Malika ouviu o carro a arrancar e sentou-se aí aonde estava, as palavras dele ecoavam na sua cabeça sem parar, não tinha pensado que ele preferia estar morto. E como ela viveria? Já não sabia se sentia raiva dele, sentia-se um pouco culpada, depois de tudo o que lhe tinha dito. Olhou para o seu telemóvel que estava em cima da mesa, e procurou pelo número que pretendia e o pôs a chamar.
- Alô – ouviu a voz grossa.
- Pai.
- Ham! É você. O que queres? Malika não surpreendeu-se.
- O pai pode explicar-me o porquê o Rafael sai daqui tão cedo e chega aquela hora, tarde da noite?
- Ele é o seu marido, pergunta isso a ele e não a mim.
Ela revirou os olhos. Era a segunda vez que recebia a mesma resposta.
- Peço, por favor que me digas sem rodeios.
- Ele trabalha para mim – disse finalmente.
- O que ele faz?
- Aquele imprestável, é responsável pela arrumação dos arquivos dispersos aqui na minha empresa.
Malika estava estupefacta. Era muita coisa. Aquela sala tinha imensos documentos dispersos, era necessário mais do que uma pessoa para organizar tudo aquilo. Era um trabalho que para cinco pessoas duraria meses.
- E o senhor o remunera por tudo isto?
- De modo algum! – Respondeu como se tivesse ouvido algo ofensivo – vocês pensaram que depois de tudo o que me fizeram passar viveriam em um castelo?
Ela balançou a cabeça em reprovação.
- O pai obrigou-nos a se casar. Não é o suficiente? Estás a faze-lo praticamente como seu escravo. E isto é crime.
- Faça-me o favor filhinha, é o mínimo que eu podia fazer – E desligou.
Malika não conseguia acreditar, um sentimento de tristeza a invadiu. Agora sim sentia culpada. Seu coração só tinha lugar para o ódio, que não viu que mesmo ele a tendo feito mal, estava a pagar um preço alto. Afinal de contas os dois eram culpados. E mesmo assim, as palavras que ele lhe tinha dito hoje de manhã. Ainda varriam a sua mente. Já tinha anoitecido, e mais uma vez, Malika estava a espera que ele chegasse. Estava ansiosa, e ao mesmo tempo angustiada. Rafael já tinha chegado. Quando ele entrou. Ficou paralisado. os dois trocaram olhares por longos minutos sem dizerem nada. Na sala apenas ouvia se a respiração deles. Malika aproveitou para observálo melhor, ele estava magro, muito mais magro. Como não tinha reparado nisto? Tinha a aparência ca podia ver através dos seus olhos. Definitivamente já não era o mesmo.
- Boa noite - disse ele quebrando o silêncio.
Boa noite - respondeu um pouco acanhada - por favor, podes sentarnsada, te por uns instantes?
- Estou cansado, tudo o que quero é dormir- Disse com impaciência.
Malika sentiu seu coração a ser partido. Não sabia porque se estava a sentir daquele modo.
-Está bem - disse com a voz triste.
Ele não tentou convence-la a falar. Subiu as escadas e já não desceu. Por Deus o que se estava a passar com ela? porquê a indiferença dele a magoava tanto? Foi também para o seu quarto e passou a noite em claro. Tinha que tomar uma atitude, não podia se convencer com a vida que levava, nem tão pouco se contentar, com o que seu pai a tinha dest inado a viver. Ele era o culpado de tudo, se não a tivesse tentado separar de Rafael, nada disso teria acontecido. Sabia que Rafael não era inocente, e que nada justificava o ele a tinha feito passar, mas se quisesse inverter a situação. Seu pai teria uma bela surpresa, nos próximos dias.
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Malika - Amar ou odiar?
RomanceMalika é uma jovem, que desde cedo teve que viver sobre as duras regras do seu pai com o falecimento prematuro da sua mãe. Seu pai, Gregório Kusso, é um dos homens mais ricos de África e Angola, um homem sem escrúpulos, disposto a tudo para quem se...