Depois do casamento

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Malika recuou uns passos para trás atordoada. Tinha a certeza que não tinha ouvido bem.

- Não entendi, isso é uma espécie de brincadeira? – Indagou.

- Não se faça de surda, entendeste muito bem o que eu acabei de dizer.

- O pai é louco ou algo parecido? Ele violentou-me e tu tens essa ideia sem nexo.

- Eu não mandei-te te envolveres com ele. Só estás a colher o que você plantou.

- Não vou casar-me com ele – contrapôs – não podes obrigar-me a fazer isso.

- Posso como também, vou obrigar-te. Trata-se de uma ordem e não de um pedido.

Malika olhou para ele incrédula. Virou-se para Rafael.

- Odeio-te, por estares a submeter-me a isto. Odeio-te do mesmo modo que disse que te amava. Não passas de um desgraçado, um miserável.

Ele continuou calado com o olhar para baixo.

- Quiseste salva-lo, não será uma história bonita Malika? O resgatado a casar-se com a sua heroína.

Rafael tudo silenciosamente, queria poder fazer qualquer coisa para não envolver Malika, mas ela já estava- inicialmente, não queria nada a sério com ele, era apenas para ser uma aventura, mas por mais que tentasse, não conseguia afastar-se dela. O cheiro, o sorriso, a sua essência, despertaram em si um lado que desconhecia, o do amor. Na noite em que foram atacados em Benguela, tentou manter a calma. Sabia que qualquer coisa que fizesse, quem sairia prejudicada seria Malika, então deixou que o batessem e não tentou defender-se, o que não suportou foi ver o modo como eles a estavam a tratar. Agora era ele quem a tinha feito o pior dos males. Não conseguia entender a si mesmo. Recriminavase por a ter forçado mesmo ela pedindo que parasse. Não suportou a ideia de deixá-lo. Não conseguia perdoar-se e Malika agora o odiava. Gregório, era realmente um homem cruel.

- O senhor é mesmo o meu pai? – Perguntou Malika com fúria – as vezes acho que não, porque não consigo encontrar um outro motivo para tanto ódio. Falta-te um coração puro. E isso o seu maldito dinheiro jamais comprará.

Dito isto saiu do escritório pisando duro. Tinha passado dos limites.

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Malika não conseguia acreditar que tinha acabado de assinar na conservatória. O casamento estava a ser realizado secretamente, tendo o seu pai e umas pessoas que nunca viu na vida como testemunhas. Não precisaram deslocar-se, o juiz foi até ao condomínio. Durante o mês que se passou, Malika não passara uma única palavra a Rafael, preferia comer no quarto, e estar lá a maior parte do tempo. Ainda estava magoada com ele. Assim que o juiz retirou-se. Gregório os obrigou a permanecerem aonde estavam. Assim que se despediu dos seus convidados, chamou-os até ao seu escritório.

Dessa vez Malika sentou-se carrancuda, e o mais distante que conseguiu de Rafael. Não se atrevia a olhar para ele.

Esperou impacientemente que ele começasse a falar.

- Felicidade ao casal – disse zombeteiro olhando de um lado para o outro.

Malika não se deu ao trabalho de responder-lhe. Não entendia como seu pai tinha pensado em uma insanidade como aquela, mas se era o seu castigo por o ter salvo, ela obedeceria, para algum dia poder livrar-se.

- Bem – começou Gregório – primeiro é que vou deixar essa casa, ou pensaram que eu viveria debaixo do mesmo tecto com vocês? A casa será vossa. Porque pretendo que vocês vivam um inferno, sem poder sequer olharem um para o outro e lembrarem-se do que vos uniu.

Malika - Amar ou odiar?Onde histórias criam vida. Descubra agora