Uma pitada de você

Dores esquecidas

Capítulo sem revisão.

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Jeonghan respirou fundo antes de bater na porta torcendo para que ninguém passasse por aquele corredor e achasse que ele era algum louco tremendo da cabeça aos pés encarando a parede enquanto contava, em voz alta, até dez.

A resposta veio em um sussurro tão baixo quanto suas batidas, mas foi o suficiente para o coração do ômega pular no peito. Jurou que iria desmaiar.

Seungcheol estava acordado, deitado naquela maca gigantesca com o braço ligado a um soro. Seus cabelos desgrenhados cobriam sua testa e o pequeno curativo que se esgueirava por ali. Os olhos redondos estavam claramente cansados, Jeonghan não duvidava que, se tivesse demorado mais alguns minutos, seu namorado já estaria dormindo quando chegasse.

Mesmo com o evidente cansaço, provavelmente dopado com remédios para não sentir dor e com máquinas monitorando seus batimentos, Seungcheol abriu um de seus sorrisos doces quando viu Jeonghan adentrar a sala tão acanhado quanto uma criança.

Foi inevitável, depois de ver Seungcheol bem e lhe dando um sorriso brilhante que aquecia corações, as lágrimas brotaram nos olhos de Jeonghan como uma nascente recém descoberta. A primeira lágrima ele tentou esconder, mas quando as próximas vieram acompanhadas de soluços, já não havia o que fazer.

Não ajudava Seungcheol estar o olhando tão docemente, com carinho transbordando, enquanto estendia uma das mãos quentinhas para abrigar as de Jeonghan.

Ele foi abraçado pelo alfa, puxado para a maca com ele, e mesmo que aquilo fosse proibido, Jeonghan não estava ligando, porque finalmente estava nos braços de Seungcheol depois de tanto tempo sem saber como ele estava.

- Você está bem?

Jeonghan olhou para o alfa como se dois enormes chifres de unicórnio tivessem nascido em sua testa.

- Eu quem deveria estar fazendo essa pergunta! - o soco desferido no braço de Seungcheol não fez nem mesmo cócegas. - Você levou uma facada.

- Mas agora já estou remendado.

- Você pode, por favor, parar de fazer piadas? Eu quase morri de preocupação.

- Sinto muito. - Seungcheol deixou um beijos nos cabelos de Jeonghan.

- Cinco horas na sala da cirurgia foram o suficiente para me fazer arranjar os cabelos.

- Eu nem vi o tempo passar.

Jeonghan revirou os olhos com a brincadeira.

- Você estava dopado, idiota. - Seungcheol não o respondeu, temia receber outros tapas se o fizesse. - Teve sorte que a facada não acertou nenhum órgão vital.

- Eu te disse, estou bem.

Seungcheol garantiu. Jeonghan não o retrucou, não tinha mais forças naquele dia para tal.

- Obrigado por ter me salvado.

- Faria tudo de novo se isso significasse te ver são e salvo.

Jeonghan gostou de como aquela frase soou. Torcia para que algo parecido jamais voltasse a acontecer, mas a ideia de ter Seungcheol ao seu lado caso alguma outra loucura rolasse era reconfortante.

- Jeonghan?

- Hm??

- Você está bem?

Era uma pergunta que talvez ele não tivesse uma resposta. Parando para analisar a situação depois que tudo já havia acontecido, Jeonghan percebeu que não teve tempo de parar e pensar em como as últimas horas tinham sido assustadores e estressantes em níveis que o faziam surtar. Ninguem devia ter que passar por tudo aquilo como ele passou.