Capítulo 13

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Ludmilla
Levantamos nossas taças e entramos na contagem regressiva...
- 5, 4, 3, 2, 1! Feliz Ano Novo! - a mesa grita entusiasmada para os fogos explodindo no céu de São Paulo.
Mantenho meu braço enrolado na cintura de Brunna. Ela está com o sorriso mais radiante para mim, as luzes dos fogos refletindo nos incríveis olhos castanhos. Esqueço do resto da mesa e me perco nela. Apenas nela. É linda demais.
- Feliz Ano Novo, baby! - murmuro perto da sua boca.
- Feliz Ano Novo, Ludmilla! - sua voz está meio emocionada.
Sem me importar com mais nada, tomo sua boca, beijando-a com paixão na frente de todos. Ouço assovios e sorrisos, provavelmente de Marcos e nossa avó, que estão perto de nós. Estamos no Jardim Paulista, em um clube de festas exclusivo que alugamos para o tradicional baile de fim de ano da empresa. É um evento apreciado e muito esperado pelos nossos funcionários, e desde que assumi a presidência da LJ, tenho me esforçado para torná-lo cada vez melhor. Chupo a língua macia em minha boca vorazmente. Brunna choraminga, apalpando meu ombro, segurando minha nuca com a mão livre e se rende à minha fome. Nós nos beijamos, praticamente fodendo a boca uma da outra, sob os sons de risos, fogos e felicitações para o ano que se inicia. Quando arranco minha boca da sua, rio como uma adolescente que se comportou mal e ela faz o mesmo.
- Deliciosa... Isso vai me dar sorte, garantir um bom... - meio que gemo, mordendo seu lábio inferior. - um excelente ano.
Seus olhos cintilam de uma forma hipnotizante. Está usando um vestido branco, lembrando o que usou na Grécia, parecendo uma deusa, imponente. Seu corpo está ficando cada vez mais maduro, com curvas deliciosas, voluptuosas. Os peitinhos redondos e firmes estão maiores, suculentos. A cinturinha bem fina e os quadris alargando na bundinha linda e arrebitada. Ela tem desabrochado em uma linda e estonteante mulher desde quando a fiz minha, há quase três meses. Estou cada vez mais louca por ela. Fascinada. Brunna tomou minha cabeça e meu corpo de tal forma, que me assusta a velocidade com que me viciei nela.
- Você acredita em Deus? - sussurra, a voz ainda cheia de emoção. Franzo a testa. Que raio de pergunta é essa?
- Eu acho que sim. - dou de ombros.
Ela rola os olhos.
- Não há meio termo. Só há uma resposta: sim, ou não. - diz com sua astúcia e atrevimento em dia.
Eu rio, tocando minha taça na sua.
- Sim, eu acredito. - digo e percebo que sim, é verdade. Eu acredito em Deus, embora não seja exatamente íntima Dele.
Isso a agrada, seu sorriso suave ampliando.
- Eu acredito no trabalho duro, Brunna. - digo com um toque do meu cinismo habitual.
Ela acena, esses olhos magníficos parecem estar travando outro tipo de conversa comigo. Uma mais íntima. Uma que me mantém aquecida por dentro, tocada de uma forma que nunca me permiti antes dela.
- Sim, claro, no entanto, a colheita é muito mais abundante quando entregamos tudo nas mãos capazes de Deus.
Eu a encaro ainda com o sorriso brincando na boca. Não contente em fazer me render ao Natal, ela vai continuar me convertendo, pelo visto.
- Não sabia que era uma beata fervorosa. - brinco. Ela ri, meneando a cabeça.
- Eu não sou. Frequento a igreja esporadicamente, mas converso com Deus todos os dias. - ela me olha com interesse aguçado. - Já conversou com Deus alguma vez, Ludmilla?

Uh. Tema profundo para os primeiros minutos do ano novo.
- Eu acho que não. - dizer isso em voz alta me faz sentir uma imbecil completa. Acho que todos já conversaram com Deus em algum momento de suas vidas, não? Seu rostinho lindo cai um pouco. Eu sei o que pensa sobre mim: pobre menina rica. Toda fodida emocionalmente, cínica sobre todos os aspectos da vida. - Talvez, quando era criança... - dou de ombros. - Não consigo me lembrar exatamente de uma ocasião específica. - ela permanece em silêncio, me analisando com esses olhos expressivos, e eu vou amolecendo, baixando a guarda de novo. - Você conversou com Ele agora? Um pedido especial para o ano que se inicia, talvez?
Seu rosto relaxa e ela sorri.
- Sim. Eu fiz um pedido muito especial. - murmura com ar de menina sonhadora.
- E acha que isso cairá do céu, sem nenhum esforço? - não resisto a uma provocação.
Ela me dá um tapa leve no ombro.
- Pare de brincar com coisa séria. - ela me repreende e eu apenas sorrio, fitando-a bobamente. Brunna sempre me encanta quando defende suas convicções.
Talvez tenha pedido pelo restabelecimento da saúde do pai. Pondero. Nesse momento, olhando para seu rosto perfeito ainda carregando traços de menina, estou tentada a pedir a Deus que a atenda em seu pedido. Subo a mão da sua cintura pelas costas, aproveitando para acariciá-la no processo, até chegar ao rosto bem maquiado. Seu cabelo está solto, caindo como uma cortina de seda, perfumado. Traço a face esquerda com delicadeza, tudo nela me fascina, me seduz, me amolece. Sim, espero que Deus lhe conceda o que quer que tenha pedido.
Ela arfa, os olhos brilhando como joias sob as luzes dos fogos no terraço ricamente decorado. Sua mão vem para o meu rosto em um toque delicado. Leva um tempo para me responder em um sussurro rouco:
- Idem, Ludmilla Oliveira.
O jantar é servido alguns minutos depois, quando passa a algazarra dos fogos e felicitações. Esse ano vieram muitos funcionários de outros estados, percebo, meus olhos correndo pelas mesas dispostas tanto dentro do salão, quanto aqui fora, no terraço. Temos uma banda e um DJ para animar noite adentro. Pelas minhas contas, tinha uns dois anos que Marcos e eu não comparecíamos ao baile, enviávamos nosso vice-presidente para nos representar. Muitas vezes preferimos curtir fora do país acompanhados de belas mulheres. Meus olhos param na mesa a nossa direita, onde Isabelly está com seu pai. Ele me avisou que viria passar a virada no Brasil e tive que convidar os dois em nome da etiqueta, uma vez que é meu antigo parceiro de negócios. Ela levanta a sua taça em um brinde mudo e sorri sedutoramente antes de tomar um gole do champanhe. A mulher continua se insinuando, mandando mensagens, convites descarados para mim desde que chegou no começo do mês. Semana passada inventou de me fazer uma visita surpresa na sede da empresa, na Paulista. Em uma infeliz coincidência, havia combinado de jantar fora com Brunna e ela chegou bem no momento em que estava escoltando a visita indesejada para fora da minha sala. Brunna não perguntou nada a respeito, mas senti seu olhar acusador durante todo o jantar. Só voltou a sorrir para mim quando chegamos em casa e eu adorei seu corpo, mostrando sem palavras que é ela quem está em minha cabeça. Só ela.
Aceno educadamente para Isabelly e volto a atenção para algo que Marcos está dizendo. Minha avó está se vangloriando para um casal sobre o projeto de Brunna com as crianças carentes que está começando a tomar forma.
Depois da sobremesa, dona Vilma sequestra Brunna para apresentar aos Messa, que chegaram de uma longa temporada na Europa. Reabasteço meu corpo de uísque e aproveito para fazer a social. Marcos faz o mesmo e me segue para o outro lado do terraço. Alguns casais estão dançando no amplo espaço aberto perto do palco. Abro um sorriso cordial e cumprimento cada pessoa que vejo pela frente.
- Você está diferente, irmã. - Marcos diz quando alcançamos o parapeito, as luzes da cidade em uma vastidão vários metros abaixo. Alguns fogos solitários ainda estão espocando aqui e ali no céu escuro da metrópole.
- Diferente como? - pergunto, tomando um pequeno gole do meu copo, olhando-o de soslaio. Seus olhos escuros seguram os meus.
- Feliz, eu diria. Parou com suas besteiras de não demonstração de afeto, públicas ou não. - seus olhos se iluminam. - A bonitinha te fez um bem danado, mana.
Um sorriso suave toca a minha boca e eu aceno. Ele continua a me encarar, agora um pouco mais sério.
- Você a ama, não é? - ele me encara, parecendo contente e apreensivo ao mesmo tempo. - Se apaixonou por ela.
Eu engasgo. O quê?! Amor?! Não, não... Claro que não. Aprecio muito estar com ela. Gosto de saber que é minha, só minha. Temos construído algo bom desde que propomos a nos dar bem tanto na cama quanto fora dela. Mas estou apaixonada? Não. Claro que não! De onde diabos meu irmão tirou essa ideia mais ridícula? Não sou do tipo que se permite cair de amores. Sou pragmática e cínica demais para isso. Não me agrada que estejam pensando que me apaixonei, que sou vulnerável de alguma forma. Talvez seja a hora de tomar as rédeas dessa situação novamente.
- Amor nunca esteve em meus planos, Marcos, sabe disso, irmão. - digo um tanto seca. - Além disso, Brunna é muito jovem para um relacionamento a longo prazo. O que farei com uma menina de dezoito anos como esposa?
Seus olhos estreitam e uma expressão zangada se espalha em seu rosto. Toma um gole da sua bebida.
- Espero que não faça nenhuma cagada e venha se arrepender depois, Lud. Ela é
boa para você, irmã. Aceite isso. A idade não foi um problema quando a levou para sua cama, foi? - ele me diz ferozmente.
- Ela sempre soube desde o começo que a nossa relação não seria permanente. - retruco com veemência. Parece leviano dizer isso, porém, é nada além da verdade.
Ele bufa.
- Besteira, Lud. Te conheço bem e sei que deve estar pirando aí dentro dessa cabeça dura porque a deixou se aproximar demais. - resmungo. Ele sabe me ler tão bem. - Só para constar, ficarei do lado dela se você machucá-la. Eu vou...- seu olhar desvia para algo atrás de mim, e sua voz some, um brilho de surpresa e depois de pura luxúria, preenchendo as íris escuras. Meio que rosna baixo, toda a ameaça em defesa de Brunna sendo esquecida. - Porra, ela está aqui. - geme rudemente, seu tom mudando para sacana quando completa: - Jesus... Eu juro, irmã, a água de Tocantins precisa ser estudada...
Eu viro a cabeça e vejo uma morena escultural em um vestido amarelo. Ela está gesticulando para um cara, que a segue até a balaustrada a alguns passos de nós. É muito bonita, devo reconhecer. O cabelo está cacheado e volumoso parece tão mal-humorado quanto seus gestos e palavras para o sujeito. Então o cara pega seu braço, puxando-a de supetão. Que diabos é isso? Antes que eu tenha sequer tempo de pensar, Marcos está avançando, passando por mim como um raio. Eu sigo atrás dele, preparada para evitar uma cena.
- Eu disse que não estou interessada em dançar. Você é surdo, idiota? - a voz irritada da morena sai em um rosnado quando chegamos até eles.
- Solte-a, ou vou jogá-lo desse parapeito, babaca! - Marcos empurra o homem, que larga a moça, caindo de bunda no chão. Os olhos do infeliz estão vermelhos e desfocados. Está bêbado. - Se for nosso funcionário considere-se demitido, porra! - meu irmão continua irritado. Eu me mantenho calada, intrigada com a sua reação à beldade nortense. Logo, dois seguranças estão sobre o cara, levantando-o, prontos para recolher o lixo.
- Recolha seus dados pessoais. - eu os instruo antes de eles o arrastarem das nossas vistas. Irá para o olho da rua se realmente for um dos nossos. Não dá para admitir tal comportamento.
- Você está bem? - Marcos pergunta à moça e ela rola os olhos, sua mão segurando um copo de uísque. Meus olhos arregalam um pouco. Sim, uísque, não champanhe como as outras damas do baile.
- Eu estava prestes a esmagar as bolas do cretino, para a sua informação. - reclama, os olhos meio esverdeados se fixando em meu irmão e os dois travam uma conversa silenciosa, carregada de tensão. Os olhares se devorando enquanto eu fico de espectadora. Ela possui uma beleza um tanto exótica, bem diferente dos padrões de Marcos. Meu irmão está acostumado com as mais belas mulheres fazendo fila atrás dele e o safado se orgulha de traçar todas. Palavras dele.
- De nada. - ele zomba e acrescenta com um sorriso malicioso: - Eu sabia que não ia resistir e viria atrás de mim, tigresa. - seu sorriso se alarga com o bufo que recebe como resposta. - Também senti saudade, querida.
- Não me lembro de dizer que senti sua falta, riquinho. - a morena rebate, os olhos faiscando.
- Ah, você fere meus sentimentos, querida. - seu tom safado não parece nem um pouco ferido, no entanto. - Eu a salvei do assédio daquele bêbado, o mínimo que mereço é um agradecimento à altura... - ele deixa o olhar passear pelo seu corpo cheio de curvas, sem nenhuma cerimônia.
- O que você chama de agradecimento à altura? - ela enruga o nariz. Marcos sorri lentamente.
- Sexo de ano novo seria uma boa pedida, você sabe, para dar sorte. - pisca com safadeza e ela revira os olhos, tomando uma dose da bebida forte.
- Você não tem vergonha?
- Eu não, nem um pouco. - ele diz com naturalidade. - Você devia experimentar. Pelo seu nível de estresse, aposto que não tem transado com frequência...
- Eu não estou tão na seca assim, querido. - ela zomba.
Meus lábios tremulam com a troca um tanto divertida dos dois. Eu me sinto uma voyeur. Posso entender o apelo nesse momento. Marcos está atraído pelo desafio. A risada do meu irmão soa alta, com gosto. Sim, o idiota está adorando o desafio.
- Ah, tigresa, eu adoro uma garota difícil. - a voz dele abaixa perigosamente. - Você me deixou duro, porra.
Tudo bem. Eu acho que a brincadeira acabou e ele vai partir para a matança.
Hora de ir procurar Brunna.
- Tenho certeza de que aquela magrela pernuda que o está acompanhando esta noite cuidará desse incômodo. - ela cospe, parecendo com nojo dele.
- Merda. - ouço Marcos resmungar sob sua respiração e correr os olhos pelo salão, à procura da sua acompanhante da noite. - Amanhã, então? Vamos, querida, não seja tão ciumenta.
Eu quase engasgo ao tomar a minha bebida. Deus, meu irmão tem uma cara de pau sem tamanho.
- No que depender de mim, vai morrer seco - ela rosna e só então seus olhos vem para mim, como se me notasse apenas agora. Talvez meu irmão tenha alguma chance, afinal, ela ficou submersa nele esse tempo todo. Ninguém desperdiça tanta energia com alguém que não lhe afeta. -, senhora Oliveira...Oh, meu Deus! Eu...
- Apenas Ludmilla, por favor. - estendo a mão, cordialmente. - E você é?
- Adriana. - diz, seu rosto ruborizando, provavelmente por vergonha da malcriação com Marcos, um Oliveira, o dono da festa e seu chefe, pelo que ele me contou a seu respeito. - Adriana Lima.
- Lima? - repito o sobrenome familiar. Eu me recordo de um dos nossos pilotos aposentados vivendo em Tocantins. - Algum parentesco com Pedro Lima?
Seus olhos se iluminam.
- Sim, ele é meu pai e vai ficar feliz com a lembrança. - diz com amabilidade, tão diferente do tratamento dispensado ao paquerador do meu irmão.
- Ele está aqui hoje? - pergunto.
- Sim, está com a minha mãe e irmãos em uma das mesas perto do palco.
É a minha deixa para sair logo daqui.
- Vou procurar por Brunna e iremos cumprimentá-los, Marcos. - aviso-o e ele acena. - Foi um prazer, Adriana. - acrescento, já começando a me afastar.
- Só vou fazer mais um pedido. - ouço a voz de Marcos às minhas costas.
- Qual? - ela indaga.
- Não arranhe muito as minhas costas quando eu tiver te comendo, minhas bolas vão estar tão profundas em sua boceta, que você vai chorar de prazer. - sua risada é muito sacana. - Eu tenho pele sensível, querida...
- Vai se foder, seu galinha!
A resposta malcriada da garota se perde no burburinho à nossa volta. Porra! Um sorriso arrogante de cumplicidade repuxa a minha boca. Sim, meu irmãozinho vai definitivamente para a matança.
Eu ando pelo terraço, correndo o olhar pelo amplo espaço à procura de minha avó e Brunna. Eu as vejo no lado oposto, ainda perto da mesa dos Messa. Meu cenho franze ao ver Brunna rindo de algo que Felix, o caçula da família e playboy assumido, está lhe dizendo. Ele está no final dos vinte e ainda não faz nada da vida a não ser torrar o dinheiro da família. Eu paro, observando a interação dos dois. Minha avó está perto, conversando com a avó do babaca. Meu sangue esquenta, ciúme feral me invadindo. Sei bem o que todos eles pensam quando olham para a minha jovem e bela mulher. É o que eu penso: trepar, montá-la com força, por horas, de várias maneiras. Estou mudando o passo para ir tirá-la de perto do fodido desprezível, quando uma mão feminina segura meu antebraço. O perfume conhecido se infiltra em minhas narinas. Isabelly.
- Não, mi cariño. - sussurra em meu ouvido. - Não vá até lá fazer uma cena. Você é Ludmilla Oliveira, está bem acima disso.
Sua voz sedutora me faz olhar de lado, seu rosto está bem perto. Ela está muito bonita hoje. Merda. Ela sempre está. Talvez eu devesse voltar a comer essa cadela fogosa. Isso iria me colocar de volta no controle das minhas emoções. Acabaria com esse monopólio ridículo de Brunna sobre o meu pau. Olho-a, analisando os prós e os contras. Infelizmente meu pau não dá nenhum sinal de vida com a sua proximidade. Estarei fodida se não tomar uma providência urgente. É hora de colocar o pé no freio ou as coisas vão desandar de vez.
- Venha me visitar amanhã. Me deixe provar que ainda posso satisfazê-la na cama, mi amor. - ronrona.
- Não sei se é uma boa ideia...
Ela ri como uma hiena vendo meu vacilo.
- É uma excelente ideia. Se deixou enfeitiçar pela menina porque não está tendo sexo de qualidade com outra... - sua voz é carregada de sensualidade. - Olhe para ela. Olhe bem para Felix Messa. - meu sangue ferve ao ver o idiota colocando uma mecha de cabelo de Brunna atrás da orelha. É um gesto íntimo e ela o permitiu, porra! - Por quanto tempo acha que Brunna vai resistir aos avanços de outros, Ludmilla? Não estou dizendo para parar de fodê-la, já que está claro que você aprecia a boceta jovem. - ela zomba. - Mas você é Ludmilla Oliveira, pode ter quantas mulheres quiser, mi querida. Por que está sendo fiel a uma menina sem eira nem beira? Tome de volta as rédeas ou essa pirralha vai dominá-la de vez. Todos em nosso círculo estão comentando que ela a transformou em uma fraca.
Eu rosno.
- Isso não é verdade. Quem diabos está dizendo isso? - pergunto friamente. Isabelly me dá mais um sorriso de hiena.
- Muita gente. Se não quer ser vista como fraca, pare de agir como uma. - os olhos castanhos estão determinados nos meus. - Essa menina é esperta demais, uma boa bisca envolvendo você dessa forma. As mulheres aprendem rápido, mi amor. Não me espantaria se o próximo passo da espertinha fosse declarar amor eterno a você. - diz com deboche.
Eu franzo o cenho, a ideia me assustando pra caralho.
- Não. Ela não faria isso. Nosso acordo não envolve amor.
Ela sorri, satisfeita com a minha resposta.
- Exatamente. Não se deixe enganar por uma pirralha que já percebeu que o sexo é uma boa moeda de troca. - sorri sensualmente. - Sem ofensas, querida, mas você está sendo muito burra quando deixou seu pau se encantar por uma boceta. - abro a boca para replicar, mas ela coloca o indicador sobre os meus lábios, calando-me. - Esteja atenta a cada passo dessa menina. É uma das pessoas mais ricas do Brasil e da América Latina, não pode se dar ao luxo de cair na armadilha de uma amadora. Veja Ramon... Pobre hombre...
- Solte o meu braço, Isabelly. - rosno, de repente muito puta com Brunna e seu poder indesejado sobre mim. Deixei me dominar completamente por uma garota de dezoito anos, porra! Uma menina inexperiente em tudo, mas que está me dando uma surra bem dada de boceta e eu, como uma pateta fodida, adorando cada momento. Onde diabos estava minha cabeça? Não sou essa mulher patética, fraca. Não. Isso vai acabar a partir de hoje. Encaro Isabelly com desprezo, sentindo raiva dela também por me fazer perceber que estava sendo ridícula, babando pela menina. Brunna deve estar muito contente consigo mesma por ter virado o jogo, me fazendo seu capacho. Tenho andado como uma idiota, sempre louca por ela, tentando adivinhar cada desejo seu para que eu possa satisfazer. Estou tão enfeitiçada que nem olho para outras mulheres com desejo. Tem sido apenas ela, tudo tem sido sobre ela e minha loucura por essa menina. Meu humor, que estava leve no começo da noite, azeda completamente. Eu rosno com frieza: - Quando quiser te comer de novo, eu te procuro. Pare de me cercar, porra.
Ela arregala os olhos e retira a mão de cima de mim. Porém, deve perceber que suas palavras surtiram o efeito desejado.
- Sim, me procure a qualquer hora que quiser e eu vou ajudá-la a tomar o controle de volta, mi cariño. - sussurra com um sorriso sexy e se vai.
Eu crispo os punhos, meus olhos colados em Brunna do outro lado. Ela permanece lá, sem receio de eu vê-la dando mole para outra pessoa. Ciúme me corrói por dentro e fico irritada por ter dado esse tipo de poder a ela. O que diabos eu estava pensando em me permitir brincar de casinha feliz esse tempo todo? Eu não quero amor. Nunca quis. Olhando-a friamente, eu giro nos calcanhares e me afasto na direção oposta. É hora de pegar o controle de volta. Isabelly tem razão, sou Ludmilla Oliveira, nenhuma mulher me dominou antes. Deixei essa coisa com Brunna ir longe demais. E hora de voltar a agir como eu mesmo.
Brunna
Ludmilla entra em casa na minha frente. Esteve calada, sisuda, a partir do momento em que entramos no carro. Na verdade, quando a encontrei depois que me livrei do assédio um tanto descarado de Felix, o herdeiro dos Messa, percebi que algo não estava certo. Ela estava na mesa, conversando sobre seu assunto preferido - negócios - em plena noite de ano novo. Eu me lembrei dos nossos primeiros dias na Grécia, quando me ignorava deliberadamente. Pouco conversamos e não demorou muito, me chamou para vir embora. Subo a escada atrás dela, em silêncio, sentindo em meu íntimo que algo está, sim, errado. Ludmilla estava radiante no começo da noite, na queima de fogos. Até me beijou apaixonadamente, em público, coisa que não gosta de fazer. O que pode ter acontecido para deixá-la chateada? Eu me pergunto, tentando descobrir uma brecha para abordá-la.
- Algo a chateou lá na festa? - eu me atrevo a perguntar quando entramos no quarto e ela vai direto para o pequeno bar na sala de estar suntuosa. Jogo minha carteira sobre um dos estofados. Ela leva um tempo, arrancando blazer branco e eu paro perto dos sofás, admirando os ombros e os movimentos enfezados, porém graciosos, com que se livra da peça e passa para dentro da bancada. - Ludmilla? - insisto em tom suave quando não vem nenhuma resposta. Ela suspira alto e despeja seu uísque doze anos com gestos irritados no copo. Sai de trás do balcão e anda para as portas da varanda, parando no limiar, imponente. Mesmo tudo nela gritando tensão, não posso deixar de contemplar o porte altivo. Eu amo tanto essa mulher, meu Deus. Assusta-me a forma como esse sentimento vem se agigantando dentro de mim a cada dia que passo com ela. Se ela me deixar, vai me destruir. Meus olhos ardem com tal pensamento e me forço a não perder a compostura.
- Não foi nada. Vá dormir, Brunna. - seu tom é um tanto seco, me sobressaltando.
Essa Ludmilla fazia tempo que não dava as caras. Nos últimos dois meses, nosso relacionamento foi ficando cada dia mais caloroso. Fez coisas lindas e doces para mim. Mesmo mantendo sua personalidade forte e cínica, me fez sentir especial em muitos momentos. Ela não é uma mulher fácil de lidar. Cresceu sem o amor dos pais e isso a transformou em uma pessoa de coração endurecido, sem fé nas outras pessoas. Contudo, sei que existe bondade nela. Tive muitos vislumbres de sua alma gentil, embora não seja tão explícita com emoções e sentimentos. Eu me recuso a deixar a nossa relação regredir ao tratamento gélido do começo. Ando devagar, como se estivesse em um campo minado até chegar em suas costas. Ela fica tensa quando me sente por perto. Espalmo suas costas, amando os músculos duros e a forma como estremecem sob o meu toque. Eu me estico e chego mais perto, meus saltos me deixam apenas poucos centímetros mais baixa. Jogo seus cabelos para um lado só e deslizo minha boca e nariz em seu pescoço, me inebriando com seu cheiro.
- Não quero dormir agora... - mordisco sua pele e ela faz um som ameaçador em sua garganta. Um rosnado, rugido gutural. - Quero você, dentro de mim. Foi assim que planejei passar essa noite. - enchendo-me de coragem, giro para a sua frente e levo as mãos para minha nuca, abrindo o fecho do vestido frente única. Ludmilla geme, as narinas inflando quando deixo o tecido deslizar pelo meu corpo até as minhas sandálias prateadas. Ela adora meu corpo, nunca fez segredo disso e estou indo descaradamente me aproveitar disso agora.
- Eu disse para ir dormir, porra. - sua voz é rude, mas os olhos verdes estão cravados em meus seios. Eles estão maiores, mais cheios, os mamilos pontudos. Ludmilla lambe os lábios, e encorajada pela sua reação, pego sua mão livre, trazendo-a para o meu seio direito. Ela geme, rangendo os dentes e agarra a carne, enchendo a mão com vontade. Sovando com a rudeza gostosa que me cativou desde o começo. - Você não consegue mais ficar sem o meu pau, não é, Brunna?
Seu tom zombador também me remete ao começo. Não tem o toque de brincadeira e provocação que adquiriu ultimamente. Não deixo isso me incomodar, porém. Algo a chateou e eu vou cuidar da minha esposa, do meu amor, até trazer a minha Ludmilla de volta.
- Sim, toque-me, querida... - choramingo, meu sexo molhando, latejando, sedento por ela. Toque-me, meu amor. Eu te amo, não consegue ver isso? Suplico em pensamentos. - Tome-me. - digo-lhe, arquejando, meus olhos presos aos dela. Os olhos verdes estão quentes nos meus, fome crua estampada em seu rosto duro. - Me foda o quanto quiser. Sabe que sou sua.
- Porra! - ruge baixo e toma o restante da bebida toda em um gole. Em seguida, eu salto com o barulho do copo estilhaçando no chão da varanda. Então ela está me puxando bruscamente para os seus braços e eu resfolego, me pendurando nela, nossas bocas se encontrando avidamente. - Eu vou te montar pelo resto da noite, baby. - grunhe contra a minha boca, me pegando pela bunda, fazendo eu me levantar nas pontas dos pés, então anda de volta pelo quarto, em direção à cama, me levando grudada a ela - Vou te comer toda, até me fartar.
E ela o faz. Nos perdemos em luxúria até o amanhecer. Eu me dou inteira para ela, tentando desesperadamente trazer de volta o que estávamos construindo.
Três semanas depois...
Sim, algo aconteceu com Ludmilla na noite do Ano Novo. Algo aconteceu e a fez regredir na forma que estava me tratando. Partiu logo no dia seguinte em uma série de viagens pelo Brasil, visitando os escritórios da LJ. Tenho certeza de que está me evitando. Claro que há funcionários de sobra para fazer essas visitas. Ludmilla é a CEO, não sou idiota de achar que sua presença é necessária em vistorias assim. Havia me prometido que passaríamos uma semana em qualquer lugar do mundo que eu escolhesse. E agora não me convidou nem mesmo para ir junto nas viagens da empresa. Quando aparece entre uma viagem e outra, passa correndo aqui em casa. Não fizemos mais amor também e isso é o que mais tem me incomodado. Ela é muito fogosa. São três semanas. O medo de que esteja buscando prazer com as muitas mulheres que vivem atrás dela tem me corroído impiedosamente. Nossa relação está esfriando e não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Ela está fazendo isso premeditadamente? Está me deixando?
Suspiro com desolação e fecho o livro que estive lendo no divã da biblioteca. Para piorar, Vilma viajou para a Itália depois do Ano Novo, ela tem amigos na região da Toscana e só volta no final dessa semana. Tirando as duas visitas de Marcos na semana passada, não tenho visto ninguém. Estou isolada nessa casa enorme. Rosa me olha com uma expressão de pena cada vez que vem me dar um recado de Ludmilla. Sim, ela me ligou rapidamente apenas uma ou duas vezes nesse meio-tempo, em sua maioria seus recados são através de Rosa. Ela está chegando hoje da viagem a Curitiba e meu coração já está trovejando no peito em expectativa. Deus, estou com tanta saudade. Meus olhos lacrimejam e faço uma prece silenciosa para que me toque hoje. Estou morrendo para sentir seus beijos, seu corpo no meu, me fazendo sua da forma intensa com que sempre me tomou. Pego meu telefone na intenção de ligar para Dinah. Quando nos falamos pela última vez, há dois dias, minha amiga estava muito irritada com Theo James, o astro que está contracenando com ela na peça da Broadway. De acordo com ela, o cara é um cuzão total. Palavras dela.
Estou começando a discar quando uma chamada de número desconhecido atravessa o visor. Espero um momento e coloco para gravar a ligação. Tenho feito isso com as ligações de Sarah. Allyson me orientou a fazer isso quando contei a Ludmilla que ela continuava me ligando. Em algum momento irá servir.
- Alô. - atendo.
Depois de um momento irritante de silêncio, a voz odiosamente conhecida soa em meu ouvido:
- Olá, Brunna. Tem andado muito sumida ultimamente, chica... - o tom de chacota da puta argentina é nítido. Ela tem me atormentado frequentemente com mensagens ofensivas e seu sentimento de posse doentio sobre Ludmilla. Não sei como conseguiu meu número. Fiz bem em gravar. Isso irá me servir também. Vou mostrar a ela. - Muito solitária também, suponho? O que eu lhe disse, querida? A novidade passou. Sempre passa.
- Você não tem mais nada para fazer? Pare de me importunar, sua louca! - ranjo os dentes, raiva e um ciúme absurdo me queimando por dentro. Odeio essa mulher.
- Essa irritação toda tem um motivo, não é? - desdenha. - Sua boceta jovem já perdeu o encanto, querida? Que peninha... - seu tom é vitorioso agora. - Ludmilla sempre volta para mim. Sempre. É uma mulher saudável, sexy, por isso nunca me importei de ela comer putas por fora. Ela sempre passeia, fode as vadias insignificantes como você, mas sabe que eu sou a mulher para o seu futuro. Sabe quem a está acompanhando na última semana? Eu. Sim, sua ratinha, ela me chamou.
Não! Oh, Deus... Eu gemo audivelmente, bile subindo à minha garganta, meu coração batendo com força.
- Retomamos nosso caso. Não tem ideia de como ela estava ansiosa para me foder de novo. - há tanta maldade em sua voz, que começo a me sentir doente.
- Não tem ideia de como foi gostoso tê-la de volta dentro de mim, sabendo que você está aí, sozinha, mofando, jogada às traças, sua putinha infeliz!
Não! Não é verdade.
- Está mentindo! - digo, me sentindo fraca, meu corpo todo trêmulo.
Uma gargalhada debochada soa do outro lado. Minhas mãos estão geladas, suadas, pavor se espalhando em meu íntimo. Não. Ela não faria isso. Oh, meu Deus, não com essa mulher desprezível. Eu não suportaria vê-la com ela. Não suportaria. Engasgo, lágrimas turvando minha visão apenas por imaginar algo tão terrível.
- Não, não estou. Seu tempo acabou, sua insossa. - rosna duramente. Posso sentir o seu ódio. - Seu breve reinado chegou ao fim. Ludmilla é minha!
- Não. - gemo, dor aguda me invadindo.
- Sim. Tome vergonha nessa cara e vá embora daí, pirralha! - sibila como uma serpente venenosa. Não entendo porque tanta raiva se ela está com Ludmilla. A não ser que... Ela esteja mentindo, blefando para me atormentar, como sempre fez desde que me viu pela primeira vez. - Vá embora! Ela não te quer mais. Tenha um pouco de amor próprio, garota.
Mais raiva ferve dentro de mim, suprimindo o medo de que a vaca esteja com a minha esposa. Então, eu replico:
- Todos esses conselhos servem para você! - berro, me descontrolando assustadoramente. - Tome vergonha nessa sua cara de puta oferecida. Você não está com a minha esposa. Não, não, se estivesse não estaria usando ainda esse tom tão despeitado. Aposto que ela te dispensou de novo, por isso veio me atacar.
- Vou acabar com você, sua ordinariazinha. - sua ameaça é baixa, me dá medo. Mas eu me mantenho firme.
- Bem, isso confirma tudo. - zombo friamente. - Você não passa de uma vaca velha desprezível, desesperada pela atenção de uma mulher casada.
- Vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho, ratinha. - seu tom é tão sinistro que um arrepio desagradável percorre a minha coluna. - Vamos ver quem vai rir por último.
Com essa última ameaça, a linha fica muda. Meu Deus. Eu gemo, me sentindo cansada dos embates com essa vadia. Vou ter que deixar Ludmilla a par disso. Suspiro, sentindo meu coração dolorido porque talvez ela não se importe mais. Não é como se estivéssemos nos tempos áureos.
Saio da biblioteca e subo para o nosso quarto. Mesmo com receio de como irá me tratar quando chegar, eu tomo um longo e relaxante banho de espuma e me preparo para recebê-la. Ela se atrasa, então eu janto sozinha e espero acordada até que o cansaço me vence e vou para a cama.
Sinto algo suave passando em meu rosto, me puxando do sono leve. Gemo, abrindo os olhos e meu coração dá um solavanco ao dar de cara com os olhos verdes bem próximos, me olhando intensamente. É uma expressão crua, selvagem, de fome, tesão, mas há indiscutivelmente algo mais suave lá no fundo.
- Ludmilla... - sussurro seu nome como uma prece que foi atendida. Ela acabou de sair do banho, pois o cabelo ainda está úmido. Seu cheiro fresco enche minhas narinas e eu arquejo, desejosa, tudo em mim implorando por sua atenção.
- Oi. - sua voz sai rouca, os olhos lindos presos aos meus. - O tempo estava ruim para voar. - diz como se justificando pelo atraso. Seus dedos tocam a minha boca e eu arfo, entreabrindo os lábios. Seus olhos inflamam sobre mim. - Senti sua falta.
Eu engasgo, meus olhos ardendo com lágrimas de alívio, alegria. Nem tudo está perdido. Ela ainda me quer.
- Eu também. - murmuro com a voz entrecortada.
Ludmilla não sorri com sua arrogância normal. Não, ela ainda parece um tanto reservada, em conflito, alguma coisa ainda a perturba. Sem mais palavras, ela se livra do roupão negro e se junta a mim na cama. As mãos urgentes me despindo da camisola preta e sexy que usei para ela. Eu gemo, molhando e pulsando descontroladamente quando fecha as mãos em meus seios e logo a boca quente está sugando os dois, mamando vigorosamente. Há uma urgência nela e em mim que não havia antes. Em instantes ela está vindo para cima de mim e me penetrando até o fundo em um golpe longo e duro. Eu choro, lágrimas de êxtase derramando pelas laterais dos olhos. Ludmilla urra guturalmente, trazendo o rosto para bem perto do meu e ela me olha de forma intensa, enquanto me come com força. Seguro seus ombros e me rendo, declarando-me em silêncio como tenho feito desde que descobri que a amo. Eu te amo. Te amo, meu amor. Me deixe ser sua para sempre. Não me deixe nunca, eu não vou suportar. Digo tudo isso com meus olhos, que estão ardendo, enchendo com novas lágrimas de júbilo.
- Por que me fez te querer tanto assim, Brunna? - ela parece meio zangada por me querer. Eu a puxo mais para mim, me dando, deixando-a me possuir por completo.
Sua boca ávida toma a minha e não falamos mais por algum tempo, apenas nos devorando sem trégua. Ludmilla parece atormentada, não querendo sair de dentro de mim. Faminta, exigente, me subjugando com sua pegada bruta, mas deliciosa. Comeu minha vagina pelo que pareceu horas, gozou em minha boca e por último, comeu minha bunda, minhas pernas ancoradas em seus ombros, enquanto metia até o punho dentro de mim. Gozou urrando, rugindo alto, massageando meu clitóris e eu me perdi, gozando também pela quarta ou quinta vez na noite. Ela soca mais uma vez, bem fundo, e para, enfiando o rosto em meu pescoço. Respiramos agudamente, os tremores perversos vibrando em ondas em nossos corpos suados, gastos. Eu a abraço com força pelos ombros, querendo mantê-la assim, dentro de mim. Para sempre. Seu rosto levanta para o meu e meu coração derrete com a beleza crua, quase selvagem dessa mulher. A mulher que amo desesperadamente.
- Eu quis isso a cada maldito dia, baby. - sua voz e expressão são parecidas com o que me acostumei a ver ultimamente. - Estava enlouquecendo sem ter você.
Eu ofego, um soluço me escapando. Meu peito ficando apertado, o amor transbordando, gritando para sair. Talvez tenha chegado o momento de lhe dizer como me sinto. Decidindo não me esconder mais, eu decido dar o famoso salto de fé, rezando para que ela não me deixe cair.
- Eu amo você, Ludmilla. - minha voz sai emocionada, embargada. - Eu te amo muito... - mais lágrimas ardem em meus olhos, enquanto afago sua nuca.-Muito...
Ludmilla parece parar de respirar. Percebo o erro cometido quando o corpo relaxado vai ficando rígido em cima do meu, os olhos antes quentes se estreitam, gelo deslizando lentamente de volta no lugar. Garras geladas seguram minha coluna pela expressão tomando seu rosto. Ela meio que bufa, um som zombeteiro, e sai de mim com brusquidão.
- Ama?! Que porra é essa, Brunna?
Oh, meu Deus... Não...
- E-eu... - gaguejo.
- Acha que sou alguma tola? - sua voz é fria, me transportando novamente para o início do nosso relacionamento. - Você ama uma mulher que está te usando para o sexo? Pensei que fosse mais inteligente, menina. - suas palavras são como chicotes na minha pele. Eu ofego, meu corpo todo ficando gelado. Puxo o lençol, me cobrindo do seu escrutínio zombador. - Eu lhe disse desde o começo que nunca quis amor. Não preciso de amor. Amor... - bufa com desdém.
- E-eu não entendo... - digo, mais lágrimas turvando meus olhos. Dessa vez de dor. A alegria por tê-la de volta sendo brutalmente suplantada. - Você suavizou comigo, senti sua mudança nesses três meses. Sei que toquei seu coração, eu sei... - minha voz falha, uma dor diferente de tudo que já senti se instalando dentro de mim.
- Só viu o que lhe permiti ver, Brunna. Estava cansada de lutar com você e tive que rever a minha estratégia. - seus olhos verdes seguram os meus e o que vejo lá me assusta. A mulher dura e fria está de volta. Ou, de acordo com sua admissão, nunca foi embora, ela só se escondeu para poder me foder sem brigas. - Gostei de possuir você, menina. Eu lhe disse isso também. Todas as concessões que fiz foram para ter acesso ao seu corpo, sem dramas. Se acha que pode me enredar com essa besteira de amor, está redondamente enganada. Sou uma mulher vivida, Brunna. Gosto de foder, sem compromissos maiores. É deliciosa e me satisfaz na cama? Sim. Porém não estou disposta a mudar minhas convicções por sua causa. - seu olhar fica ainda mais frio e duro no meu, desferindo um golpe atrás do outro em meu coração tolo. - Ou talvez você seja mesmo muito esperta e está querendo garantir o posto de senhora Oliveira permanentemente, uma vez que percebeu como me agrada na cama.
- Não... Não é isso. Por favor, pare. - meu peito dói, minha voz pequena, humilhada. - Eu pensei que você... Me amasse.
Ela torce os lábios ironicamente.
- É sexo, Brunna. - sua voz é plana, sem qualquer emoção. - Nós nos damos muito bem na cama, só isso. As coisas precisam mudar a partir de agora. - eu pisco, meu corpo todo dormente, sinto frio, enjôo, tontura. - Você vai voltar para o seu quarto. Não quero mais equívocos. Temos um arranjo no qual nos tratamos bem e fodemos, sem pressão de nenhuma das partes. Você concordou com isso na Grécia.
Suas palavras me atingem impiedosamente. No primeiro momento, fico paralisada, sem acreditar no fluxo de sentenças dolorosas jorrando sobre mim. Então eu me obrigo a escorregar para a borda da cama, enrolando o lençol à minha volta. Vergonha e atordoamento estão me cercando. Uma onda de náusea sobe à minha garganta, me deixando tonta quando fico de pé. Fecho os olhos por um instante, buscando equilíbrio. Deve ser meu período que está para chegar. Nos últimos meses, esses desconfortos têm aparecido em meu ciclo. Abro os olhos, controlando a ânsia de vômito, e me forço a encará-la. Seus olhos são lagos gelados e há uma determinação feroz quando diz em tom baixo a frase que me rasga por dentro:
- Eu acho que esse é um bom momento para dizer que vou voltar a encontrar outras mulheres.
Oh, meu Deus! Fico sem ar, lutando para respirar. Meu peito dói, arde, enquanto o que disse afunda em mim. Sinto mais frio, um frio de gelar os ossos, meus olhos transbordando com mais lágrimas dolorosas, cheias de decepção. Como fomos de estar nos amando para isso? O que aconteceu para fazê-la voltar a me tratar de forma tão cruel? Para onde foi seu olhar caloroso? Essa é a Ludmilla fria e insensível que tanto odiei no começo. Sinto o sangue sendo drenado do meu rosto. Limpo meu rosto com uma mão trêmula. Pisco freneticamente para evitar que mais lágrimas caiam, tentando manter ainda uma ínfima partícula de dignidade. Gemo de dor e desolação. Ela vai foder outras mulheres. Nada mudou. Apenas eu, na minha inocência, achei que seria capaz de fazer uma mulher fria como Ludmilla, sentir algo por mim. Ainda sou a sua incubadora. Apenas um corpo jovem para ela usar e se esbaldar até se cansar. Puxo uma respiração profunda, meu peito dilacerado, de acordo com seu aviso, ela já se cansou.
- Se você tocar outra mulher, jamais irá me ter de novo, Ludmilla. - minha voz é apenas um coaxar, quebrada.
Ela ri de novo, cinicamente.
- Acha mesmo que pode me dar ultimatos?
- Estou lhe dizendo a verdade. Se tocar outra mulher, nunca irei te perdoar.
- seus olhos ampliam um pouco, então, estreitam. - Nunca.
Os olhos verdes prendem os meus duramente e ela rosna:
- Eu não preciso do seu perdão.
Suas palavras tem um tom definitivo, me sufocando. Eu perco a batalha e as lágrimas queimam minhas faces, descendo mais abundantes, humilhantes. Eu acho que esse é o fim. Levo a mão à boca para conter o vômito subindo e saio correndo do seu quarto.

O acordo- BrumillaOnde histórias criam vida. Descubra agora