Parte IX

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- Eu não acredito que aquele rascunho de víbora tenha tido coragem de fazer isso comigo!

Catarina praticamente gritou a frase, olhando fixamente para seu vestido de noiva, os olhos embaçados pelas lágrimas não derramadas. 

Eu vou matar você Diana, com minhas próprias mãos.

Pensara a rainha, secando rudemente uma lágrima teimosa que escorrera por sua bochecha ao ouvir a porta atrás de si abrir-se e fechar-se, um ofego de surpresa vindo de Lucíola, que colocara ambas as mãos sobre sua boca ao deparar-se com o que deveria ser o vestido de noiva que a morena usaria no dia seguinte.

Que certamente não deveria estar em uma cor diferente do branco.

A dama se aproximou da morena, pronta para consolá-la e juntas pensarem em uma solução para o problema. A mesma voltou-se em sua direção, um sorriso ladino em seus lábios quando seus olhos se encontraram.

- Isso não irá me impedir, pelo contrário. O branco estava esplêndido. Porém, Diana, mesmo sem saber, resolveu meu impasse sobre como eu representaria as cores de Montemor em meu vestido. Acho que terei que lhe retribuir a gentileza em algum momento.

Antes que Lucíola lhe desse uma resposta, batidas firmes na porta foram ouvidas. Catarina acenou para a dama, que seguiu para lá, um soldado da guarda real entregando-lhe um papel pequeno e se retirando em seguida, com uma breve mensura. Após fechar a porta, a jovem seguiu em direção a rainha, que estava sentada diante da penteadeira.

- O que é isto?

- Acredito que um bilhete para Vossa Graça. 

Respondeu, entregando-o em sua mão. Após alguns momentos em silêncio, um sincero e caloroso sorriso se abriu nos lábios da rainha, que colocara-se de pé e seguira para o biombo presente no cômodo, seguida rapidamente por Lucíola, que ajudara a se vestir o mais rápido que pudera. 

Antes que conseguisse perguntar a razão para a súbita mudança de comportamento, a morena colocara-se para fora do lugar, o pequeno pedaço de papel esquecido em cima da penteadeira. Curiosa, a dama apanhou-o em suas mãos, lendo o que estava escrito. Um sorriso se abriu em seus lábios.

Catarina, 

Por favor, encontre-me nos jardins do castelo o mais rápido possível. Há algo que eu desejo entregar a você antes de nosso casamento amanhã. 

Vá sozinha. 

Com carinho,

Afonso.

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Afonso sentia-se completamente nervoso enquanto aguardava a chegada de Catarina. A caixa de madeira em suas mãos parecia pesar toneladas, as palmas completamente suadas. Mordeu o interior de sua bochecha, ponderando se aquela realmente era uma boa ideia.

Somos noivos, é aceitável que eu lhe dê um presente de casamento, não é?

Seus questionamento foram interrompidos com o som de passos se aproximando de onde ele estava rapidamente, a figura esbelta de Catarina preenchendo seu campo de visão. Um pequeno sorriso abriu-se em seus lábios enquanto observava-a procurá-lo com o olhar, encontrando-o próximo de onde um exemplar de rosa-negra-do-deserto estava plantado, caminhando imediatamente em sua direção.

Quando a morena parara diante de si, seus olhos se encontraram e, por um longo momento, tudo ao seu redor se tornara desfocado, seu único ponto de referência sendo as ônix brilhantes a sua frente. Piscou, pigarreando, desviando o olhar por um breve instante para a caixa em suas mãos, ato seguido pela rainha, seu rosto assumindo uma expressão curiosa.

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