Capítulo Cinco

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A Alta Sacerdotisa está chorando novamente. Isso acontece com alguma frequência, e ainda assim Yangcha não pode deixar de ficar curioso quando isso acontece. Ela está determinada ou apenas triste?

Yangcha ainda preferia não estar presente nesses momentos. É desconfortável.

Yangcha entende pouco de mulheres, e menos ainda do tipo de mulher que Tanya é. Ele procura as mulheres quando é conveniente para ele, mas é isso. Ele cresceu sem mãe e sem irmãs, cercado de homens guerreiros, homens que dificilmente choravam, então ele sinceramente nunca entendeu porque alguém chorava. Chorar por causa de uma dor física, ele entendia isso. Chorar quando alguém morria, ele entendia isso, embora ele mesmo não chorasse por isso há anos. A morte era algo natural para quem vivia na guerra. A maioria dos guerreiros aprendiam cedo a ver a morte sem derramar lágrimas. Tanya Niruha... ele não entende. Uma pessoa chora quando está determinada? Ele não entende.

- Você já lamentou alguma das suas vítimas? - Tanya pergunta de repente.

Yangcha medita e chega á conclusão rapidamente.

'Não'.

O mais perto que ele chegou de lamentar foi sobre a tribo Wahan, quando descobriu que eles eram descendentes de Asa Sin. Ele não lamentou matar, exatamente, apenas o fato de não saber quem eles eram na época e exterminar parte da descendência da Grande Mãe. Muito pouco sobrou dos Wahan.

- Bem, suponho que você não entenderia. - Tanya diz, enxugando as lágrimas.

Yangcha acha que entende o motivo, pelo menos. Isso deve ser sobre o clã Asa, a qual Tanya ordenou matar seus sacerdotes e cortar os pés de várias famílias. Ela sequer derramou uma gota de sangue, os soldados fizeram todo o trabalho - Yangcha incluído - mas ela lamenta isso. É ainda mais tolo, na opinião dele. É por isso que ela nunca irá vencer Tagon. Ela é fraca, de muitas maneiras, mas principalmente em seu coração.

Tanya balança a cabeça, terminando de secar seu rosto.

- Deixe Saya entrar.

Yangcha obedientemente abre a porta para o herdeiro de Tagon entrar. O guerreiro Daekan não sai da sala, esperando Tanya ordenar ele deve sair ou não.

- Niruha. - Saya estende a mão para ela.

- Você precisa de algo?

O jovem sorri.

- Apenas da sua companhia. - ele responde, sentando á frente da sacerdotisa. - Algo aconteceu?

Ele obviamente percebe que ela estava chorando. É muito óbvio pela vermelhidão em seus olhos.

- Não, estou bem. - Tanya se esforça para reinar sobre suas emoções e se concentra no jovem á sua frente. - Você precisa de algo?

- Eu vim para saber mais sobre Eunseom. - Saya diz.

- O que você quer saber?

- Os sonhos que eu tive. Eles eram sonhos, ou eu estava apenas tendo visões do meu irmão?

Tanya o encara incerta por alguns momentos. Então ela abre sua caixa de jóias e levanta um colar verde, idêntico ao que está em seu pescoço.

- Eu acho que eram visões. - ela diz.

- Eunseom também tinha essas visões?

- Sim.

- Entendo...

'Garoto inteligente. Ele pode usar essas visões para encontrar Eunseom' Yangcha pensa. Tanya o ouve, claro. Ela parece sempre ouvi-lo.

- Você tem sonhado com ele? - ela pergunta, ansiosa.

O amor de uma Sacerdotisa [Tanya / Yangcha]Onde histórias criam vida. Descubra agora