Por todos os momentos que quero segurar sua mão

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    A relação de Jeonghan com o jovem Chan havia melhorado, e isso era perceptível. Não que, de uma hora para outra, os dois haviam se tornado inseparáveis e eram apenas elogios para todos os lados. Mas havia melhorado. Sem provocações, brigas, birras - essas por parte de Chan - ou dizeres ofensivos pelo Adama em algumas manhãs aleatórias.

    Seungcheol estava contente com o avanço daquele relacionamento. Sentia-se, por muitas vezes, culpado pelo jeito hostil que seu primo tratava o funcionário do restaurante. Torcia para que as coisas melhorassem e quando finalmente aconteceu ele quase não acreditou.

    Ver Jeonghan e Chan entrando no Adama entre sussurros tendo qualquer tipo de conversa civilizada surpreendeu a todos. Mas ninguém se dispôs a comentar sobre, talvez com medo de que com a menção da mudança, tudo se perdesse pelo caminho.

    Então, uma semana depois, as coisas estavam mais calmas. Pelo menos era o que Jeonghan pensava até pouco antes do Adama abrir para o almoço.

    A situação desastrosa começou quando estavam alguns funcionários reunidos na cozinha preparando  tudo para o início de um expediente árduo. Wheein organizava sua ilustre coleção de facas - que ela estimava muito - enquanto tinha uma conversa paralela com Soonyoung.

    Seungkwan distraía-se com alguns itens da cozinha parecendo não se importar com quem estivesse ao seu redor.

    Wonwoo, por sua vez, digitava tão freneticamente no celular de uma forma que parecia quase impossível para um ser humano normal. Suas feições mudavam de pânico total para a beira de lágrimas. E o mais incrível era que ninguém mais parecia perceber o estado angustiado que o ômega tentava disfarçar - de forma falha.

    Jeonghan observava o garoto a alguns minutos, e as coisas só pareciam piorar. Ele mordia os lábios deixando-os vermelhos e inchados, provavelmente doendo muito. Seu pé balançava de um lado ao outro inquieto e seus olhos mal piscavam.

    Em algum momento Jeonghan cogitou chamar Mingyu que era a melhor pessoa para lidar com Wonwoo, mas o garçom não estava em nenhum lugar visível do salão. Então quem iria abordar Wonwoo?

    Jeonghan teve sua resposta no segundo que ouviu a voz neutra de Seungkwan balbuciar:

    - Wonwoo, pode pegar o açafrão para mim nesse armário acima de você, por favor?

    Uma frase simples com um pedido educado de Seungkwan. Wonwoo realmente não pareceu se incomodar em fazê-lo para o amigo, então empurrou o celular para o bolso de seu avental, girou em seus calcanhares e abriu os armários sobre si.

    Não parecia nada demais a Jeonghan que olhava a cena em silêncio, mas Wonwoo esticou a mão para dentro do armário atrás do recipiente, ficou na ponta dos pés para tentar procurar mais ao fundo. Sua feição começou a mudar para puro descontentamento, a respiração começou a acelerar e foi quando Jeonghan percebeu que algo estava errado.

    - Wonwoo?

    Seungkwan, alheio ao desconforto de Wonwoo, chamou seu nome estranhando a demora, e esse pareceu ser o estopim para o que quer que estivesse incomodando o ômega irritadiço.

    - Eu não consigo achar a droga do açafrão, Seungkwan!

    A voz de Wonwoo alguns tons mais alta que o comum se propagou por toda a cozinha que então ficou em silêncio absoluto. Ninguém esperava que Wonwoo, justo ele, tivesse uma reação daquela naquele momento.

    O ômega se afastou da prateleira, levantou o rosto que estava escondido atrás dos cabelos caídos pela posição e passou os olhos pelos presentes na sala. Foi quando Jeonghan percebeu que Wonwoo estava a beira das lágrimas e que definitivamente não era por causa do açafrão. Não podia mais esperar por Mingyu para pedir ajuda.

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