Foi tudo um erro

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Malika abriu os olhos, estava coberta por lenções vermelhos, virou-se para o lado e o viu.  Ele dormia tranquilamente, parecia feliz. Então aproveitou para o observar melhor. A barba estava por fazer e nem assim ele deixava de ser lindo. Sobrancelhas bastantes preenchidas, por cima do olho esquerdo havia uma pequena cicatriz. Seus olhos vagaram por onde se encontrava, era apenas um quarto não muito pequeno, do outro lado havia um plasma colado a parede, um aparelho de som, e do outro um fogão e um guarda-louça, tudo muito bem organizado, as paredes estavam pintadas de um amarelo mostarda. Eles estavam deitados em um colchão, que estava sobre um tapete. Fora uma noite maravilhosa. Tinha dormido com um estranho e não conseguia sentir-se arrependida, embora isso fosse contra os seus princípios. Não houve promessas nem juras, apenas aquela conexão que ela nunca pensou sentir com mais ninguém. 

- Bom dia! 

Ela  assustou-se, seus pensamentos a tinham levado para bem longe de onde seu corpo estava.  

- Bom dia  respondeu fria  tenho de ir  disse de repente levantando-se em um salto.

- Porquê? 

- Porque tenho de ir  respondeu apanhando a sua roupa e começou a vestir. 

- Mas do nada, sem motivos?  - Perguntou ríspido

- Agradeceria que não me fizesses perguntas, está bem? O que você pensou? Que eu haveria de ficar aqui consigo o dia todo indagou com raiva na voz.

-Porque tenho que ir não é uma resposta. é por eu ser pobre, é isso?
Malika fitou-o mortalmente, odiava pessoas que se auto desprezavam. Ela não era de gostar das pessoas pelo que tinham.

--Não diga tolices. Não tenho que dar  explicações por nada.

- Então se não gostaste da noite,   pelo menos seja mais sincera -  redarguiu exasperado. 

- Olha, a noite foi maravilhosa, foi fantástica. és o melhor. Mas isso acabou.

Rafael, não entendeu o porque ela estava com aquele comportamento abrupto. Não pensou que agiria assim ou que fosse tão mal educada, deveria ter mais amantes e os descartava tal com ele. Mas tudo bem se isso era o que queria, não a obrigaria, até porque ele podia ter a mulher q ue quisesse a qualquer momento, não precisava mendigar, apenas num estalar de dedos ele resolvia suas necessidades masculinas.

- Sou muito agradecida pelo que fez comigo disse Malika agora mais calma. Nunca me vou esquecer desse favorzinho. Mas o que aconteceu entre nós, foi uma loucura, algo que nunca sequer deveria acontecer.

-- Mas aconteceu, e não foi isso que você me disse o ntem a noite.

Malika fechou os olhos, e viu as lembranças da noite passada, iria passar uma borracha em tudo e pronto.

- Infelizmente aconteceu. E o prazer nos faz dizer coisas desconexas, acho que já deveria aprender isto. Tchau.

Ela nem sequer lhe deu tempo para responder, andou o mais rápido que conseguiu e deu partida. Não quis ser rude com ele, é claro que tudo o que tinha dito a ele era mentira, a quem ela queria enganar. Foi a melhor noite de todas, se pudesse ficaria com ele por mais tempo, mas era algo que não podia fazer. Ela não queria criar sentimentos nem qualquer tipo de laços com ele. O melhor que tinha a fazer era esquecelo o quanto antes e cortar o mal pela raiz antes que fosse tarde de mais. Eram quase nove horas quando ela deu en trada ao condomínio, ao longe viu o carro do seu pai estacionado em frente a casa, então ele já tinha chegado. Teria grandes problemas. Mesmo com as pernas bambas e o coração quase a sairlhe pela boca, desceu do carro e obrigou suas pernas a manteremse f irmes e seguir o seu comando. Respirou fundo e girou a maçaneta dourada. Ele encontravase sentado lendo um jornal, estava de costas para ela. Mas tinha a certeza de que tinha ouvido os seus passos.

-- Por onde esteve? Indagou sem nem sequer olhar para

- Bom dia para o senhor também. Estive por aí ela -  respondeu Malika indo em direcção as escadas.
                                                                                                                                            - Estou a falar consigo não me vire as costas  vociferou.  

Malika parou e virou-se para ele, estava totalmente nervoso, e fora de si, saindo fumo pelas narinas.  

- Vai explicar-me direito aonde passou a noite.

  - Primeiro eu não sou uma bebé, segundo nem uma boneca a quem o pai pode comandar a hora que quiser e depois, acho que se está a esquecer da minha idade  respondeu irritada.   Seu pai fulminou-a com olhar por longos minutos. 

- Eu não admito faltas de respeito Malika, enquanto você viver sobre o meu tecto, obedeces as minhas regras, sou seu pai. não admito que faças burrices por aí. Tenho um nome e uma reputação para preservar. 

- É só com isso que o pai se importa, com a sua bendita reputação e não comigo  cuspiu as palavras como fogo  se estou na sua casa é porque o senhor me prende aqui, e não por livre vontade, porque se me dissesse aonde está a família da minh...  

- Cala-te!  Bradou aproximando-se dela  sai da minha frente antes que eu perca a cabeça. 

Malika ficou estática o olhando com água nos olhos, não choraria a frente dele.  

-Sai, você é surda?

  Quando deu as costas, sua visão ficou totalmente embarcada, pelas lágrimas que desciam dos seus olhos sem parar, atirou-se na cama e chorou livremente. Esse era o seu pai. Este era Gregório Kusso. Não sabia porque sempre a tratara como um obstáculo, como uma praga. Ele não a amava, Malika já havia perguntado muitas vezes como ele não a tinha vendido quando criança. Estava cansada de ser tratada como uma boneca, mas não tinha grandes chances, seu pai nunca a deixaria livre.   Acordou com uma enorme dor de cabeça, olhou para o relógio na sua banca e assustou-se com o tanto que tinha dormido, já eram dessásseis horas. Levantou-se lentamente e dirigiu-se até ao espelho. Seus olhos estavam inflamados pelo choro e cobertos de olheiras que não disfarçavam o seu estado de pura depressão. Depois de longos minutos olhando para o seu reflexo triste, decidiu tomar banho de água fria para tentar relaxar os músculos. Quando terminou de vestir-se seu estômago roncou recordando-a de que não havia comido nada desde o dia anterior. Desceu as escadas e foi até a cozinha que era luxuosamente decorada de branco e azul-escuro com os mais modernos equipamentos. Tia Ana e nem nenhum outro empregado encontrava-se na casa, e quanto ao seu pai, fazia questão de não saber.

Malika - Amar ou odiar?Onde histórias criam vida. Descubra agora