🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆
Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solta após a guerra, o Ministério se desdobra para prendê-los sem causar alarde. E em meio à perseguição incessante, uma bruxa tenta recompensar...
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O exemplar de Libatius Borage só saiu da mochila de Isis quando Snape terminou o monólogo sobre a elegante arte das poções e a preparação para os N.E.W.T.s. Aliado às suas palavras de tom pacífico, quase aprazível — pois o assunto lhe convinha —, o som agitado das penas contra os pergaminhos. O resto era silêncio.
Ele também fizera um favor à bruxa ao mandá-la se sentar do lado da Sonserina que, sozinha, tinha mais alunos presentes que a Grifinória, Lufa-Lufa e a Corvinal juntas. A fama repentina de herói do professor não apagara os anos de arrogância constante e não o faria nem tão cedo. Isis não se deixou levar pelo gesto provocativo e aceitou a ordem sem rebater. Era apenas uma intercambista com ânsia de aprendizagem.
O frio na barriga a surpreendeu, fazendo-a se sentir a aluna inexperiente que fingia ser. Culpava a atmosfera das masmorras e a discussão matutina com Snape pela sensação incômoda, com toques de euforia. Ela estalou os dedos, o pescoço, batucou as unhas na mesa e enxugou o suor das mãos na saia, lembrando-se a todo instante que não estava ali para ser testada como os demais, embora duvidasse que o professor pensasse da mesma forma.
— Abram o manual de Estudos Avançados no Preparo de Poções na página 23. — Todos folhearam o livro-texto, apreensivos com o toque de impaciência na voz dele.
Isis foi a única a sorrir ao ver o que preparariam naquela aula. Não era uma sumidade na matéria e sabia disso, mas fora cativada pela Poção do Morto-Vivo, durante seu verdadeiro sexto ano, graças ao contexto dado pela mestra de Uagadou. Não pôde deixar de se sentir privilegiada por isso, em contraste com as explicações metódicas de Hogwarts.
— Algum de vocês é capaz de explicar a diferença entre a Poção do Morto-Vivo e a Poção do Sono? — No impulso, Isis quase ergueu a mão, mas parou a meio caminho
Outros quatro estudantes, por outro lado, mantiveram-na no alto — os únicos três corvinos e um garoto da Sonserina. Snape provavelmente nunca vira algo do tipo em suas aulas. A explicação, é claro, ficou a cargo do sonserino, que arrematou 10 pontos para a casa verde e prata.
Isis se lembrava com perfeição das instruções de preparo, da importância na atenção aos detalhes, e por isso mesmo ficou surpresa ao ver a forma de ensinar do autor. Leu e releu as mesmas páginas até ter certeza de que não se tratava de um engano.
— Não se corta vagem soporífera — sussurrou de um jeito que só a sua colega de bancada a escutou.
Tomando sua fala como autorização para puxar assunto, a garota se chegou após ajeitar o caldeirão e a balança sobre a superfície de madeira escura; os cabelos loiros como palha presos em uma trança embutida.
— Você é a menina de Ilvermorny, né? Cybele Guthrie. — Isis fechou a cara, olhando de soslaio para Snape, que enchia o quadro com anotações extras de preparo. — Qual a sua casa? Ouvi dizer que elas se parecem com as de Hogwarts.
