Dias atuais... São Paulo, Brasil
Ludmilla
Eu levanto e começo a me vestir em silêncio. Olho por cima do ombro, a mulher nua na cama do hotel. Isabelly, uma latina deliciosa e uma de minhas fodas ocasionais. Não me aproximo de qualquer mulher, nem todas se comportam de maneira agradável quando eu lhes conto sobre o meu amiguinho entre as pernas. Então procuro sempre as mais oferecidas. É filha de um de meus parceiros mais importantes na Argentina. Cogitei me casar com ela quando começamos a foder há alguns anos, não me lembro quanto tempo, dois? Três? Só sei que há algum tempo nos damos bem na cama. Não sei dizer com certeza o que me fez não levar a cabo a ideia. É uma mulher linda. Está na faixa dos trinta, entretanto, se esforça para parecer mais jovem, tanto pela forma como se veste, como na forma de agir. Isso me irrita, para ser sincera. Detesto pessoas que fingem ser o que não são. Porém, não estou me casando com ela, apenas fodendo seu corpo, e nesse quesito não tenho reclamação. É muito gostosa, safada, fogosa, do jeito que eu gosto. Faz tudo, absolutamente tudo na cama. Percebeu logo no começo que aprecio um jogo sujo, duro no quarto e tem se esforçado desde então para me agradar. Bufo mentalmente. Sei muito bem o que a mulher quer. Ela e as outras com quem trepo por aí, querem apenas uma coisa: se tornar a senhora Ludmilla Oliveira. Esse pensamento me faz franzir o cenho, olhos castanhos e um rostinho lindo e inocente surgindo em minha mente sem o meu consentimento.
Brunna. Minha baby. Um sorriso cínico se forma em minha boca, meu pau pulsa apenas com a lembrança do nosso único encontro, há um ano. Droga, estou endurecendo novamente. O que há comigo? Nunca fui atraída por novinhas, no entanto, essa em particular, ferveu meu sangue desde o momento em que pus os olhos sobre ela. Tinha apenas dezesseis, na iminência de fazer dezessete. Só uma menina, porra. Uma menina, mas, me deixou louca de tesão. Me sinto uma devassa, desejando-a da forma que desejo. Suspiro. Não o suficiente para deixá-la, porém. Eu podia ter seguido com o acordo original e tomado a outra filha de Jorge, mas, meu corpo já havia sido desperto pela inocente Brunna. Além disso, a pirralha me desafiou, berrando na minha cara que preferia morrer a ser minha prostituta. Puxo minhas calças com um sorriso ampliando. Oh, bebê, será um prazer lhe mostrar, noite após noite, como vai amar ser a minha putinha...
Gemo e seguro meu pau, esfregando o eixo duramente. Nunca me vi tão ansiosa para comer uma boceta. Meu estado de excitação só piora conforme o dia D se aproxima. Em apenas uma semana Brunna estará casada comigo, toda minha para fazer o que eu quiser. Rio maldosamente. E quero fazer muitas, muitas coisas. O corpo macio colando em minhas costas, me puxa dos pensamentos lascivos. Uma mão ousada vem pela minha frente e apalpa meu pau e a outra meu seio. Isabelly sorri com certa arrogância quando percebe o meu estado, certamente achando que essa ereção é para ela.
- Tão insaciável... - ronrona em meu ouvido, mordiscando o lóbulo.
Embora tenha gozado gostoso com ela, sua proximidade me irrita agora. Seguro seus pulsos e me afasto do seu toque, ficando há alguns passos da cama. Ouço um suspiro magoado. Pego minha camisa e a coloco rapidamente, não sou adepta a sutiãs e faço o mesmo com a jaqueta . Hora de ir.
- Você ainda está dura. Me quer mais uma vez, admita. - choraminga, deitando-se sobre os lençóis, o corpo escultural arqueando sedutoramente.
Me viro de frente para ela, terminando de me ajeitar.
- Essa ereção não é para você. - digo-lhe em tom indiferente. Não gosto de mentir e não aprecio joguinhos de sedução. Eu fodo, gozo e cada um vai para o seu lado. Fim de papo.
Seus olhos arregalam, o rosto ficando vermelho de raiva. Levanto uma sobrancelha cínica, tão previsíveis...
- Como ousa? Para quem é, então?
- Para minha futura esposa. - sua boca se escancara em surpresa total.
Ninguém sabe sobre minhas bodas ainda. Será um pandemônio quando a mídia descobrir. A solteirona convicta, Ludmilla Oliveira, cai de amores pela jovem e bela Brunna Gonçalves, filha de um antigo funcionário. Já posso imaginar as manchetes fantasiosas circulando pelo país. A decepção toma o semblante de Isabelly. É necessário, porém. É hora de ela entender que estou fora dos limites para algo mais sério.
- Vou me casar na próxima semana, Isabelly.
- Mas, eu pensei que... - há lágrimas em seus olhos escuros agora. Pego o celular e coloco no bolso. - Pensei que iria perceber em algum momento que eu sou a mulher certa para você, Ludmilla.
Definitivamente hora de ir.
- Sem ofensas, Isabelly, mas, você não é a mulher certa para mim. - digo com toda a calma. Seu rosto bonito torce com raiva. - Não para casar, pelo menos. - dou de ombros. - Se ainda estiver disposta, podemos manter nossos encontros sempre que estiver no Brasil. É muito gostosa, me agrada na cama e...
- Você vai trair sua esposa? - seu queixo cai em descrença.
- Não será um casamento convencional. É um meio para um fim. Ela é bem jovem e vai me dar um herdeiro forte, saudável. Apenas isso. - digo sem culpa.
- Você é uma filha da puta fria. - meneia a cabeça. - Já estou com pena dessa menina. - então, estreita os olhos. - Você acabou de me chamar de velha? Por isso não me escolheu para te dar esse precioso herdeiro?
Eu rio ironicamente..
- Querida, você e eu sabemos que já passou dos trinta. Agora se quiser continuar como minha amante, posso fazer os arranjos...
Ela parece pronta para me matar.
- Você pode ir se foder, Ludmilla Oliveira!!
Um sapato passa voando perto do meu ouvido. Eu rio, já me dirigindo para a porta. Bem, acho que isso é um não.
- Adeus, Isabelly. - digo e saio do quarto.
Dois dias depois...
Quando chego à sede da empresa, localizada em um edifício moderno na Av. Paulista, encontro Patty conversando com minha secretária. Rolo os olhos. Ela adora ser simpática.
- Patty, pare de assediar minha secretária, ou terei que pedir que mova um processo contra você mesmo.
Eu quero rir quando minha amiga se vira, sua postura culpada. Perrie, uma loira bonita na faixa dos trinta, fica toda sem graça.
- Bom dia, senhora. - ela cumprimenta, levantando-se da sua cadeira rapidamente, recobrando a voz e o tom eficiente de sempre. Pega uma pasta sobre a sua mesa, estendendo-a para mim. - os contratos que precisa conferir e assinar, senhora.
- Bom dia, Ludmilla. Estava apenas sendo gentil. - Patty bufa. - Não que você entenda o conceito.
- Obrigado, Perrie. - agradeço, pegando a pasta. - É impressão minha, ou alguém está sensível esta manhã? - zombo encarando Patty e me viro para a minha sala. Ela me alcança rapidamente.
Quando entramos, avanço, colocando minha pasta de couro alemão e os contratos em cima da grande mesa de mogno. Só preciso dar uma última lida, assinar e estarei livre para visitar os Gonçalves. Já dei tempo demais para Brunna. Meus planos são levá-la ainda hoje para a minha casa. É lá que vai se preparar para o casamento no fim de semana.
- Tínhamos marcado algo? - indago encarando Patty, me sentando na minha cadeira giratória. Atrás de mim, através da parede de vidro, a agitação característica da avenida em dias úteis, é vista lá embaixo. Operamos em nosso próprio prédio. A LO ocupa o vigésimo e o vigésimo primeiro andares, os outros, alugamos para outras empresas e escritórios de advocacia.
Patty se senta em uma das cadeiras à frente da mesa e me lança um olhar.
Eu sei o que vai sair de sua boca antes de ouvir as palavras:
- Desde quando preciso marcar horário com você, Ludmilla? - resmunga, me fazendo rir levemente. Seu semblante volta à seriedade. - O prazo que deu aos Gonçalves acaba na sexta... - diz e eu levanto as sobrancelhas como quem diz: e daí?
- Sim, e eu me caso no sábado. - digo casualmente.
Ela grunhe.
- Ainda tinha esperanças de que fosse cair em si e não seguir com essa total sandice...
Me recosto ao espaldar, olhando-a firmemente, girando minha caneta de ouro entre o polegar e o indicador.
- Estou fazendo algo ilegal, Patty? - uso meu tom complacente. - Por favor, como minha advogada, aconselhe-me.
Suspira dramaticamente, resmungando.
- Ilegal não. Apenas imoral, Ludmilla, e você sabe disso. - diz corajosamente.
Ela acha que o convivio desde a sexta série lhe dá o direito de tomar certas intimidades comigo. A encontrei no banheiro das meninas no colégio interno em que fui jogada desde pequena. Patty estava sendo espancada covardemente por duas valentonas da escola e eu a defendi, sem pensar duas vezes. Sempre fui destemida e forte e consegui dar conta das duas meninas que a agrediam. Patty passou a me seguir como uma cadelinha perdida desde então. Não tive alternativa a não ser torná-la minha amiga. A única amiga verdadeira, fora meu irmão. Todo o resto é encenação social.
- Era só isso, Patty? Podia ter me ligado e poupado algum tempo. - digo, pegando o primeiro documento.
Volta a grunhir, vendo que não vai me fazer mudar de ideia.
- Vou tirar duas semanas de férias atrasadas e Lígia ficará respondendo pelo escritório nesse interim. - anuncia.
É a minha vez de grunhir. Sua sócia é uma mulher intragável.
- Lígia me odeia. Acha que sou machista. - Patty ri com algo perverso em seu rosto.
- Você é machista, amiga. - seu sorriso vacila um pouco. - Convidei Perrie para se juntar a mim, uma vez que ela também está entrando de férias.
Estreito meus olhos sobre ela. Ah, então, a malandra estava mesmo de olho na minha secretária...
- Tenho uma política de não-confraternização entre meus funcionários, sabe disso, Patty.
Seu sorriso é arrogante agora. É o tipo de sorriso que usa no tribunal.
- Tecnicamente, não sou sua funcionária, Ludmilla. Meu escritório presta serviços para a sua empresa. - meu rosto se fecha ao mesmo tempo em que seu sorriso se alarga. - Sabe disso.
Porra, é frustrante iniciar uma discussão com advogados. Você não tem chance de ganhar, a menos que seja um também.
- O que quer que eu diga? Precisa da minha bênção, minha filha? - alfineto-a.
Ela bufa e se levanta.
- Apenas deixando-a a par, levando em conta que é uma bastarda controladora a maior parte do tempo.
A olho friamente.
- Me sinto honrada pela opinião sincera. - zombo. - E ainda lhe pago para isso?
Joga a cabeça para trás e ri com vontade. Como não a acompanho, volta a ficar séria.
- Irei apenas na segunda. - completa com uma expressão estoica: - Estarei presente quando você... - rola os olhos.
- Quando eu me casar, é essa a frase que está procurando, Patty. - digo com leve impaciência.
- Sim, é isso, Ludmilla. - se afasta em direção à porta. - Estou voltando para o escritório. Tenha um excelente dia, amiga.
Ela parece irritantemente feliz.
- Você devia ter ligado se era só isso...
Ela balança as sobrancelhas com malícia.
- Sim, mas, aí não teria o prazer de encontrar Perrie. - pisca para mim e sai em seguida.
Eu ergo as sobrancelhas, com genuína surpresa. Esse negócio com a minha secretária é sério? Sacudo a cabeça, deixando Patty e suas conquistas para segundo plano e me ponho a conferir os contratos. Transformar a LO numa Holding sólida, exigiu muito de mim nos últimos sete anos. Mantê-la em uma crescente, tem exigido ainda mais, sobretudo, com a instabilidade da economia brasileira. Fiz algumas aquisições pacíficas e outras um tanto hostis no decorrer desse tempo, reconheço. Contudo, no cômputo geral, tenho orgulho do que consegui à frente da empresa. Estivemos na iminência de quebrar, a exemplo de outras grandes companhias nacionais, como a Varig e a Vasp, mas, conseguimos dar a volta por cima com muito trabalho, foco e dedicação.
O trabalho me toma metade da manhã. Já passava das dez quando informei ao meu motorista que iríamos para Moema, no novo endereço dos Gonçalves. Jorge foi obrigado a devolver cada centavo que me roubou e isso não lhe deixou escolha, senão voltar para seu antigo apartamento, sem vista para o Ibirapuera. Não consigo evitar a ironia. O imóvel já era muito bom, mas, a ganância falou mais alto e o homem achou que podia subir usando minhas malditas costas como trampolim. Por falar no homem, meu estômago torce em desconforto ao recordar que sofreu uma queda de um cavalo há alguns meses e está em coma desde então. Por isso, Patty está tão sensível sobre minha intenção de seguir com o acordo. Eu não vou recuar. Não é culpa minha se Jorge caiu, literalmente, do cavalo. Ludmilla Oliveira nunca volta atrás em sua palavra. Além disso, Sarah, a mulher de Jorge, sabia de todas as falcatruas do marido. A maioria dos imóveis foram encontrados em seu nome. Ela sabia que o salário do marido, por maior que fosse, não daria conta de cobrir todos os luxos que passaram a ter de cinco anos para cá.
Então, o acordo prevaleceu. Ela me entregaria Brunna, ou iria para a cadeia no lugar de Jorge. Sendo justa, dei um ano para a menina atingir a maior idade, deixando claro que me casaria com ela uma semana após completar dezoito anos. Isso foi na semana passada. Agora, cá estou, me dirigindo para o segundo encontro com minha pequena bailarina. E, devo confessar, estou ansiosa. Não quis vê-la durante esse ano. Eu sabia que a tomaria ainda menor. Não que eu seja um exemplo de conduta, longe disso. Bufo, enquanto subo pelo elevador. Estou louca para possuir aquele pequeno corpo tonificado e flexível. Agora eu posso.
Quando a própria Sarah abre a porta instantes depois de eu sair do elevador, meus sentidos entram em alerta. A mulher está bem vestida e maquiada como sempre. Um sorriso amplo se abre em sua boca vermelha. Olhando assim ninguém diria que tem um marido vegetando sobre uma cama de hospital. Ela está radiante de uma forma desprezível.
- Por favor, entre, Ludmilla. - cantarola e eu passo para dentro da residência. Sigo pelo hall estreito que dá para uma sala grande e bem decorada, embora, muito diferente da outra. Penso maldosamente. - sente-se, por favor. O que deseja? Um café, chá, uísque?
Eu permaneço de pé. Não vou dar a essa mulher a ideia de falsa intimidade comigo.
- Desejo algo. - falo baixo e calmo. - Brunna. Traga-a para mim.
Ela engasga um pouco, então, limpa a garganta. Anda até um pequeno bar no canto da sala e serve uma bebida para si, entornando o copo de uma vez. Uh! Estamos apenas no meio da manhã...
- Sobre isso, Ludmilla... - se vira para mim, obviamente procurando as palavras certas. - Tenho outra proposta para você. Por que não nos sentamos e discutimos melhor? - sorri forçadamente.
Estreito meus olhos. Que diabos ela está fazendo?
- Prefiro ficar de pé. Fale. - digo seca.
Ela engole audivelmente e se serve de outra dose de uísque. Caralho.
- Brunna. - rola os olhos. - Minha enteada é ainda muito jovem... Apenas uma criança, Ludmilla. É impossível para ela dar conta de uma "mulher" como você, se é que me entende... - lambe os lábios, os olhos correndo por mim, avidamente.
Eu solto um grunhido de desgosto. Que vadia. Espero que não me faça a proposta que estou pensando.
- Dove, minha filha mais velha, está disposta a tomar o lugar da irmã mais nova no acordo. - continua, de uma forma muito condescendente. Parece quase falso o cuidado com Brunna. Eu fico alerta. - Estamos tentando proteger Brunna, que já está inconsolável com o estado do pai naquela cama de hospital... - tem o desplante de fungar um pouco, porém, seus olhos estão secos. - Pobrezinha. Sei que me compreende, não é? Sou apenas uma mãe querendo proteger sua menina. Eu cuidei de Brunna ainda bebê. Sou a única mãe que ela conhece...
Para mim chega.
- Estou realmente à beira das lágrimas. - bufo sarcasticamente e Sarah arregala os olhos. - Chame a minha futura esposa antes que eu perca a paciência. - a intimo.
Ela engasga nervosamente e limpa a garganta outra vez. Gira a cabeça para o corredor e chama com voz estridente:
- Querida, venha conhecer sua futura esposa!
Meu corpo inteiro esquenta com a expectativa de ver a menina depois de um ano. Então, é como um balde de gelo jogado sobre a minha cabeça, quando uma garota loira parecida com Sarah entra na sala. Porra! Essa não é Brunna. A garota usa um vestido azul curto, muito colado. Sou obrigada a reconhecer que tem um corpo gostoso. Meus olhos sobem pelo torso, vendo peitos grandes lutando contra um decote generoso. A frase tal mãe, tal filha nunca foi tão bem aplicada. Quando chego ao rosto, percebo que é muito bonita. De um jeito afetado e arrogante, porém.
- Bem, o que temos aqui? - pronuncio em tom baixo, um meio sorriso cínico brincando em minha boca. Seus olhos verdes brilham e se adianta, gingando os quadris sedutoramente. Ou ela pensa que é sedutor. Ironizo.
- Sou Dove. - ronrona. - E você é a minha futura esposa. - diz com uma certeza que me irrita ainda mais.
- Boa tentativa. - meu olhar volta frio para Sarah, que se encolhe sabiamente. - Agora, traga-me Brunna.
- Droga, por quê? Dove é muito mais bonita do que Brunna. - exaspera-se.
Eu faço algo que as choca. Eu rio. Alto. Sarah franze o cenho, confusa. Então, fico séria de novo, assustando-a.
- Não para mim. - rosno, me aproximando devagar da mulher. Ela dá um passo atrás, encostando-se na bancada do bar. - Brunna é a mais bonita. Brunna é a minha escolhida, você me entende?
- M-mas... - gagueja.
- Chame a minha futura esposa. Agora. - digo-lhe friamente.
Sarah parece muito assustada agora.
- Brunna não está aqui...
- Como não está, porra? - estou a ponto de perder a calma com essa mulher. A vadia tentou me manipular. - Onde ela está? Fale, ou eu vou arrancar isso de você. Escolha.
Ela estremece, engolindo em seco.
- E-está morando em Nova Iorque. A enviei para lá logo depois do acidente de Jorge. - seus lábios tremem e ela começa outro choro sem lágrimas. Patética. - A coitadinha ficou arrasada. Eu queria alegrá-la, mantendo seus planos de ir estudar no exterior. Pobrezinha da minha menina...
Ranjo os dentes sem poder acreditar nisso. Sarah me prometeu que cuidaria de Brunna para mim depois do infeliz acidente de Jorge. A mulher deve estar se lembrando exatamente dessa promessa porque começa a tremer, agora, com uma emoção genuína: medo.
- Nova Iorque? E não achou que eu gostaria de ter sido consultada a respeito?
- E-eu sinto muito, Ludmilla. - balbucia, empalidecendo.
- E deve sentir mesmo, porque se algum bastardo ousou tocar no que é meu, você vai me pagar caro. - digo em tom gelado. - Me dê todos os dados de onde ela está. - exijo inflexível, sacando meu celular para chamar meu piloto particular. - Eu vou buscá-la. Agora mesmo!
- Ela não quer se casar! É apenas uma menina tola e sonhadora! - a voz cheia de rancor e inveja, vem de Dove. Eu viro a cabeça em sua direção e ela se encolhe com meu olhar mortal. - Eu estou disposta a lhe dar o herdeiro que precisa, Ludmilla. - sorri como uma predadora. Ela é tão patética quanto sua mãe.- Posso fazer o que quiser, basta pedir...
Ugh. Não consigo refrear minha expressão de repulsa pela garota oferecida. Detesto coisas que vem facilmente. Não, não, eu aprecio um bom desafio. E tive isso com Brunna. Ela me cativou naquela noite, há um ano. Sim, é fodido, mas, a menina me cativou com sua recusa. Gosto de subjugar, mostrar quem é que manda. Então, quando uma mulher se joga sobre mim, tem efeito broxante.
- A única coisa que quero de você é que suma das minhas vistas, porra! - Grito. Ela arfa, se afastando um pouco. - Eu quero Brunna. Apenas Brunna me interessa, fui clara? - olho para a vadia mãe, rangendo os dentes: - agora me passe o endereço. Você não quer me ver perder a paciência, Sarah.
A mulher estremece e vai para um aparador no canto da sala. Escreve algo rapidamente num bloco de papel e volta com passos hesitantes. Arranco o papel de sua mão e o olho. O endereço é no Upper West Side, não muito distante da minha cobertura, de frente ao Central Park. A encaro friamente, enfiando o papel no bolso da jaqueta.
- Quando voltar, vai me explicar exatamente porque pensou que poderia me manipular.
Sarah fica ainda mais pálida.
- Seja razoável, Ludmilla. Brunna não quer você. É quase uma criança.
Ouvir isso me irrita demais. Eu já sei disso, mas, ouvir me incomoda, não sei o porquê. Ando para a saída e sem olhar para trás, digo em tom definitivo:
- Vai aprender a querer. Não há outra escolha para ela. Será minha pelo tempo que eu quiser.
Nova Iorque... Estados Unidos...
Brunna
Eu termino o treino e vou para o vestiário. Meus pés estão me matando, então, tiro apenas o suor do corpo com uma chuveirada rápida, deixando os cuidados extras para quando chegar em casa. Não estou mais vivendo com Larissa , minha melhor amiga. Tive alguns problemas ao morar com sua família. Sendo o maior deles, acordar numa noite com seu pai apalpando minha bunda. Argh! Estremeço só de lembrar do pânico e repulsa que senti. O homem passou a me olhar com estranho interesse desde que cheguei para morar com eles. No começo, ainda me recriminei, achando que estava entendendo errado. Ele era um homem respeitável, jamais me olharia de forma maliciosa. Tentava me convencer, uma vez que eu e sua filha nos conhecemos no pré-escolar e sempre dormimos na casa uma da outra desde pequenas. Nunca havia notado nada diferente no tio. Porém, acho que o fato de eu estar aqui sozinha, tão distante da minha família, deixou o velho tarado à vontade para tentar algo comigo.
A pior parte foi dizer a Larissa que iria me mudar e não conseguir contar o verdadeiro motivo. Ela ficou arrasada. Entretanto, ficaria muito mais se soubesse das ações nojentas de seu pai. Lhe disse apenas que Sarah, a megera da minha madrasta, havia implicado comigo morando com eles e alugou um apartamento para mim sem o meu conhecimento. Larissa sabe que nunca tive vontade própria quando se trata daquela vaca e de sua filha. Um suspiro doloroso deixa minha boca ao lembrar que a cadela me enviou para cá quase obrigada, apenas um mês depois do acidente que deixou meu pai em coma. Os dois estavam passando um final de semana no haras de um parceiro de negócios de meu pai. Ele caiu de um cavalo e nunca mais acordou. Isso tem oito meses. Eu queria estar lá, cuidando dele, coisa que sei, nenhuma delas fará. Meu pai é a única família de verdade que me resta.
Quero dizer, família mais próxima. Tem os parentes da parte da minha mãe, mas, eles nunca foram muito presentes. Meu pai tem apenas uma irmã, que mora na Alemanha. Eu realmente não me recordo de tê-la visto em algum momento. Meus avós, de ambas as partes, morreram enquanto eu era criança ainda. Suspiro mais uma vez, não impedindo meus olhos de lacrimejarem. Me sinto tão sozinha. Mesmo estando brava com meu pai pela situação terrível em que nos colocou ao roubar aquela mulher diabólica, não queria vir mais para cá. Não o deixando lá, largado naquele hospital. Ele também só tem a mim. Aquelas duas víboras não contam para nada. Nada! Ao pensar nisso, a imagem de Ludmilla Oliveira atravessa meu cérebro. Nunca mais a vi desde aquela noite, há um ano. Para ser sincera, o que me fez aceitar vir para cá foi a promessa de Sarah de resolver tudo. Ela garantiu que aquela mulher cínica e cruel não viria atrás de mim. Então, eu vim embora, mesmo com o coração doendo. Só que...
Eu ainda penso nela. Me envergonho em confessar isso, mas, de vez em quando a imagem daquela mulher bela e fria, volta com uma força inexplicável em minha mente. Me envergonho ainda mais porque... Às vezes me toco pensando nela, naquele único encontro. Em como meu corpo se sentiu colado no dela, sentindo seu membro duro contra mim. Ela me desejou também. Naquele breve esbarrão, nossos corpos se encaixaram e se desejaram. Me senti como que enfeitiçada, mesmo sabendo da sua intersexualidade e que era bem mais velha do que eu, isso não me importou. Nem um pouco. Talvez seja pelo fato de nunca ter visto outra mulher como ela, não consigo me livrar da lembrança dela.
Termino de vestir meu moletom velho e confortável, ouvindo a algazarra das meninas nos outros compartimentos. Saio, me dirigindo à bancada da pia. Penteio e prendo meus cabelos em um coque frouxo. É sexta-feira, porém, estou indo direto para casa. Não sou uma menina festeira e isso causa comentários, muitas vezes maldosos dos meus colegas de classe. Ariana, uma morena baixinha, e minha atual companheira de quarto, vem em minha direção, ajeitando os cabelos em um rabo de cavalo. Larissa a interceptou em seu primeiro dia aqui na escola e a indicou para dividir o apartamento comigo. Ariana tem vinte anos e automaticamente passou a tomar conta de mim enquanto não completava dezoito, o que ocorreu na semana passada, graças ao meu bom Deus!
- Renatinho convidou a todos para uma bebida em sua casa. - anuncia com um sorriso brilhante. Renatinho é um dos bailarinos principais e seu namorado. - Você poderia vir dessa vez. Austin está vindo também. - balança as sobrancelhas.
Austin é o carinha novo que deixou todas em polvorosa, incluindo eu. Bem, posso não ser festeira, mas, não sou cega. Ele é lindo. Está inclusive, rolando apostas sobre quem o pega primeiro. Pois é, as meninas também podem ser grosseiras. Eu rio, ajeitando minhas coisas dentro da mochila. Larissa ainda está dentro de um dos compartimentos. Ela leva uma eternidade no banho. Sempre foi assim.
- Meus pés estão me matando, Ariana. Vai ficar para a próxima. - me desculpo.
- Brunna, somos bailarinos. - ela zomba. - Claro que nossos pés sempre estão nos matando! Isso não é motivo para você se esconder em casa em plena sexta.
- Não vou me esconder. Apenas prefiro cuidar dos meus pés numa banheira quente... - eu rio da sua carranca.
- Você não é normal. - sacode a cabeça em descrença. - O que eu digo ao Austin? Ele pediu para lhe dizer que está muito a fim. - ela diz.
Eu rolo os olhos, me encostando à bancada, observando-a se maquiar no espelho.
- Se ele está tão a fim, diga que me convide adequadamente para sair. - retruco, dando de ombros.
Larissa sai de um dos compartimentos, ajeitando um vestido que desafia todos os limites da decência sobre o corpo bonito. Ela é uma morena de longos cabelos loiros e olhos amendoados. É linda. Não é uma observação parcial por ser sua amiga, é verdade.
- Você é tão antiquada, Bru. - rola os olhos antes de se virar e abrir o estojo de maquiagem sobre a bancada. - Não me admira que ainda seja virgem aos dezoitos anos, amiga. - seu tom não é nada baixo.
Ariana arregala os olhos. Eu gemo em desgosto.
- Fale um pouco mais alto, Larissa. Eu acho que nem todos nesse andar conseguiram ouvir, amiga. - digo sarcasticamente, pegando minha mochila, jogando-a sobre o ombro. - Divirtam-se!
- Bru! Para de ser boba. - Larissa ainda tenta, seu tom de desculpas, enquanto me dirijo para a porta. - Vamos à festa, amiga. Austin é o maior gatinho. As meninas estão todas loucas por ele. Se não for hoje, vai dar a chance de uma delas...
Olho por cima do ombro, já alcançando a porta.
- Se ele ficar com alguma hoje, significa que não está tão a fim de mim, afinal de contas, né? - rebato. - Sério, meninas, se divirtam. Hoje só quero ficar em casa, numa banheira morna, ouvindo boa música.
- Eca! Ela quer dizer coisa de gente velha. - Larissa ri, mas não há deboche real, apenas implicância com meu gosto musical. Ela costuma dizer que sou uma alma velha presa num corpo jovem. - Bru? - torno a olhá-la. - Se cuida. Sabe que te amo, né? Só falo assim porque quero ver minha melhor amiga se divertindo.
Eu forço um sorriso, suas palavras me atingindo lá no fundo. Faz tanto tempo que não sei o que é diversão. E aquele sentimento de solidão, um velho conhecido meu, me invade. Uma sensação horrível de não pertencer a lugar nenhum, se espalha dentro de mim. Senti muito isso à medida em que crescia numa casa onde Sarah e Dove faziam de tudo para tornar minha vida miserável. Essa solidão só tem aumentado nos últimos meses, aqui, nessa cidade enorme e estranha. Estou sozinha, e constatar isso dói. Dói muito.
- Eu sei. - murmuro, com lágrimas na garganta. Sou mesmo uma menina tola e sensível. Abro um sorriso para mascarar meu estado emocional. - Te amo também, amiga. - olho para Ariana. - As duas. Se divirtam por mim. Prometo que irei na próxima.
Elas riem e me jogam beijos. Eu saio de lá, descendo rapidamente para a frente do prédio e tomo um táxi para o nosso apartamento. A viagem da Steps on Broadway, onde tivemos aula hoje, até meu novo endereço no Bronx, leva pouco mais de trinta minutos. Sarah alegou que o dinheiro está curto e acabou alugando algo em Riverdale, na parte menos favorecida do bairro, claro. Pelo menos o edifício é bem cuidado e tem uma vista fantástica do Rio Hudson. Eu pago o motorista quando estacionamos na frente da escadaria do meu prédio e desço para o meio-fio. A brisa noturna me assalta, um arrepio tomando minha pele. Estremeço, ajeitando meu casaco e começo a percorrer os poucos passos para alcançar o primeiro degrau. A vizinhança aqui não é muito acolhedora quando a noite cai. Não é prudente ficar de bobeira na rua, ainda mais sozinha. Olho para o outro lado da rua e franzo o cenho ao ver um carro preto de luxo estacionado. Os vidros são escuros e não consigo ver se há alguém dentro. Outro arrepio me percorre. Nunca vi um carro tão luxuoso por aqui. Embora a vizinhança seja perigosa à noite, durante o dia as coisas são mais amenas. Quase todo mundo se conhece. Após uma última olhada, decido que o carro não é da minha conta e subo a escada.
Ao entrar em minha casa, vou direto para o Home Teather. Seleciono a pasta de Ed Sheeran e suspiro indo para o quarto. O apartamento possui apenas dois cômodos. Sala e cozinha conjugadas, um quarto, que divido com Ariana e um banheiro no final do corredor. Há algo que me cativou no pequeno espaço, porém: uma banheira aconchegante, que uso para meus banhos relaxantes depois de treinos puxados, como os de hoje. Nossa instrutora avisou que há duas vagas para bailarinos clássicos para um musical na Broadway e todos estão dando o sangue, literalmente, para conseguir uma dessas vagas. Deixo a banheira enchendo e vou abrir uma garrafa de vinho. Aqui não tenho idade para beber, mas, o namorado de Ari sempre deixa algo para nós quando vem visitar. Esse é mais fraco, seco, eu apreciei o sabor quando o experimentei no meu aniversário de dezoito na semana passada. Larissa, minha inocente amiga, insistiu em organizar um jantar em sua casa. Eu tive que ir, cumprimentar a todos, inclusive o tarado do pai dela, e sorrir como se nunca o tivesse flagrado agarrando minha bunda. Eca! Sacudo a cabeça para expulsar a lembrança.
Eu entro na banheira morna alguns minutos depois e me permito relaxar. Tomo apenas uma taça do vinho. Não sou de exageros. Rio um pouco, concordando com minhas amigas, eu acho que tenho mesmo uma alma velha. Apoio a cabeça na borda da banheira e fecho os olhos, a voz de Ed Sheeran me ajudando a enviar o cansaço para longe, meus músculos vão se soltando, as dores sumindo. Sim, muito melhor do que ir para a festa me cansar ainda mais. Rio satisfeita. Quando a água esfria eu saio, me sentindo revigorada. Me enxugo e volto a vestir o roupão, indo para a sala/cozinha. Um bom filme e o resto da lasanha de berinjela que fiz ontem, vão cair bem agora. Perfect do Ed começa a tocar: "Eu encontrei um amor para mim", quando atravesso a porta. Levanto minha cabeça, que esteve baixa e estaco abruptamente, meu coração indo parar na garganta. Oh, meu Deus! Há uma pessoa dentro do meu apartamento! Levo a mão à boca para me impedir de gritar.
Como entrou aqui? Minhas pernas estão trementes, moles pelo susto. Deveria voltar para o quarto e trancar a porta. Espera. Eu paro para raciocinar... A porta estava aberta o tempo todo. A pessoa podia ter me atacado se fosse esse o seu objetivo. Ela não tem tranca. O que... Forço meus olhos nos ombros elegantes e imponentes da pessoa perto da janela. Está de costas para mim, mãos enfiadas nos bolsos, olhando para fora. Sua postura aparentemente calma e sua roupa de aparência cara, me garantem que não é um ladrão, mesmo que esteja com um boné em sua cabeça. Então, meu coração parece que vai pular pela boca, quanto mais a observo, mais o reconhecimento me bate. Corajosamente procuro seu rosto através da janela de vidro e, oh, meu Deus! Arquejo alto quando meu olhar cruza com o seu. Os olhos verdes gelados, que estiveram me assombrando desde o nosso único encontro, cravam nos meus. Eu perco todo o ar. O impacto é tão forte que cambaleio contra a parede.
Ludmilla Oliveira. Eu gemo, outros tipos de emoções me tomando. Um misto de medo, repulsa e fascinação. Estremeço, meu corpo ficando estranhamente mole. Aquele arremedo de sorriso cínico brinca em seu rosto e ela se vira para mim, retirando seu boné deixando a cascata negra de cabelos caírem. Meu corpo todo começa a tremer pra valer, à medida que cruza a pequena sala. Seus passos são elegantes, mas não me deixo enganar por isso. Essa mulher é brutal. Ela vai te fazer sangrar na primeira vez. Vai te comer sem dó. As palavras maldosas de Dove me vêm à mente. Os olhos frios descem pelo meu corpo, me causando aquela inexplicável sensação quente. Mesmo com medo, minha pele arrepia e eu arfo, lamentando o roupão curto, e principalmente, estar nua embaixo dele. Parece que estou sempre a encontrando em desvantagem em matéria de roupas. Junto os lados do meu roupão, minhas mãos trêmulas, cobrindo meu colo. Um raio de diversão passa em seu semblante, olhos de águia acompanhando meu gesto. Ela para à minha frente. Intimidante. Levanto a cabeça para encará-la olho a olho, tentando a todo custo não parecer que estou quase mijando nas pernas. Arfo. Oh, Deus... Linda. Muito mais do que nas minhas lembranças.
- Olá, Brunna. - sua voz é um tanto rouca. Olhos fixos nos meus. - Nos encontramos de novo.
- Ludmilla... - balbucio, minha voz ofegante. - C-como... Como entrou aqui?
Sua expressão é de desdém quando levanta uma chave na minha frente.
- O porteiro do prédio me deu uma chave reserva. - diz com sua arrogância de dona do mundo, que tanto me irritou há um ano. Torce os lábios sarcasticamente. - Com o incentivo certo, claro.
Dinheiro. Eu gemo em desgosto. Mesmo assim tento encará-la de frente.
- Por que está aqui?
Seus olhos estreitam ligeiramente e ela me olha em silêncio por um instante, me fazendo ofegar enquanto o tempo passa. Essa mulher é uma predadora. Está claro em seu rosto diabolicamente bonito, o quanto aprecia minha reação a ela.
- Temos um acordo, Brunna. - diz sem se alterar. - E você fugiu. Achou mesmo que iria ficar livre de mim, futura esposa?
Desdenha e eu fico gelada, petrificada. O quê?! Não. Sarah me prometeu que iria resolver tudo. Não pode ser... Por favor, Deus. Ed Sheeran não está ajudando cantando o trecho: "Querida,entre de cabeça e me siga..." Seu olhar verde continua fixo no meu. Fico sem palavras por um momento, apenas olhando-a, entre assustada e deslumbrada porque contrariando toda a razão, ela é soberbamente bonita. Deus, sua presença é esmagadora. Por que me sinto assim sobre essa mulher? Pergunto-me completamente sem chão. Estou presa em seu olhar, encurralada.
- Sarah me disse que podia seguir com meus planos de estudar aqui. - digo, tentando soar o mais firme possível. Ela está muito perto. Seu perfume chegando até mim sutilmente. - Me prometeu que resolveria esse... Assunto com você. Ela disse que...
- Ela tentou me empurrar sua outra filha. - ela meio que cospe isso. - Tentou me enganar e vai pagar por isso quando retornarmos ao Brasil.
Isso não é totalmente surpresa para mim. Sarah e Dove são duas vacas ambiciosas. No entanto, são muito burras por achar que conseguiriam enganar uma mulher como essa.
- Fique com a Dove. - minha voz sai entrecortada. - Por favor, ela é a mais bonita, sofisticada. Eu não me encaixo...
Ela meio que bufa. Sua mão direita levanta para meu rosto e eu fico tensa imediatamente. Seus dedos tocam meu rosto me fazendo saltar, ofegando, estremecendo com o ínfimo contato. Ela desliza os dedos em minha face, suaves como pluma. Uma onda quente e eletrizante invade meu ventre, descendo para a vagina. Sinto-me molhando, o líquido grosso e quente melando meus lábios vaginais. Seus olhos brilham mais. Duros. Inflexíveis. Suas narinas expandem e ela se inclina mais, inalando-me.
- Permita-me discordar. - sussurra asperamente, o polegar escorregando, passando pelos meus lábios. Engulo em seco, entreabrindo-os, sentindo tudo em mim latejar. Meus seios ficam duros empurrando o tecido atoalhado do roupão. - Você vai se encaixar muito bem... Escolhi você. Não há como escapar disso, baby.
Eu bufo para a forma debochada como diz baby. Além disso, não nega que Dove é a mais bonita e sofisticada. Isso me deixa irritada contra a minha vontade. Eu não me importo com sua opinião idiota. Não me importo.
- Não, eu não vou me encaixar por uma razão bem simples: - cerro os dentes, querendo empurrá-la. - Não quero você, senhora Oliveira!
Um canto da boca firme levanta com minha audácia. Então, sei que estou em sérios apuros quando seu corpo chega mais perto, prendendo-me contra a parede. Uma mão segura minha cintura, puxando-me forte contra ela. Fico tonta pelo contato, seu cheiro, a sensação do corpo dela, subjugando o meu.
- Você quer, Brunna. - diz, os olhos flamejando. - Não tente enganar uma mulher experiente como eu. - sussurra, seu rosto bem perto do meu, provocando-me. Meus olhos involuntariamente vão para sua boca. Quero bater nela e ao mesmo tempo puxá-la para um beijo. Meu Deus! Pare com isso, Brunna! Me recrimino. Ela é uma imbecil completa. Coloco minha língua para fora, na intenção de lamber meus lábios subitamente secos, mas, só encontro seu polegar pelo caminho. Droga. Um gemido baixo sai da sua garganta com a minha lambida desajeitada em seu dedo. Ela empurra o quadril em mim e resfolego, sentindo seu pênis excitado. Minha excitação escorre no topo das coxas. Minha reação a ela é, no mínimo, humilhante. Nunca na minha vida senti nada parecido com isso. O que é isso, meu Senhor? Por que com ela? Por que com essa mulher?
- Sente como meu pau está duro por você?
Eu gemo, fechando os olhos, mortificada com suas palavras cruas. Ela é uma selvagem!
- Não quero. Me deixe em paz! Você pode ter qualquer mulher que quiser! - tento empurrá-la, mas só consigo gemer mais quando espalmo as mãos em seu abdômen sob a blusa.
Seus olhos estreitam e aquela expressão gelada a toma por completo. Suas mãos sobem pelos meus braços, me causando arrepios. Ela ri cinicamente.
- Sim, eu posso ter qualquer mulher. - diz, pegando às abas do meu roupão. Eu ofego, medo, excitação guerreando dentro de mim. - E é por isso que vou ter você. Chega dessa conversa infrutífera. - grunhe, puxando meu roupão pelos ombros, arrancando-o sem a menor delicadeza. - Me mostre o que é meu.
O tecido escorrega rapidamente para o chão antes que possa reagir. Pânico me toma por inteiro. Oh, meu Deus! Ela vai me foder aqui, contra essa parede? Dove tinha razão. Essa mulher é um demônio. Ela se afasta um pouco para me ver por inteiro. Meu primeiro pensamento é colocar um braço sobre os seios e uma mão cobrindo meu sexo, porém, isso não a parará. Estamos sozinhas. Estou à sua mercê, quer goste ou não. Então, estico a coluna, lhe lançando um olhar mortal. Seu olhar permanece preso no meu por algum tempo, naquele jogo doente que já percebi, adora fazer.
- Corajosa, baby. - sua voz é baixa, enganosamente suave. - Eu gosto disso. Gosto muito disso. - e seu olhar desce pelo meu corpo. Eu tremo sem controle, meus seios ficam pesados, os bicos ainda mais pontudos. Minha vagina pulsa em resposta ao olhar de puro interesse que está me dando. Penso ter ouvido um gemido baixo vindo dela e isso me agrada. Odeio que deixá-la excitada me agrade, droga. - Um ano lhe fez muito bem, Brunna. Adquiriu mais curvas. Agora parece uma mulher. - seu olhar vaga pelo meu torso e vejo-a cerrar o maxilar quando crava os olhos em minha vagina. - Que gostosa... - murmura com voz rouca. Eu latejo ainda mais, um gemido escapando da minha boca. Ela ri, do jeito irônico que odeio desde o nosso primeiro encontro. - O casamento será depois de amanhã. - anuncia e volta a me olhar no rosto.
Essas palavras suplantam toda a minha excitação. Esqueço que minhas coxas estão meladas de desejo pela mulher maquiavélica. Sua postura arrogante, seus olhos frios como gelo me inflamam e eu me estico mais ainda, decidida a não me entregar facilmente.
- Já disse que prefiro morrer a ser a sua prostituta, sua porca! - cuspo, lágrimas quentes inundando meus olhos, me traindo. Ela ri da minha afronta e chega perto outra vez. Eu engasgo, olhando para todos os lados, procurando uma rota de fuga. Não havendo para onde ir, volto a encará-la. - Você vai me estuprar? Saiba que vou te odiar até o fim dos meus dias, sua cretina!
Ela gargalha, jogando a cabeça para trás, então, volta a me encarar, a expressão gelada nos olhos bonitos. Como pode alguém ser tão bonita e tão sem caráter? Ela para um instante, franzindo o cenho, me lançando um olhar aguçado.
- Quantos? - pergunta baixo, laconicamente. Eu junto as sobrancelhas em confusão. - Com quantos você fodeu enquanto estava aqui, fugindo de mim?
Meu rosto fica quente, em chamas. Maldita!
- Isso não é da sua conta! - ranjo os dentes. - E eu não estava fugindo. Não tenho nenhum compromisso com você!
Ela me prende novamente contra a parede, rápida, letal. Puxa meus braços, elevando-os acima da minha cabeça bruscamente. Fecho os olhos com força. É o fim. Ela vai me foder aqui, me machucar. Me fazer sangrar. Tento acertá-la entre as pernas, só que a cretina é mais rápida. Gemo de frustração e impotência. Chuta minhas pernas afastando-as e segura meus pulsos com uma mão só, enquanto a outra desce pela minha clavícula até chegar ao seio direito. O acaricia, gentilmente, para a minha surpresa. Estou ofegando pela luta, mas, também pelo desejo imoral inflamando minhas veias. Agora não sei mais o que estou sentindo. Tudo está misturado. Medo, raiva, tesão louco por essa mulher horrível. Sua boca torce no sorriso cínico e ela a desce devagar sobre o meu seio esquerdo.
- Ahh! - Os lábios quentes e experientes sugam o bico com firmeza e eu não consigo segurar o choramingo. Uma onda deliciosa de prazer me atravessa.
- Oh, meu Deus! - grito quando belisca o outro seio, puxando o mamilo duramente e passa a mamar em mim com força. Arquejo, meu corpo tremendo mais e mais, sendo subjugado, tomado sem permissão pela minha bela algoz. Sua boca perversa mordisca o bico e depois a carne do seio todo, engolindo-o, devorando-o sem pena. Pulso, ofego, choro, me retorço, meu quadril procurando alguma fricção contra ela, esqueço-me do meu amor próprio e gemo, sem forças para me desvencilhar dela. O que sinto é poderoso demais. Não consigo lutar contra. Não consigo. Sua mão para a tortura em meu seio e serpenteia pelo meu ventre. Segura minha cintura e vai me explorando, apertando delicadamente, como se estivesse memorizando cada curva. Um som que é meio gemido, meio rosnado reverbera em meu seio quando alcança entre minhas coxas.
- Porra, essa bocetinha está pingando para mim. - zomba, passando a sugar o outro seio, enquanto desliza os dedos vagarosamente entre meus lábios vaginais. Entro em pânico quando vai introduzindo um dedo em meu canal virgem. Arfo, dividida entre o prazer e o medo de ser machucada.
- Não... Por favor... - balbucio, tentando encontrar forças para pará-la, mesmo sabendo que nada posso fazer contra. Ela passa a me penetrar devagar com o dedo. Estou tão molhada que fico envergonhada. Eu a quero. Não há como negar. - Não me machuque.
Ela para de sugar meu seio e se ergue, o rosto ficando bem próximo do meu. Seus olhos são como lasers me escrutinando.
- Quantos? Homens ou mulheres? - torna a perguntar, semicerrando os olhos. Eu não posso mais fugir, então, respondo num fio de voz.
- Nenhum. Eu ainda sou virgem.
Surpresa toma o seu rosto, que vai dando lugar à desconfiança. Ela estreita ainda mais os olhos e volta a enfiar o dedo em mim.
- Se estiver mentindo para mim, vai pagar caro, Brunna... - geme quando para no meu hímen. Arfo, tremendo.
- Por favor, não me tome assim... - imploro.
Seu rosto torce com algo parecido com arrependimento. Mas, é tão rápido que me pergunto se vi isso mesmo.
- Eu não vou machucá-la. - murmura quase com raiva pela minha súplica. - Não sou nenhuma selvagem, Brunna. - range os dentes, parecendo ultrajada. Eu fico confusa. Ela não é? - Não vou estuprar você. Pelo amor de Deus! Nunca precisei forçar uma mulher e não vou começar agora. - no entanto, não retira o dedo, pelo contrário, acrescenta mais um e me fode devagar, me olhando de perto, vendo todas as minhas reações. O polegar encontra meu clitóris e o esfrega gentilmente a princípio. Gemo baixinho, rendida, molhando, latejando mais. Ela sorri. Um sorriso que parece quase livre de sarcasmo e sussurra: - relaxe, baby, não lute contra isso. - sua voz fica mais suave, diabolicamente sedutora. Seus lábios trilham beijos em minha face e vão para o meu ouvido. Gemo, virando a cabeça, deixando-a sugar o lóbulo, depois lamber, mordiscar. Uma onda quente diferente de tudo que já senti quando me toco, está se formando em meu ventre. Seus movimentos aceleram gradualmente. Até que passa a me comer com força, mas, os golpes não são tão profundos. Está preservando minha virgindade e isso me confunde mais ainda. Sua boca desce, raspando os dentes e ela suga um ponto entre o ombro e pescoço, me fazendo choramingar de prazer. Passa a morder com certa pressão e me vejo gostando disso. - Vamos, Brunna, goze para mim. - comanda contra a minha pele, me arrepiando. - Deveria ser o meu pau aqui dentro. Porra, estou tão dura por você. - range e mói o pênis duro contra o meu quadril. - Na próxima vez que você gozar será comigo dentro dessa boceta, gozando também, te enchendo com a minha porra.
Suas palavras ásperas e depravadas me jogam sobre o precipício. É humilhante, mas, é exatamente isso. Sua perversão me excita.
- Ohh! - resfolego, meu corpo todo entrando em erupção, uma barreira se rompendo. - Ludmilla... - chamo seu nome involuntariamente. Ela rosna e me morde mais forte no ombro. Então, eu explodo em seus dedos. Gozo com uma força absurda. Eu fico sem fôlego.
- Sim, baby. Não há como fugir disso. Você é minha. - grunhe, continuando a empurrar os dedos em meu canal, que está pingando agora.
Solta meus pulsos e pendo minha testa em seu ombro, resfolegando. Meu Deus! O que foi isso? Espasmos secundários espiralam em meu corpo. Puxa os dedos devagar de dentro de mim e eu gemo. Com os olhos fixos nos meus, lambe a mão toda lambuzada, sugando um a um os dedos sujos com o meu gozo. Jesus Maria José... Minhas pernas mal me sustentam quando ela se afasta. Fica alguns passos de mim, o olhar passa pelo meu corpo nu, levemente suado. Ela está toda composta, nada de respiração ofegante como eu. Pega uma toalha de papel e limpa a mão, não deixando de ter a imagem de mulher elegante. Seus olhos voltam a ser frios e inflexíveis quando me diz:
- Arrume suas coisas, Brunna. Vamos pegar o jato de volta para o Brasil dentro de duas horas.
Eu arquejo, meu peito subindo e descendo. Toda a satisfação do gozo me abandona e meus olhos se enchem de lágrimas. Ela rola os olhos e encara o relógio caro em seu pulso.
- Por favor, eu tenho uma vida aqui. - pego o roupão do chão me cobrindo. Vergonha tardia caindo sobre mim. Deus! Eu a deixei me tocar. Não apenas isso. Eu... Gostei, ansiei por isso.
- Não tem mais. - retruca laconicamente. - Já resolvi tudo. Sua matrícula na escola de dança foi encerrada, o contrato desse apartamento foi passado para a sua colega de quarto...
- Como fez tudo isso? - indago atônita e revoltada pelas suas medidas despóticas.
- Cheguei há dois dias. - diz como se apenas esse fato explicasse seus desmandos em minha vida. As lágrimas queimam meus olhos à medida que ela revela como descontruiu cada tijolo da vida que estava construindo aqui.
- Por favor, não tenho paciência para joguinhos e birras infantis. - torna a falar, seu tom entediado. - Agora vá arrumar as suas coisas.
- Eu te odeio! - explodo, limpando meu rosto com raiva. - Vai pagar pelo que está fazendo comigo!
Os olhos verdes me fixam impiedosamente.
- Não, Brunna, você é quem vai pagar. Cada noite na minha cama. - fala baixo. - E quem disse que me importo com seus sentimentos? - me olha de cima a baixo. - Vou te comer. Apenas isso. - ri cínica e maliciosamente. - Vamos foder muito e você vai amar cada momento. Seja esperta e perceba a lição que lhe foi ensinada hoje, baby. - diz complacente. - Tesão e química, nada tem a ver com amor. Você pode me odiar, mas, vai gozar gostoso no meu pau. Vai tomar a minha porra todo maldito dia até engravidar do meu herdeiro! Vai abrir as pernas para mim toda vez que eu quiser! Fui clara?
Eu corto a distância entre nós e a pego desprevenida com um tapa forte em seu rosto. Imediatamente cubro minha boca com as mãos. Meu Senhor! Choque me toma. Nunca fui assim, agressiva. Abro a boca para falar, mas seus olhos são lagos gelados sobre mim agora.
- Eu só vou dizer mais uma vez, Brunna. - seu tom é mortal. - Vá. Arrumar. Suas. Coisas. Porra!
Dessa vez eu não discuto. Me viro e entro no quarto, fechando a porta e me recostando a ela. Oh, meu Deus! Meu corpo está todo tremendo, sem controle. O que será da minha vida com essa mulher?
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O acordo- Brumilla
FanfictionLudmilla Oliveira, é a CEO da LO Ocean Airlines, sediada em São Paulo. Uma mulher fria, implacável e cínica, que respira negócios. Aos trinta e sete anos nunca se permitiu viver nada além de sexo casual, usava com magnitude seu milagre entre as pern...