🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆
Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solta após a guerra, o Ministério se desdobra para prendê-los sem causar alarde. E em meio à perseguição incessante, uma bruxa tenta recompensar...
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Isis e Cybele continuaram a se esbarrar durante as aulas e pelos corredores da escola no decorrer da semana atribulada. A menina ficava na sua cola sempre que possível, atraindo olhares contrariados de grifinórios com frequência. Embora estivesse pouco se importando com o que um bando de adolescentes achava de seu contato com uma sonserina, estabeleceu alguns laços de cordialidade com as garotas com quem dividia o dormitório, para evitar uma retaliação que a colocaria em maus lençóis com Minerva.
Os limites traçados para ambos os lados exigiam a privacidade necessária para não entrar em detalhes sobre sua suposta vida nos Estados Unidos ou em Ilvermorny. Infelizmente, isso agregava à aura de mistério "fascinante" que a cercava desde que botara os pés em Hogwarts. Ainda assim, a pior parte vinha dos gracejos de rapazes que a viam como a adolescente que aparentava ser, testando seu fraco autocontrole para não ser grossa. Ignorara-os aos 16 anos e não seria diferente aos 27.
— É um absurdo que passem tantos trabalhos logo na primeira semana — reclamou Cybele, com a testa descansando sobre o livro de Herbologia avançada. — Já terminou o trabalho de Poções? Posso dar só uma olhadinha? — Ela sussurrou para não ouvir o "shhh" agudo de madame Pince.
— Não atingirá a nota necessária no N.E.W.T. para ser curandeira se ficar colando. — Isis se espreguiçou, bocejando ao olhar para a carta celeste da constelação de Corvus recém-terminada. — Só a ajudei na aula do Snape porque era uma poção complicada.
— Não diga isso! — As palavras saíram entredentes. — Ser curandeira é tudo o que eu sempre quis. Não consigo nem me imaginar em outra profissão, e sou capaz de fazer qualquer coisa para atingir esse N.E.W.T.
— Ótimo, então comece pelo básico: estudando. Desculpe — disse Isis ao ver madame Pince encará-la por entre as estantes de livros.
A bruxa achava louvável o esforço de Cybele em se distanciar da imagem do próprio pai; um comensal irrelevante demais para frequentar o círculo exclusivo de servos do Lorde das Trevas, e que fora preso no dia em que a guerra findara. O que a mãe da menina — uma lufana mestiça de boa família — vira em um perdedor como ele era uma incógnita.
Depois que as duas devolveram os livros e saíram da biblioteca, Isis embarcou em outro assunto dispensável da colega, na esperança de desviar a angústia quanto ao interrogatório frustrado de Yaxley. Quanto mais tempo se passava, mais o ex-comensal recuperava a confiança, dificultando manter a notícia longe da imprensa. Apesar de ser um grande estúpido, resistia com louvor ao veritaserum administrado pelos aurores. Mesmo incerta de que ele conhecesse o paradeiro de Underhill, carecia de um desenlace.
— Ei, espera. — Cybele segurou seu braço com firmeza enquanto atravessavam o pátio da Torre do Relógio. — É melhor a gente dar a volta.
Isis entendeu o receio da garota ao ver um ajuntamento de grifinórios sentados em um banco próximo à fonte. Cybele não era a única com parentes comensais, mas, ao contrário de outros colegas na Sonserina, ela não vivia em um grupinho justamente por se recusar a levar a fama vil de sua casa. Dessa forma, caiu em um limbo onde uns a desprezavam pelo seu pai e os outros, por não defender seus "iguais".
