Capítulo Dois

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Yangcha é um guerreiro. Não um guarda. Yangcha foi treinado para a guerra, para a matança, para a perseguição. Não para ficar parado ao lado de uma garota bonita, como um enfeite. Ele pode ficar imóvel, tão imóvel que parece que é natural para ele, mas seu corpo implora para se movimentar, para caçar, para lutar.

Ele sente falta de estar com as Forças Daekan. Guerreiros barulhentos, irritantes, provocadores. Yangcha nunca conversava com eles, é claro, mas estar entre eles era natural, era o que ele estava acostumado desde adolescente. Parado aqui como uma estátua, como ele pode ser um guerreiro melhor? Como ele pode ultrapassar Mobaek na luta, se ele não pode sequer treinar?

Yangcha suspira, exasperado.

Ele achou que seria por pouco tempo. Que Tagon logo iria acabar de brincar com a Alta Sacerdotisa, e o colocaria com os guerreiros Daekan novamente. Agora ele descobriu que ele deve permanecer com Tanya Niruha, por mais tempo. Quem sabe quanto tempo. Por muitos anos, talvez.

A garota Wahan não é a pior companhia. Também não é ruim de olhar.

Tanya é bonita. Yangcha pode reconhecer isso, ele não é proibido de observar isso. Ele só é proibido de tocar.

Quando ela usa seus vestidos finos e quase transparentes, e anda na água do Grande Santuário, se movimentando no ritmo de um som que apenas ela ouve, Yangcha se vê quase hipnotizado. É como um pássaro voando, a dança da Alta Sacerdotisa. É encantador, como uma deusa imortal que desceu para agracia-los. Quando ela abre a boca, no entanto... É como uma víbora. Uma aparência tão graciosa esconde uma lingua tão afiada. Mas até mesmo isso, Yangcha acha encantador. Que essa garota selvagem possa ter dois lados tão diferentes - gentil com as crianças escravas, afiada contra seus inimigos.

O problema, o motivo maior do seu descontentamento, é o fato de que Yangcha precisa lutar como precisa respirar. Ele nunca passou tanto tempo sem lutar ou treinar. Ele quase deseja que alguém faça uma tentativa na vida da Alta Sacerdotisa, apenas para que ele possa lutar. A adrenalina de uma luta, ele anseia constantemente por isso. E a maldita garota sabe, é claro. E ainda assim, ela pediu á Tagon que ele continuasse ao lado dela - o que o surpreende muito.

Não pelo fato dela saber que ele está desconfortável ao seu lado, por não poder lutar. É claro que isso não a incomodaria. Ele é um gosal e seu inimigo, ela provavelmente gosta de torturá-lo.

Mas então, o motivo numero dois pelo qual Yangcha anseia sair da posição de guarda deveria incomodá-la - ele é um homem, um homem jovem, com desejos físicos. Um que não está sendo devidamente saciado, já que está constantemente preso á Alta Sacerdotisa. Um homem com desejos cuja única mulher que ele deve olhar é a Alta Sacerdotisa, que não é feia nem velha - então Yangcha deseja. É inevitável. Nada como Tanya é a mulher mais bonita que ele já viu, mas ela é a única mulher que ele está vendo constantemente. E usando todos esses vestidos brancos e transparentes - Yangcha teria que ser feito de pedra para não desejar. E ela sabe disso. Como ela não saberia, quando pode ouvir seus pensamentos? Yangcha não faz questão de ser secreto sobre isso. Há muitas coisas que ele prefere que ela não ouça, mas isso... Ele não se importa. Ele apenas pode desejar que ela se sinta verdadeiramente incomodada e peça á Tagon para enviar outro guarda em seu lugar.

Há apenas Yangcha e Tanya no Grande Santuário. Ela está dançando á algum tempo. Yangcha está tentando entreter alguma fantasia sobre alguma mulher que ele já dormiu - ele não é tão estúpido para fantasiar sobre a Alta Sacerdotisa. Não na frente dela, é claro. Ele mal percebe quando Tanya pára de dançar e olha para ele.

- Gosal. - ela murmura , claramente enojada.

Yangcha sorri sob a máscara.

'Você não deve reclamar do que ouve, quando está invadindo os meus pensamentos'.

O amor de uma Sacerdotisa [Tanya / Yangcha]Onde histórias criam vida. Descubra agora