Amália encarava a parede de pedra sem saber a quanto tempo.
Seus pensamentos vagavam para longe dali, indo diretamente para Afonso e para o quanto ela estava irritada com ele e em como sua falta de ação foi o fator primordial para que ela sofresse danos graves, totalmente diferente das outras vezes.
A ruiva teve a impressão de que ele mal havia se esforçado para livrá-la daquela injustiça que estava sofrendo. Qual era o problema em não ser uma cidadã de Montemor? Ela é a noiva do rei, a futura rainha e tal status deveria valer de alguma coisa naquele ponto. Ele deveria conseguir interceder ao seu favor para que essa pena ridícula não fosse cumprida.
Em que mundo ela aguentaria cinquenta chibatadas?
A lembrança da expressão de triunfo no rosto da rainha fazia com que a raiva se direcionasse para aquela desgraçada, sua mente tornando-se nublada pelo ódio e pelo desejo de vingança que corria por suas veias, o ferimento em sua mão latejando dolorosamente mesmo através das ataduras. Amália não se considerava uma pessoa ruim, ela se considerava uma pessoa boa demais para a realidade que experimentava desde que havia aprendido a andar.
Tudo isso é tão injusto.
Ela havia dado a lição que aquela víbora maldita pedia nos últimos tempos.
Catarina vinha testando os limites de sua paciência ao fazer comentários e insinuações sobre seu relacionamento com Afonso e de como assumiria o lugar no trono ao seu lado assim que Amália fosse descartada. A jovem sempre buscou manter a paz ao ignorá-la a pedido do noivo, embora houvesse vezes em que entrara no jogo da rainha, deixando seu temperamento levar a melhor sobre si, em ocasiões onde havia uma quantidade considerável de testemunhas, o que gerava mais comentários negativos sobre a candidata a rainha.
Quando tais encontros aconteceram, o rei usualmente intercedia a seu favor com uma reprimenda simples ou com orientações para que se mantivesse afastada de Catarina, afirmando inúmeras vezes que a rainha não era conhecida por sua paciência. Isso sem contar o fato de que se ela decidisse por envolver o Conselho na questão, ele não teria uma chance de tentar contornar a situação. E por essa razão, Amália tentou se manter longe de seu caminho.
Ah, mas era tão difícil resistir às provocações de Catarina, tornando a convivência no castelo ainda mais difícil do que o usual, com ela usufruindo de mais benefícios e regalias do que a própria noiva do rei. Quando a morena entrava em um cômodo, todos os olhares voltavam para ela e até mesmo o próprio Afonso dedicava-lhe maior atenção, o que a irritava profundamente.
A raiva borbulhava em seu peito com as lembranças.
Quando questionado sobre sua exclusão frequente, Afonso sempre disse se tratar de assuntos que somente os monarcas poderiam ter conhecimento, além de evitar um embate direto entre as duas que poderia resultar em uma guerra civil que Montemor não tinha condições de sustentar.
Eu também serei uma rainha, Afonso. Tenho que saber lidar com esses assuntos, não é?
Tentou argumentar com ele em uma das últimas vezes, o moreno simplesmente balançando a cabeça e se retirando dos aposentos compartilhados em seguida, deixando-a para trás com nada além do silêncio.
Ainda remoía os pensamentos raivosos quando acariciou a ferida em sua mão, limpa com água e sal para não infeccionar e permitiu que a sensação amarga do ódio inundasse seu peito, a chama da vingança inflamada quando o sorriso de Catarina voltou à sua mente.
A vadia havia conseguido a oportunidade perfeita para que Amália fosse tirada de seu caminho de uma vez por todas. Havia provocado-a com suas insinuações o dia todo e a ruiva havia se parabenizado mentalmente por ter conseguido se manter longe dela até o momento em que sua paciência se esgotou.
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Revenge
Fanfic"Amália aprenderia do pior jeito a quantidade de poder e autoridade a rainha possuía. Ela aprenderia como uma rainha deveria agir e se portar diante das mais adversas situações. Poder não era dado, era conquistado e isso, Catarina fizera sua vida to...