A união faz a força.

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No dia seguinte, os dois acordaram cedo, e Malika começou a preparar o almoço, como era sábado optou pelo funje com galinha de muamba. Quando eram 11 horas, Rafael saiu para ir busca-los. Enquanto isso ela preparou tudo lindamente. E aproveitou para tomar
um banho de água fria para tirar o cansaço daquela manhã agitada. Quando eles chegaram, ela já estava pronta. Rafael chamou-a. Desceu com cuidado, de longe reconheceu um deles. Era o mesmo jovem que trabalhou com Rafael em uma loja de roupas.

- Boa tarde! – cumprimentou sorridente.

- Boa tarde! – responderam em uníssono.

- Esta é a Malika. Minha esposa – disse Rafael.

- Cunhada – disse o jovem que ela só conhecia de cara – finalmente conheci-te. Esse
individuo deu-nos muita volta – disse ele simpaticamente a abraçando com afecto – eu
sou o Osvaldo.

- E eu o Emanuel – disse o outro- dando-lhe dois beijos na bochecha.

-Prazer em conhecer-vos – respondeu – por favor,queiram sentar-se.

Eles dirigiram-se até ao sofá e sentaram-se. Enquanto isso, deixou-os com Rafael e
começar a pôr a comida por cima de uma mesa, que estava na sala de jantar.

Quando terminou, convido-os a sentarem-se a mesa. Eles a elogiaram bastante e Rafael, não deixava de lançar olhares de agradecimento a ela. Eles eram muito engraçados, assim como Rafael era no início. Só não sabia se ele continuava a ser o mesmo.
Ficaram quase, a tarde toda aí. Rafael estava completamente diferente. Mais sorridente e os seus olhos brilhavam.

- Do que vocês estão a espera, para nos dar um sobrinho? – Indagou Osvaldo em tom
sarcástico.

Malika e Rafael entreolharam-se constrangidos. Rafael logo percebeu o pedido de socorro
de Malika.

- Tínhamos algumas prioridades – respondeu.

- Uma criança é a maior alegria de uma casa, raramente ficarão tristes. Uma casa sem crianças torna-se uma casa infeliz.

- Isso em verdade – concordou Emanuel. Eu sou o exemplo vivo disso. Façam um filho e
a vossa vida vai mudar.

Malika não sabia o que dizer, tinha 24 anos, já muitas vezes pensou em ter filhos, mas
desde que casara com Rafael, não tinha pensado nesta possibilidade. E também não tinha como terem um, enfrentando uma batalha com o seu pai.

- Vamos pensar no assunto, não é amor?

- Sim, vamos pensar –
respondeu.

A conversa estendeu-se até mais algumas horas. E Rafael levou-os de volta para casa.
Quando chegou, la já estava no quarto, ele subiu e bateu a porta.

- Entra – disse Malika.

Ele entrou. Malika já se encontrava deitada, Rafael sentou-se em uma poltrona branca que estava perto da cama dela.

- Meus amigos disseram que gostaram muito de ti – pronunciou-se.

- Eu também gostei muito deles. São simpáticos.

- São meus amigos de infância. Antes de acontecer aquela tragédia, eles frequentavam muito a minha casa, e mesmo depois de tudo eles nunca deixaram de ser meus amigos. Apoiaram-me e ajudaram-me até aquela casa e trabalhar.

Malika apercebeu-se de que Rafael nunca havia falado sobre a sua família. Estava casada com quase um desconhecido.

- Rafael a tua família? Nunca contaste-me nada sobre eles.

- Quando tinha 16 anos, a minha mãe mandou-me a praça ir comprar o almoço. A deixei em casa com mais dois irmãos. Eram uma menina e um rapaz. Lena e Hermenegildo, na altura tinham 10 e 14 anos. Fui todo feliz porque naquele dia, a minha mãe faria o prato
que eu mais gostava. Funje com quisaca e uma carne fumada de veada que tinha trago de Saurimo. Ah! Como eu amava comer aquilo – disse feliz, como se estivesse a ver alguma coisa – mas ao voltar em casa, encontrou uma grande multidão em volta da minha casa.
E fumo saindo de lá. Larguei o saco no chão e corri com todas forças. Não consegui crer no que vi. Estava totalmente queimada.

Ela conseguiu ver a emoção através dos olhos deles que agora estavam cheios de água. Levantou-se e sentou-se bem perto dele e acariciou a sua perna, o encorajando a
continuar.

- Eles estavam mortos. Ouve uma fuga de gás. E nenhum deles sobreviveu. Se eu não
tivesse ido na praça. Talvez eles ainda estivessem vivos – disse agora sem esconder as
lágrimas.

Malika rapidamente o abraçou. Ele carregava algo deque não tinha culpa. Devia sofrer muito com isto.

- E o teu pai? – Disse ela se afastando.

- Meu pai! – Exclamou sorrindo triste – ele abandou-nos e ninguém nunca mais soube dele.

- Não tens um outro familiar, sei lá! Alguém, com quem possas contar?

- Infelizmente não. Minha mãe, era uma órfã de guerra, que teve a infelicidade de encontrar um desgraçado como o meu pai.

- Lamento muito. Não fazia ideia disso. Por isso, nunca apresentaste-me ninguém.

Embora dissesse aquelas palavras corajosas, seu coração estava partido, não fazia ideia de uma tragédia como aquela. Ele deve ter sofrido muito e continuava a sofrer.

- Bem, tudo o que sei, sobre mim, é que a minha mãe morreu a muito tempo. Não
cheguei de conhece-la bem. O meu pai criou-me, sem amor. Nunca mostrou-se
interessado nas coisas que gosto de fazer. O que importa para ele é o sucesso. O resto é
resto. Proibiu-me de fazer quase tudo. Até mesmo de ter a minha independência.
Controla-me como uma marionete. Nunca abraçou-me. Tudo o que ele soube fazer é encher-me de dinheiro e ofensas. As vezes preferiam ter morrido como a minha mãe...

Rafael pôs os dedos nos lábios dela e a silenciou.

- Shiu! Não diga algo assim. Se não existisses, eu jamais teria te conhecido. Você é
maravilhosa e única. Se ele não valoriza-te, a quem te ama três vezes mais.

Ela ficou silenciosa. Será que estaria a falar dele mesmo?

-Lamento muito por ter- te incluído neste meu mundo tenebroso.

- Eu não me arrependo Malika. Eu..

Ele calou-se de repente.

- Bem acho que vou dormir – disse levantando-se.

- Precisamos descansar. está bem. Até amanha.

Rafael saiu, e ela continuou aí pensativa, hoje eles tinham partilhado algo muito íntimo.
Estava curiosa sobre o rumo que tudo isto iria tomar.

Malika - Amar ou odiar?Onde histórias criam vida. Descubra agora