Só nos resta amar

meu anjo caído

Itachi Uchiha

É realmente contraditório que a vida de um homem que busca a paz seja tão conturbada, em raras... mas muito raras ocasiões eu me pego pensando se algum dia tudo isso vai valer a pena, a muito tempo não o faço mais por mim e sim pelo que restou da minha família e principalmente pelo meu irmão, no final pensar nele faz com que tudo que abdiquei e abdico até hoje faça sentido.

Tirei muito do Sasuke e mesmo que ele não me culpe, mesmo que ele não me odeia eu acho que nunca vou deixar de me sentir assim... culpado, eu não me sinto culpado por dizimar e ajudar a prender um clã que estava doente, os olhos que tudo vê dos Uchihas passaram a enganar seus próprios usuários, o preconceito e ambição foram demais e por isso... só por isso eu não me culpo por completo mas ainda sim sei que jamais serei o suficiente pra ele como meus pais seria, tirando toda essa praga que assolou seus corações e fizeram deles pessoas perigosas... tirando todo o ódio que sem motivos convincente o fizeram se virar contra a vila e o tratado de paz... tirando isso ainda sim eram nossos pais, eram bons pais, e tinham muito a ensinar sobre a vida a ele, nunca imaginei que seriam fracos e se deixariam levar por mentiras e ambições ridículas idealizadas por uma mente mais perturbada ainda. No final pais... acho que nunca vou perdoar vocês também.

- Desculpe atrapalhar seus devaneios Itachi-Sama.

Uma voz doce proferia meu nome com certo receio no timbre, permiti levantar a cabeça, meus olhos estavam focados na montanha de papeis em minha frente, assim que me endireitei na cadeira pude ver com clareza quem me chamava.

- Olá Hinata-Chan, que surpresa agradável, ao que se deve essa visita tão... - fui interrompido por ela antes de continuar, assim que me ouviu ela perdeu o receio e adentrou fechando a porta atrás de si, assumo que esse simples ato me deixou um pouco ansioso e curioso, ela nunca havia me visitado.

- ... inesperada? imprevisível? - ela disse soando cômica, fui pego totalmente de surpresa Hinata era uma garota linda porém muito, muito tímida a princesa do clã hyuuga era muito educada mas totalmente submissa, nas poucas vezes que estive em sua presença em jantares com seu pai ela sempre foi educada e gentil, uma menina muito doce, mas essa que estava na minha frente não parecia em nada com ela.

Sempre que eu a encontrava ela só respondia quando era solicitada, sempre positiva um sorriso no rosto e um rubor característico em sua pele perfeita, mas o sorriso dela nunca era tão aberto como agora ele era mais singelo, mais tímido, amigável, esse me causava coisas estranhas eu estava muito desconfortável e nem sabia por que.

- Talvez seja tudo junto, espero não estar atrapalhando - ela disse com as mãos nas costas, até descer o olhar em minha mesa e como reflexo colocar as mãos sobre a boca aberta em um o perfeito. - Céus eu estou mais que atrapalhando você está cheio de serviço, sua mesa está transbordando, me perdoe Itachi-Sama.

- Imagina Hina - ela estava obviamente transtornada de vergonha, agora sim parecia ela, mas não gostei de ter trazido esse lado dela de qualquer forma. - Eu estava ficando louco já se quer saber, acho que meus olhos precisam descansar, você não está atrapalhando de forma alguma. - Tentei parecer o mais simpático que pude.

- Eu posso ajudar de alguma forma? - Disse ela chegando mais perto olhando pra mim com seus olhos perolados, eles expressavam mais dela do que qualquer coisa em si.

- Você entende sobre a burocracia dos clãs? Leis? Ou sei lá de infraestrutura? - me vi perguntando totalmente imerso naqueles olhos que parecia mais um genjustu da verdade, onde qualquer homem por mais desprezível que fosse jamais seria capaz de mentir sob sua vigilância.

Ela sorriu, foi um sorriso ameno daqueles que ela dava como quem não quer nada nos jantares de negócio, ela pegou uma cadeira na frente da minha mesa e sentou.