Estrelas perdidas também brilham

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    Meus olhos arderam no exato momento que eu os abri. Não era a claridade, já que a única luz provinha de um abajur do outro lado do quarto. Eu estava deitado em minha cama, coberto até a metade do corpo, com um pequeno lencinho úmido apoiado em minha testa.

    Observei um pouco a minha volta, recobrando meus sentidos e percebendo que, pelo silêncio que se fazia, provavelmente o Adama já estava fechado.

    Percebi, pelo relógio redondo não muito grande que ficava sobre a cômoda do lado da cama, que eram três horas da madrugada e as cortinas da janela, que normalmente me protegiam do sol que surgia durante a manhã, estavam completamente abertas.

    Foi então que me lembrei do que tinha acontecido exatamente para eu estar naquele lugar naquele momento. Lembrei da pessoa que reconheci e do meu desmaio. Talvez alguém tivesse me colocado em meu quarto depois do meu colapso, mas isso ainda era vago.

    Um barulho característico da poltroninha aos pés da cama me chamou a atenção. Meus olhos captaram o corpo encolhido de Seungcheol sentado desajeitadamente naquele pequeno estofado enquanto ele resmungava algo em seu sono.

    Sua postura não parecia confortável e ele estava muito mal vestido para o frio que fazia naquela madrugada.

    Levantei o mais silenciosamente possível para me aproximar do alfa e estender uma das cobertas por cima de seu corpo que praticamente tremia. O modo como seu semblante relaxou aos poucos me deixou mais aliviado, mas ainda sim não queria deixá-lo tão desconfortavelmente deitado naquela poltrona.

    Me sentei na ponta da cama e estiquei o braço para uma tentativa de acordar Seungcheol, mas antes de toca-lo, reparei em seus traços que pareciam bem mais delicados enquanto ele dormia. Sua boca entreaberta parecendo tão macia quanto eu me lembrava, os cílios longos que costumavam fazer sombra sobre as bochechas fofas dele e o nariz enrugado igual quando Seungcheol estava irritado com algo. Todos os seus detalhes pareciam ainda mais preciosos para mim naquele momento e eu quis apenas ficar ali admirando a beleza exorbitante que o alfa tinha. Ele era gracioso demais e fui tentado a deixá-lo dormir mais um pouco apenas para não estragar aquela cena única.

    - Cheol. - minha voz saiu mais fraca do que eu calculei pela falta de uso, mas depois de chacoalhar seu corpo, foi inevitável o alfa não despertar.

    Ele resmungou algumas vezes, se esticou de baixo da coberta quentinha e seus olhos abriram lentamente, não consegui segurar o sorriso ao perceber o quão fofamente ele agia sem perceber. Por um momento pensei em como deveria ser maravilhoso acordar todos os dias ao lado daquele homem que parecia uma criancinha enquanto dormia.

    Meu coração se aqueceu com a mera imaginação de uma rotina como aquela.

    Seungcheol demorou um pouco para se situar, mas em um estalo ele se endireitou e aproximou seu corpo do meu com um olhar carregado de preocupação.

O jeito que ele me examinou procurando algo que não estivesse normal me amoleceu. Meu coração esquentou quando percebi o quão bem cuidado eu era por aquele homem que me segurava como se eu fosse a coisa mais preciosa em seu mundo.

- Você deve estar com dor deitado nessa poltrona minúscula.

Seungcheol me agarrou entre seus braços musculosos em um abraço apertado sem dizer uma única palavra. Ele apenas ficou ali, o rosto enterrado em meu pescoço, os dedos massageando minha nuca enquanto eu sentia sua respiração se acalmar aos poucos. Me doeu ver o quão preocupado ele ficou.

Quando ele se afastou, numa relutância para me soltar e distanciar nossos corpos, pude ver que estava mais calmo, não deixando de ter aquele olhar preocupado que me avaliava em todos os detalhes.

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