Primeiro encontro

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Malika contemplava a rua pela janela do seu quarto pensativa, o dia estava quase a terminar, o sol já estava fraco quase a pôr-se. Estava aborrecida e com dúvidas, de um modo rápido lançou um olhar para o envelope vermelho que estava por cima da sua cama, coberto com lenções brancos e macios. As pernas doíam-lhe, estava na mesma posição a quase 40 minutos e ainda não tinha- se decidido, começou a andar de um lado para o outro frustrada como se aquilo fosse resolver alguma coisa, sabia que tudo dependia apenas dela e de mais ninguém, fechou os olhos apertando-os, e foi como se recebesse uma opinião. Pegou no seu telemóvel e procurou pelo número, pondo-o a chamar.

- Aló! – Ouviu a voz feminina do outro lado.

- Oi Teresa. É a Malika.

- Malika! – A outra quase gritou – então vens ou não querida?

- Venho sim, pode confirmar a minha presença – respondeu fingindo empolgação o que esperava ter dado certo.

- Que bom amiga, vou estar a sua espera.

- Está bem, então até daqui a pouco.

Malika olhou para o relógio do seu pulso esquerdo e tinha mais 3 horas para se aprontar, era muito tempo. Abriu o seu armário se decidindo o que iria vestir, ela nunca fora mulher de muitas extravagâncias, seus olhos apontaram para uma túnica azul turquesa e optou por ela, separou tudo sem o mínimo interesse e atirou-se na cama.

Então viu-se correndo por uma estrada gigantesca, o lugar era desconhecido, ermo e bastante escuro, parecia o infinito, de repente parou sentindo-se cercada por cobras que olhavam-na directamente nos olhos com malícia como se já a conhecessem, pareciam comunicar-se sobre fazer algo contra ela, então encolheu-se num canto que pareceu num piscar de olhos, esperando que elas fizessem o que quer que fosse e o mais surpreendente é que não se sentia com medo delas, mas sabia que lhe fariam mal. Uma delas aproximou-se rapidamente abrindo a sua pequena boca que naquele instante pareceu ser enorme, Malika fechou os olhos sem gritar esperando, mas sentiu que algo a remexia como um chocalho, abriu os olhos lentamente, tinha sido um sonho, o mesmo que vinha tendo ultimamente.

- Dona Malika! – Chamou a senhora.

- Sim – respondeu com a voz sonolenta.

-Já vou para casa, vim me despedir.

- Tá bem tia Ana vai bem. Que horas são?

-18:30, até amanhã – disse a tia Ana e retirou-se.

Tinha dormido demais, tia Ana era a governanta da casa, rapidamente correu para casa de banho, tomando um banho bastante rápido, iria chegar tarde de certeza não tinha muito tempo e agradeceu aos céus por ser tao bem organizada. Vestiu a túnica que chegava até acima dos joelhos, calçou um par de ténis brancos e não precisou fazer muitos arranjos no cabelo pois estavam trançados em cordoletes. Sentia-se pronta. Ela não costumava a usar maquilhagem, mas passou um batom neutro nos lábios e verificou na sua bolsa se não se tinha esquecido de nada.

A casa estava assustadoramente isolada, era filha única. Sua mãe infelizmente falecera muito cedo e seu pai era um dos homens mais importantes de África e de Angola, tinha uma petrolífera e uma linha de jóias caras feitas com as mais preciosas pedras, naquela casa viviam apenas os dois num dos mais luxuosos condomínios de Luanda, mas Malika sentia-se vazia tinha tudo e ao mesmo tempo não tinha nada, não conhecia nenhum parente da parte materna e na paterna apenas alguns, nem sequer entendia porque o seu pai não permitia nenhuma aproximação entre eles. Contudo ela era sozinha.

A festa seria numa das casas nocturnas do bairro patriota, chamava-se patriota lounge pub bar. Ela passava por aí tantas vezes, mas nunca sequer passou na sua cabeça entrar em uma delas. Vários carros já se encontravam estacionados, seu carro era um Ranger Rover do último grito. Um pouco relutante desceu do carro e contou até três dizendo a si mesma que iria correr tudo bem. Caminhou até a porta e encontrou dois homens altos e muito grandes.

Malika - Amar ou odiar?Onde histórias criam vida. Descubra agora