- Então, você já tomou sua decisão? - Jisoo perguntou. Ele estava limpando uma das mesas enquanto eu esfregava o chão ao seu lado.
- Sim. Quer dizer, não estarei correndo perigo e tenho certeza de que Seungcheol jamais me deixaria ir sozinho.
- Isso é verdade. - Jisoo sentou em uma das cadeiras ao redor da mesa e ficou me observando limpar o chão. - Já contou a ele?
- Pretendo falar hoje.
- Falando nisso. - conferiu as unhas como quem não queria nada, mas eu podia sentir a curiosidade pulsando pelo corpo dele. - Não vai mesmo me contar como foi?
- Entra na fila, Wonwoo perguntou primeiro. - brinquei.
- Acho isso injusto. Eu fui seu primeiro amigo aqui, logo tenho que ser a primeira pessoa a receber as novidades.
- Você só quer alimentar o fofoqueiro que existe dentro de você.
- Contra fatos não há argumentos.
Estiquei as costas quando o serviço estava finalizado. Jisoo se levantou da cadeira e a colocou no lugar, então se virou para mim com um sorriso arteiro no rosto e disse:
- Está na hora do café do chefe.
- Não entendo porque essa malícia toda, é só um café.
- Jeonghan. - o beta encostou sua mão em meu ombro, tombou a cabeça para o lado e com o olhar mais sínico que podia fazer, sussurrou: - De todos aqui, eu sou o que bem sabe que não é só "um café".
- Juro que não sou ciumento, mas odeio o fato de você ser a antiga foda do Seungcheol.
- Bobo. - Jisoo beijou minha têmpora e foi para a cozinha cantarolando alguma música que eu não conhecia. Ri sozinho da situação.
O café que Seungcheol tomava, na maioria das vezes vinha da cafeteria elétrica da cozinha, mas existiam dias especiais que eu preparava o café na hora. Esse era um dos dias.
Seungcheol estava tão concentrado em seus papéis como sempre esteve. Os olhos vidrados, as vezes franzindo o nariz e apertando os lábios como se desvendasse os enigmas do universo naquela papelada.
Como todas as outras vezes ele não reparou quando entrei silenciosamente na sala, e creio que mesmo que eu estivesse acompanhado de uma escola de samba ele não perceberia. Sua concentração era algo que eu admirava.
O sustinho que ele levou quando coloquei a xícara fumegante em sua frente foi comicamente fofo, mas não mais que os olhos escuros e brilhantes que me olharam acompanhando um biquinho discreto nos lábios.
- Tenho uma teoria.
- Diga.
- Você tem uma máquina de teletransporte.
Encarei-o com toda a minha seriedade fingida antes de me inclinar sobre seu corpo e sussurrar tão perto de seu rosto que era certeiro que ele tinha sentido minha respiração.
- Me descobriu.
- Só isso explica como você entra sem eu perceber. - Seungcheol não se afastou para me responder.
Toda aquela intensidade que emanava de seu corpo me fazia tremer. Foi necessário quase dois passos de distância para que eu pudesse raciocinar com coerência sem interferências da aura do meu namorado.
- Uma explicação boa seria que você é muito concentrado. - alonguei o final da frase dramaticamente.
Ele esfregou o queixo com o dedo indicador e expressou sua melhor cara de pensante antes de concluir com um sorriso ladino:
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Uma pitada de você
FanfictionJeonghan estava assustado. Um lugar estranho com pessoas estranhas. Estava cheio de perguntas, mas nenhuma delas tinha resposta. Ele perdeu a memória. O que lhe restava? Ele, um beta que não se lembrava de nada, sozinho naquela cidade gigante. O m...