— Os baús já estão prontos, Lucíola?
Catarina pergunta sem se virar para sua dama, os olhos vidrados no jardim do castelo, apreciando-o por um momento a mais antes de deixá-lo para trás e seguir com seu destino. Perdeu o aceno positivo da jovem, que agora a olhava com incerteza.
— Minha rainha, tem certeza do que está prestes a fazer?
Seu rosto era uma máscara bem forjada, livre de qualquer expressão.
— A única coisa que tenho certeza é que meu reino precisa ser reconstruído. Já que nosso anfitrião recusa-se a tomar uma decisão, eu farei — respirou fundo, sem encará-la. — Ao entardecer, partiremos para Sonciera. Darei minha resposta pessoalmente ao príncipe Charles e permaneceremos lá até o casamento.
Permaneceu em silêncio, virando-se para Lucíola.
— Mande que preparem nossa carruagem o mais rápido possível. Não desejo perder mais nenhum segundo que seja nesse lugar.
A dama fez uma reverência, saindo dos aposentos da princesa. Catarina aproveitou o momento a sós para puxar uma profunda respiração em uma tentativa de se acalmar e focar no que precisava de sua atenção imediata. Porém, uma lágrima teimosa escorreu pelo canto de seus olhos, rapidamente sendo capturada pelas pontas de seus dedos.
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Afonso suspirou quando se recostou na cadeira, fechando os olhos antes de seus dedos subirem para esfregar as têmporas, tentando aliviar sua dor de cabeça. Ouviu a porta do escritório ser aberta e passos calmos soando no ambiente silencioso, seguido de um arrastar de cadeira. O moreno abriu os olhos, deparando-se com Gregório olhando-o atentamente.
— Majestade, está tudo bem?
Após um curto silêncio, o rei acenou com a cabeça, latejando ainda mais pelo movimento, desviando o olhar de seu conselheiro para o papel em branco a sua frente.
— Tem certeza?
Os ombros caídos certamente deram-lhe a pista que necessitava.
— Problemas demais, horas de descanso de menos. As noites insones têm me cobrado seu preço, meu amigo.
Gregório assentiu, seu olhar descendo para a folha, o que o fez franzir o cenho.
— Estava escrevendo uma carta?
O conselheiro havia notado o olhar descontente de Afonso para o papel, como se o mesmo o tivesse ofendido pessoalmente.
— Sinceramente? Deveria. Mas sempre que pego a pena e começo a maldita coisa, minha mente toma outra direção e acabo desconcentrado.
O mais velho assentiu, esquadrinhando o rosto abatido e cansado do rei.
— Encontrei a dama de companhia da rainha Catarina há pouco, no corredor. Conversamos por e ela me deixou a par das novidades.
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Revenge
Fanfiction"Amália aprenderia do pior jeito a quantidade de poder e autoridade a rainha possuía. Ela aprenderia como uma rainha deveria agir e se portar diante das mais adversas situações. Poder não era dado, era conquistado e isso, Catarina fizera sua vida to...