Um pedaço dos infernos

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Já havia se passado um mês desde que Malika teve aquele horrível encontro com o seu
pai. Para sua sorte, ele viajara a uma semana e só voltaria depois de dois meses, e isso
significava menos perturbação e mais paz para si. E quanto a Rafael ela não voltou a
procura-lo, embora muitas vezes se via tentada a faze-lo. Nem ele tentou localiza-la, mas também não tinha como, porque não tinha deixado nenhum contacto seu. Era terça-feira e ela decidiu ir fazer algumas coisas pendentes que tinha. Começaria por ir fazer alguns pagamentos e depois iria ao shopping comprar algumas coisas para si e para casa. Despediu-se da tia Ana e começou a sua jornada. Foi uma dor de cabeça quando foi ao
banco fazer os pagamentos, além de não ter sistema, ficou mais de 2 horas de pé a espera
que o sistema voltasse, estava exausta e faminta. Já era hora do almoço, então aproveitou
e parou em um restaurante próximo de onde estava.
Não estava muito cheio, umas 5 mesas estavam ocupadas, por grupos e duas a 5 pessoas,
pegou no cardápio e esperou e escolheu o que iria comer. E chamou um garçon.

- Boa tarde – disse simpática.

- Boa tarde respondeu o jovem – sorridente – o que a senhora vai querer?

- Funje de carne seca por favor. O que têm para a entrada?

- Temos duas sugestões. Cogumelos salteados com bacon e patê de atum.

- Patê de atum e um sumo de laranja por favor.

O jovem despediu-se e em seguida trouxe o seu pedido. E seu estômago agradeceu quando pôs a primeira garfada na boca.
Uma hora depois de ter terminado, deu partida e lembrou-se de que tinha que passar ao shopping. A primeira coisa que fez quando chegou foi entrar em uma loja de roupas,
começou a andar lentamente, vagando seus olhos grossos por onde podia, mais lá para
frente, viu um vestido que chamou a sua atenção. E aproximou-se dele. Era azul-marinho em forma de triângulo, tinha alças finas sem nenhuma estampa. Tinha a certeza que lhe chegava até mais ou menos depois dos joelhos.

- Boa tarde – precisa de ajuda?

Malika assustou-se, e recuou para o lado, sentindo as suas pernas sem forças para
sustentá-la. Conhecia aquela voz, conhecia tão bem que as vezes tinham a impressão de
ouvi-la. Mas agora parecia ser real e não fruto da sua imaginação. Então virou-se
lentamente e sim, era ele.

Rafael naquele dia estava aborrecido, ultimamente andava stressado pela pressão que
sofria por parte do seu chefe. Onde trabalhava eram apenas duas pessoas a atenderem, era
ele e mais um colega, e isso fazia com que o trabalho fosse triplicado e quase não tinha
tempo para si. Ele percebeu que alguém tinha entrado na loja, mas não se importou em
saber quem. Estava farto.

- Entrou uma madame, vai lá ver o que ela quer – disse seu colega, um jovem alto com o
corpo médio e dono de uma beleza superável.

- Sabe que eu já ando stressado, nada mais me importa aqui. Se ele quiser pode ir ver –
respondeu dirigindo-se ao seu chefe.

- Não temos outra alternativa, se não aguentar. Vamos fazer como?

- Vocês os dois que estão aí na conversa não viram a cliente na loja?

Rafael olhou para o seu chefe, um português baixo e calvo.

- Não – respondeu Rafael mais irritado do que seco.

- Então vá lá ver. Estás a espera do quê? Vá, vá – ordenou arrogante.

Rafael segurou o impulso de atira-lo contra a parede e foi ver a cliente. Quando se
aproximou seus olhos não podiam acreditar no que estava a ver. Era Malika, a moça que
vinha perturbando seus sonhos a quase a um mês. Ele tentou procura-la, mas sem sucesso,
tinha desaparecido da face da terra e agora ela estava aí bem a sua frente, tão linda, muito
mais linda do que se lembrava. Sua calça preta elástica, desenhava bem as suas pernas
não muito grossas, trajava uma blusa de ceda florida bastante bonita.

- Boa tarde, precisa de ajuda? – Disse em tom simpático.

Ele percebeu que ela já o tinha visto. Então sorriu.

- Você?! – O que faz aqui? – Perguntou ela ligeiramente nervosa.

- Trabalho aqui – respondeu apontando para o seu uniforme. Um conjunto de uma t-shirt
branca e calça preta.

- Claro concordou abanando a cabeça.

- Onde você esteve durante esse tempo todo? – Indagou Rafael sem tirar os olhos dela.

- Onde sempre estive – disse curta e seca.

- Isso não é nenhuma resposta. Ainda não deixaste de ser grossa?

Malika sentiu vontade de rir, porém concentrou-se o máximo que conseguiu.

- Ayé? Vou levar este vestido – disse mudando de assunto sem o mínimo esforço.

- A 15 mil kwanzas? Você não respondeu a minha pergunta.

- O que tem? Não há nada para responder, não fará nenhuma diferença na sua vida.

- Vocês os ricos gostam de brincar com dinheiro. Mas leva, não é mesmo meu, é seu.

Malika fitou-o atónica, não pensou que ele diria algo como aquilo.

- Não olhe para mim assim. É verdade. Posso tirar para registar?

- Regista – disse ríspida.

- Mas alguma coisa?

- Não. Obrigada. Seja breve, tenho coisas para fazer.

Rafael decidiu não responde-la, ficou com ela apenas uma noite, mas parecia que já tinha
convivido com ela a mais tempo, era impressionante como pensava nela todos os dias Principalmente a noite quando ela vinha lhe visitar em sonhos. Ele passou para o outro
lado do balcão e registou o produto, pôs em um saco e entregou-a. Ela estendeu a mão
para receber, mas ele segurou-a com força.

- Você não vai fugir de mim outra vez – admoestou sério.

Malika puxou bruscamente a mão, pelo choque que teve, seu coração não parava de bater
rápido.

- Eu não fugi de si, está bem? E antes de ir embora, fui bem clara.

- Não sou tolo, eu entendi tudo perfeitamente. Se tudo foi um erro, eu quero errar de novo.

Ela mal podia acreditar que aquele homem estava a dizer aquelas palavras. Gostava dele,
embora que nunca tinham tido um relacionamento, gostava dele e algo entre eles era
proibido, seu pai nunca o aceitaria, por isso ela tinha que afasta-lo.

- Por favor não me procure – disse amargamente.

- Tens a certeza que é isto o que queres?

- Tenho – respondeu duvidosa.

- Então vá com Deus – redarguiu Rafael frio sem olhar para ela.

Então, hoje postei 2 capítulos. Não se esqueça de votar e dizer o que achas.
Bjs.
Leia com amor❤

Ally Elon.

Malika - Amar ou odiar?Onde histórias criam vida. Descubra agora