A falta que sinto a cada segundo sem você

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    A neve se acumulava em frente à entrada do Adama dificultando a passagem. Foi uma das coisas que Jeonghan percebeu quando entrou no restaurante naquela manhã. Também reparou no clima alegre pairando no ar, e no bom humor estranhamente incomum de Minghao que cantarolava ao limpar seu balcão como sempre costumava fazer.

    Jeonghan perambulou entre as mesas para chegar a cozinha onde tudo cheirava deliciosamente bem para o almoço. Observou todos tão ocupados e sentiu necessidade a ajudar.

    Tinham três dias que o ômega não trabalhava. No primeiro, quando passou uma tarde tendo crises com as lembranças assustadoras, era impossível ele se juntar aos colegas. No dia seguinte, sem mais memórias arrepiantes, Jeonghan se sentiu doente e foi proibido - principalmente por Jisoo - de trabalhar ou fazer qualquer mínimo esforço. No terceiro dia, uma febre assustadora o abalou com completo e não conseguia sequer levantar da cama.

    Foram três dias difíceis.

    Mas agora ele se sentia bem, pronto para recompensar a falta estendida. A febre tinha sumido junto com suas dores e os sonhos - memórias.

    Ele se dirigiu para o vestiário atrás de seu avental, mas apenas encontrou Jisoo e Jihoon se preparando e foi extremamente mal recepcionado.

    - O que pensa que está fazendo de pé?

    Jisoo não parecia nada contente.

    - Eu vou trabalhar.

    - Você estava com febre ontem.

    - Mas estou melhor hoje.

    Jisoo puxou o avental que Jeonghan tentou agarrar. O ômega murmurou irritado e encarou o amigo que ainda parecia impassível.

    - Você precisa se recuperar. Trabalhar depois de três dias difíceis não é uma boa ideia.

    - Eu não aguento mais ficar parado. - Jeonghan reclamou.

    - Não duvidamos disso, mas você estava tão mal nos últimos dias que nos assustou.

    Jihoon, tranquilo, explicou a Jeonghan.

    - Seungcheol até mesmo chamou Minseok.

    Jisoo contou e recebeu uma exclamação incrédula de Jeonghan como resposta.

    - Que exagero. Incomodaram Minseok por nada. Eu estou incrivelmente bem.

    - Não era o que parecia ontem quando atingiu os trinta e oito graus e meio de febre.

    Jeonghan não teve como rebater a acusação. Bateu o pé e desfez o aperto nos braços.

    - Vou falar com Seungcheol.

    Sussurrou derrotado e deu meia volta. Antes de sair do vestiário pôde ouvir um alerta entre rodadas cindo de Jisoo:

    - Boa sorte com isso.

    Antes de sequer abrir a porta do escritório, Jeonghan se lembrou de algumas coisas. Estava a três dias sem poder conversar direito com Seungcheol. Estava a três dias sem olhar para o alfa. Estava a três dias sem qualquer contato com ele. Jeonghan simplesmente sentiu a saudade o atingir como uma flecha em chamas.

    Desde o momento que acordou, estava tão empenhado em votar ao trabalho e ter sua rotina de volta que sequer percebeu o quanto seu coração doía de saudade e seu corpo ansiava por Seungcheol.

    Com todo nervisismo em seu corpo transbordando e com a ansiedade lhe alterando a respiração, Jeonghan simplesmente abriu a porta do escritório num rompante. Foi recebido pelo aroma do alfa que o envolveu como enormes braços calorosos e percebeu que até mesmo disso ele sentia falta.

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