Meus olhos arderam ao entrar em contato com a luz, não que eu acordasse naquele momento, mas porque alguém que não percebi entrar, abriu as cortinas da janela abruptamente. Na verdade, já estava acordada a quase meia hora, pensando em tudo que tinha acontecido na noite anterior.
Mamãe estava me olhando do lado da cama pouco aconchegante do hospital, com os braços cruzados e cara de poucos amigos.
-Os policiais me ligaram, disseram que você estava prestes a passar por uma cirurgia de duas horas para retirada de uma bala. -Se inclinou para frente enquanto falou devagar a palavra "bala".
-Mãe...
-E que trouxeram você da maior boate da cidade - Se aproximou e sentou na pontinha da cama - O que está pensando? Falou para o policial que seu sobrenome era Hayes.
-Ele era um policial, como você.
-Mas você estava portando documentos onde seu nome é Bryant - Aumentou seu tom de voz - Você acha que eles não iriam notar que eles eram falsos? Você colocou o seu disfarce em risco, o meu também e quase levou pra cadeia quem os fez. Vamos ser investigados agora... pela DSP.
-Desculpa, mãe!
-Não se preocupe com isso. É fácil de resolver. Mas há uma questão que me preocupa bem mais.- Eu notei que ela estava tentando manter o controle.
-E o que é?
-Você. Está aqui à dois dias, já foi baleada e quase perdeu a vida em um acidente. Não pode fazer esse tipo de coisa, não seja irresponsável! Se algo parecido acontecer de novo, vou ter que levá-la pra outro lugar.
Ela era assim mesmo, uma vez descontrolada, outra vez demonstrava afeto. Eu preferia lidar com seu lado descontrolado, o seu lado afetivo me parecia forçado. Enganação.
Não soube mais o que falar, eu vi que a razão não estava comigo ,então, apenas ficamos olhando as paredes do quarto sem trocar olhares. Ficamos assim até o médico encerrar o horário de visitas.
...
Recebi alta ao amanhecer do dia seguinte, Darla havia faltado ao trabalho para ir me buscar. Apenas ela.
Durante a volta me dirigiu algumas perguntas estranhas, parecia muito interessada em saber se eu aproveitei a festa e se fiz amigos, mas não perguntou sobre o tiro, nem sobre o acidente. Respondi tudo com empolgação e riqueza de detalhes.
O resto do dia até foi bem agradável. Pedi para Sam me mandar toda a matéria, ao ouvir minha voz no telefone começou a fazer várias perguntas, curioso para saber o que havia acontecido no banheiro da boate. Prometi para ele que contaria quando voltasse para a H-Tech, pois queria aproveitar enquanto estava com disposição para estudar.
...
Foram três semanas reclusa em de casa. O repouso deixaram meus dias mais cinzas, mesmo quando Darla queria deixar seu toque rosa.
Mas agora estava novamente frente a elegância da Harvest Tech University, admirando seus cinco andares, suas paredes cor de areia a multidão que entrava por suas portas. Mas só que era diferente dessa vez, eu já sabia onde ir e onde gostava de ir, ou quem encontraria ali. Não precisei repetir para mim que se desse um passo de cada vez, eu conseguiria controlar minhas fortes emoções. Eu não queria controlar.
-Saudades, formigueiro! - Me direcionei a entrada, com passos longos.
Os corredores não estavam tão CHEIOS. Olhei para o relógio, dez minutos adiantada. Realmente estava ansiosa!
-Ana! - reconheci a voz que havia me chamado atenção no segundo dia de aula. Era Celina, e logo atrás dela, Sam sorria para mim.
-Ana Bryant, você por aqui! - Sam me abraçou e me deu um beijo na testa - Senti sua falta!
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Me Dê Rosas
Mystère / ThrillerDepois de ter sua casa invadida por supostos golpista e saber que sua babá foi assassinada, Ana vai morar em Root, uma cidade grande no Sul do país, comandada pelo crime organizado. Com seus novos amigos, ela terá que pagar um alto preço por querer...