23 - Tripping, falling with no safety net

369 42 5
                                    

Rafaella abriu os olhos e os fechou na mesma hora. O pouco que ela tinha visto no quarto foi como um passeio de montanha russa em um parque de diversão, pois rodava tão rápido que ela ficou tonta na mesma hora. Ela sentia sua cabeça pulsar de dor, uma dor que irradiava do crânio até a base do pescoço. Sua boca estava seca e ela lambia os lábios, tentando umedecê-los. Seu nariz estava sentindo o cheiro incômodo e nauseante de... sangue? Sem dúvida alguma, era sangue, e aquele odor estava inebriando todos os seus sentidos.

O estômago de Kalimann começou a se revirar e ele se sentou na cama, abrindo os olhos para ver o inimaginável. Os lençóis, o colchão e os travesseiros, tudo estava encharcado de sangue.

Oh, meu Deus!

Ela estava encharcada de sangue, que cobria suas mãos, os braços, o peito e as pernas. Ela rolou para fora da cama, caindo no chão com vontade de vomitar e se engasgando com o forte odor.

— Bianca? — Ela gritou com a voz rouca. — Bia? — Oh, meu Deus, onde ela estava? O que tinha acontecido? Por que ela não conseguia se lembrar? Com certeza ela se lembraria de ter sangrado tanto assim. Por que ela não estava na cama? Rafa se levantou do chão e caminhou atrapalhada até o corredor, onde tropeçou no cadáver de um de seus especialistas em segurança. — Ah, meu Deus. — Ela disse com um pavor crescente. Aquilo era um pesadelo, tinha de ser. Era a única explicação plausível, nada daquilo era real. — Bia. — Rafa gritou, enquanto corria pelo corredor, abrindo todas as portas na tentativa de localizá-la. Onde estava todo mundo?

Ela sentiu o sangue gelar quando viu que a porta de trás estava entreaberta.

Ela correu até lá, abriu a porta e viu o segundo cadáver no chão. Ela sentiu um frio na espinha e teve um mau pressentimento tão forte que ficou paralisada. Observou atônita o homem morto. Ele tinha um buraco na testa, seus olhos estavam opacos e a parte de trás da cabeça tinha sido arrancada pela bala. Ela se agachou e vomitou no pátio. Seu estômago se contraía violentamente, fechando-se por completo e expulsando tudo o que havia dentro. Rafaella precisava encontrar Bianca e tinha de ligar para alguém pedindo ajuda. Ela não se lembrava do que tinha acontecido ali, mas ela deveria se lembrar!

Como Bianca poderia ter desaparecido e dois homens dela terem sido mortos sem que ela soubesse?

Ela voltou para aquele quarto saído de um pesadelo e olhou para a cama coberta de sangue. Então, pegou o telefone e digitou o número de Gizelly , com os dedos trêmulos. Manu e sua mãe precisavam estar bem. Talvez Gi soubesse onde Bia estava e qual era desgraça que tinha acontecido ali.

— Rafaella, onde é que você está? — Gizelly disparou, atendendo o telefone no primeiro toque.

— No esconderijo. — Ela disse. — Alguma coisa terrível aconteceu aqui, Gi. Bia está com vocês?

— Não saia daí. — Gizelly disse lacônica. — Não toque em nada, você me entendeu? Vamos chegar aí em três minutos.

Kalimann olhou confusa para o celular, com a ligação encerrada. Ela não estava percebendo algo de importância vital, mas o quê? Por que ela não conseguia se lembrar de nada da noite anterior?

Ciente da ordem de sua amiga para que não tocasse em nada, ela saiu pela porta da frente da casa, recebendo um banho de sol. Fechou os olhos e usou a mão para tapar o sol e tentar proteger os olhos da luz. Nessa hora, ela viu e ficou perplexa com o sangue seco que cobria sua mão. Dois veículos chegaram em alta velocidade e pararam em frente à casa.

Gizelly desceu correndo de um, enquanto Ivy e Daniel saíram do outro e foram na direção dela, com o rosto sério e... furioso.

— No chão. — Daniel gritou, sacando sua arma e a apontando para Kalimann. — Para o chão!

Modern Fairytale | RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora