O Florescer da Fada

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 O conto a seguir é de leitura livre, sem restrições. 

A noite estava calma e gélida

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A noite estava calma e gélida. A neblina se espalhava pelas ruas largas de Salvador deixando amostra apenas as figuras das enormes construções que se erguiam nas duas laterais da rua projetando-se de maneira reveladora e sólida, ali na melhor forma de ser estava uma das maiores belezas da Bahia.

Anahí estava acostumada com as vivas cores do seu mundo, o barulho incessável das folhas das árvores, o perfume cítrico e floral, a harmonia do clima que conseguia ser fresco, úmido e quente. Ali a única coisa que a fazia recordar de casa era a lua, mas até naquele lugar a lua parecia solitária.

Sentia falta da suas irmãs e primas, todas as noites se reuniam em volta da árvore-mãe e cantavam uma prosa para a lua e em troca recebiam a mais bela visão estrelada do céu. Naquele lugar, entretanto não se via estrelas.

As outras fadas cultivavam emoções que as deixavam eufóricas todas as vezes que chegava a data de visitar o mundo dos humanos. Ela havia recebido o consentimento de se aventurar na terra, mas depois de todas as histórias que havia ouvido de suas irmãs narrando o caos e todos os pecados que o homem infligia não se sentia ansiosa. O mundo que ela havia esculpido em sua mente era exatamente o que ela via agora: Escuro, frio, silencioso e sem cor.

Enquanto se afogava em seus pensamentos encarando a lua que fazia-a sentir saudades de casa não reparou que alguém vinha apressado pela rua. Por conta de toda aquela neblina que atrapalhava a visão de qualquer humano e pela pressa afobada do desconhecido para chegar logo em casa, Anahí só foi se dar conta da presença do humano quando o mesmo se esbarrou nela fazendo a fada cair de encontro ao chão. No jardim das fadas não existe sentimentos ruins então tamanha foi a surpresa da menina quando sentiu a dor subindo pelas suas pernas depois do encontro inesperado dos seus joelhos com o asfalto.

- Meu Deus, você está bem? – Anahí encarou a mão estendida do estranho sem saber o que fazer. Suas irmãs sempre falavam dos humanos. Era o principal motivo de ficarem empolgadas quando a visita a terra se aproximava. Elas diziam que os humanos eram inacreditáveis, eram tão diferentes e bonitos por si só, mas que não percebiam isso, eles mediam sua beleza e isso os tornavam tristes, todos queriam ser iguais.

Ela começou a se afastar da pessoa deixando-o confuso com o seu comportamento inesperado.

- Calma moça, eu não quero te machucar. Estou voltando da faculdade, você vê? – Nesse momento ele se virou um pouco para que ela pudesse ver a enorme mochila em suas costas – Eu sei o quanto o mundo está perigoso, mas realmente sou apenas um estudante. Posso ajuda-la?

A fada confirmou com um aceno de cabeça e aceitou a mão do rapaz. Ela era fria e macia, a palma fechou em sua mão, firme. Em instantes ela estava diante dele que deveria ser pelo menos 25 centímetros mais alto que ela.

- Você é estrangeira? – Ele indagou percebendo a estranheza daquela garota. Ela era branca como um papel sulfite pronto para tomar cor, os cabelos eram negros e compridos tão lisos que de costas ela poderia ser confundida com uma asiática, entretanto assim que se virava e você via seu rosto percebia seus traços que não chegavam nem perto de uma oriental. Ela tinha sobrancelhas grossas que marcava seu olhar, os cílios eram enormes e os olhos redondos dando lhe uma expressão curiosa, os olhos eram tão claros que a lua ao refletir neles não era possível saber sua cor exata, castanho claro? Sua boca era exuberante e se prestasse muita atenção nela conseguia ver a forma clara de um coração, os lábios eram tão vermelhos que ele se pegou refletindo se com um toque ele poderia sentir seu sague pulsando naquela região.

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