiler desse capítulo no twitter rsrsrs

Quem viu, viu. Quem não viu, penah!

Eu gosto de colocar musiquinhas nos capítulos, quando isso é pertinente, então....

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Bianca apoiou a cabeça no travesseiro sem dificuldade, já fechando os olhos. Ela se sentia absorvida pela cama, e parecia estar enrolada em um abraço confortável, sem querer prestar atenção em mais nada a não ser na sensação de segurança e bem-estar. Porque se ela se permitisse pensar em qualquer outra coisa, sua sanidade iria escorregar de suas mãos. Rafaella e Genilda a levaram antes para uma sala no andar principal da casa, que continha todo tipo de equipamento eletrônico e monitores de câmeras. Todo ângulo da propriedade podia ser visualizado em tempo real. Havia sensores remotos por todo o terreno e um alarme soaria se qualquer pessoa chegasse perto da casa. E, se alguém entrasse no bosque ao redor da casa, os alarmes também seriam ativados. Havia ainda um "quarto do pânico" no andar térreo, à prova de fogo e impenetrável, abastecido com água e comida suficientes para suportar qualquer desastre natural, ou até mesmo um apocalipse zumbi.

Bianca segurou a risada que veio de repente dentro de seu peito. Com certeza não tinha graça nenhuma na situação dela, nem em ideias absurdas como a casa poder resistir a um apocalipse zumbi, mesmo que fosse verdade. O mais importante é que a casa era à prova de balas. Ou à prova de dementes assassinos e ensandecidos. Ninguém conseguiria nem mesmo espirrar no bosque sem que Kalimann e todos os outros ficassem sabendo. Isso deveria acabar com qualquer preocupação da morena; no entanto, lá estava ela, deitada em uma das camas mais confortáveis em que já havia estado, exausta e, ainda assim, incapaz de relaxar e pegar no sono. Ela simplesmente não conseguia se livrar do medo, não importava o quanto seu coração soubesse que estava segura. O coração e a mente dela não entravam em um acordo, o que só aumentava a sensação de que ela estava perdendo cada vez mais sua saúde mental. Pior ainda, a caminho do quarto que Rafaella tinha reservado para ela, elas passaram pelo quarto de Manuela, e o som do choro dela deixou Bia cheia de tristeza e com uma dor no peito por causa do transtorno que sua presença estava causando.

Ela não podia culpar Manu por reagir daquele jeito quando se viu cara a cara com alguém que sabia tudo o que ela tinha passado. Não havia nada de errado com a negação dela, cada um tinha seu jeito de lidar com o trauma. Só Deus sabia como Bianca foi capaz de aprender a lidar com os traumas ao longo dos anos. Isolar cada pesadelo e deixá-lo em um canto esquecido pode não ser o jeito mais saudável de superar tragédia após tragédia, mas esse foi o único jeito que ela encontrou para sobreviver. Em algum momento, as muralhas iriam ruir e ela acabaria botando para fora tudo aquilo que estava guardando dentro de si, como um vulcão em erupção. Mas, até que esse dia chegasse, ela teria de... lidar com os traumas, assim como Manuela estava lidando com o trauma dela, ou não. Não era função de Bia nem sua responsabilidade ajudar a curar a irmã de Rafaella. Mesmo que quisesse ajudar, ela não saberia nem por onde começar.

A carioca colocou a mão na testa, com os olhos ainda fechados e, cansada, se aplicou uma massagem nas têmporas, tentando aliviar a tensão e a dor que sentia. Quando é que ela iria parar de fugir? Será que algum dia poderia parar de fugir e levaria a vida normal, a vida banal, que ela queria tão desesperadamente?

— Se você acha que está segura — que algum dia vai estar segura — e livre de mim, você é uma mulher bem idiota. Não existe nenhum lugar para se esconder onde eu não vá te encontrar. E, quando eu te encontrar, você vai sofrer. Você vai implorar para morrer, e talvez, se você se comportar, eu tenha piedade e te mate rápido.

Modern Fairytale | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora