Capítulo 18

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Brunna
Os dias foram passando numa velocidade vertiginosa. Michael teve alta depois de duas semanas do parto e Ludmilla tem estado presente a maior parte do tempo. Nas primeiras semanas, ela tirou mesmo folga do trabalho e sua ajuda foi, de fato, muito bem-vinda. Ela tem dormido num dos quartos perto do meu e de Michael. Contratou uma cuidadora, técnica em enfermagem, para nos auxiliar nesses primeiros meses também. Foi graças a isso que não perdi muito sono, reclamação frequente das mães de primeira viagem. Ludmilla realmente se preparou para cuidar do nosso bebê e cada vez que a vejo fazendo isso, sinto um misto de alegria e tristeza. Alegria por constatar que consegue amar o nosso menino, e tristeza porque me pego fantasiando em muitos momentos que ainda somos um casal feliz com a chegada do nosso primogênito. Mas, não, não somos mais nada uma da outra, e isso dói.
Ainda dói demais.
Michael fez um mês na semana passada. Rosa fez questão de trazer um bolo e cantamos os parabéns. Marcos veio acompanhado de uma morena um tanto exótica chamada Adriana. Uma moça que conheceu no Norte quando foi designado para as rotas domésticas. Parece que ele a está orientando na escola de pilotos da LO. Não sei o que há entre eles, mas dá para sentir uma energia sexual abrasadora entre os dois. Patty e Lígia também vieram. Agora o que me chocou de verdade foi a presença de Luane, a irmã mais nova que Ludmilla e Marcos descobriram recentemente. Senti um clima estranho e misterioso entre ela e Lígia também.
Parece que preciso me inteirar das novidades. Luane é um belo exemplar feminino, a exemplo da irmã, só que tem uma cara fechada, como se tivesse irritada com o mundo. É meio assustadora, no entanto um pouco da sua casca dura caiu quando perguntei se queria segurar seu sobrinho. Ela o pegou meio sem jeito, mas seu rosto suavizou visivelmente enquanto olhava meu pequeno rechonchudo.
Michael recuperou o peso e tamanho completamente nesse mês, graças a Deus e ao acompanhamento rigoroso da equipe de profissionais trabalhando junto com seu pediatra. Vilma esteve com um sorriso de orelha a orelha por ver eu e Ludmilla sempre juntas ultimamente. Sei que ainda nutre esperanças de que nos acertemos em algum momento. Tenho deixado claro a cada oportunidade que a trégua é por causa de Michael. Não quero que o meu filho cresça sem o amor e carinho de Ludmilla. Se para isso tenho que ficar perto da mulher que pisou sem pena no meu coração, eu ficarei.
Confiro o relógio mais uma vez e tento não parecer que estou contando os minutos para voltar para Michael. Cayo sorri do outro lado da mesa. Ele me convidou para jantar, uma vez que estive praticamente dentro de casa o tempo todo nesse último mês. Meu resguardo acabou e me sinto mulher de novo. Meu corpo está muito mais voluptuoso, os seios grandes pelo leite acumulado. Nunca estive tão “gostosona”. Eu rio um pouco com esse pensamento nada modesto.
— Você não precisa disfarçar, Brunna. — ele ri, limpando a boca ao terminar seu prato. — Eu só queria a sua companhia hoje e, claro, fazê-la sair um pouco de casa.
— Eu sei. Obrigada por isso. — murmuro. — É que essa é a primeira vez que saio à noite e deixo o Michael.
Seus olhos escuros seguram os meus.
— A senhora Oliveira está lá, não está? — detecto um leve desagrado em sua voz.
Cayo não está gostando de Ludmilla socada lá dentro da casa de Vilma o tempo todo. Contudo, nunca me disse abertamente, até porque não somos nada além de amigos. Por enquanto. Ele é bonito. Um moreno padrão, mas que mexe com um coração vazio. Bem, isso se o meu já não estivesse ocupado e se recusando a ser esvaziado. Zombo. Gostaria de sentir as borboletas voando no estômago, as mãos suando e ficando frias quando o vejo, mas não sinto nada disso. Não vou negar que é muito agradável de olhar, no entanto. Talvez com o tempo eu vá sentir todas essas coisas se der a ele uma chance.
— Sim, Ludmilla está lá. Ela está se esforçando para me ajudar com Michael. — não sei porque sinto esse desejo de defendê-la.
Quando estava saindo mais cedo, eu a encontrei na sala conversando com Vilma. Parecia ter acabado de chegar da empresa. Seu olhar queimou no meu, então desceu pelo meu corpo, me deixando quente e incomodada. O tesão entre nós voltou com tudo nesses dias em que estamos mais perto. Eu queimo por ela, dia após dia. Agora que meu resguardo acabou, a situação piorou, minha libido está enlouquecida. As borboletas voando, as mãos frias e suadas, tudo isso sinto com ela. Basta seus olhos verdes e penetrantes encontrarem os meus. O mundo é mesmo tão injusto. Lamento-me.
Meu núcleo pulsa e aperta cada vez que chega perto de mim. Meu corpo grita pelo seu. Faz tanto tempo que a senti dentro de mim. Parece que foi em outro tempo, outra vida. Ela me encarou, não disfarçando o interesse em minhas curvas sob o macacão preto. Fiz até uma maquiagem, coisa que não fazia muito
desde os últimos meses de gravidez. Ficamos nos olhando em silêncio por um tempo, até algo estalar e seu semblante fechar.
— Indo para algum lugar? — inquiriu com a voz mais rouca e profunda, suspeita preenchendo os olhos.
— Vou jantar com Cayo. — respondi em tom de desafio.
Vi raiva cintilando em suas íris. Ludmilla engoliu em seco.
— E Michael? Será que pensou nele quando aceitou esse convite? Sua insinuação me irritou de imediato.
— Eu vou fingir que não ouvi isso. Não venha me acusar de estar deixando meu filho sozinho para cair na noite. — rangi os dentes.
— Mas é exatamente isso que está fazendo. — bradou e Vilma segurou seu braço, mandando uma mensagem silenciosa para acalmá-la. — Não vou permitir que saia e deixe o meu filho para trás.
Minha boca escancarou. Raiva inflamando minhas veias. Eu odeio quando é arrogante, toda senhora feudal. Odeio principalmente porque me excita sobremaneira. Oh, Deus, eu sou doente por aquela mulher. Nada explica esse sentimento louco, intenso, que nunca vai embora.
— Sou uma mulher livre, querida. — cerrei os dentes, encarando-a firmemente. — Vou sair quando e com quem eu quiser. Você não tem nada a ver com isso, Ludmilla Oliveira. — rosnei baixo.
Vi um lampejo cintilando nas íris verdes, tornando-as aquecidas: luxúria. Ela gosta quando eu a enfrento. Sempre foi assim. Bufou de volta. Eu fiquei vergonhosamente molhada, minhas paredes latejando e gritando seu nome. Humilhante.
— Ludmilla, acalme-se. — a voz apaziguadora de Vilma nos tirou do nosso embate. — Michael estará bem cuidado e Brunna não vai demorar muito. Pare de ser boba, menina.
— Você está namorando esse cara? — ela pergunta ainda me fuzilando com seus olhos lindos e raivosos. — Se dê o respeito, porra! Você mal acabou de parir o meu filho!
Que cretina! Minhas narinas inflaram e eu queria bater na idiota arrogante. Eu avancei, enfiando meu indicador em seu abdômen reto.
— Fique fora da minha vida! — rebati muito irritada. E excitada. Estava ofegando e acho que ela também. Droga de atração traiçoeira. — Eu não estou namorando com ele. — vi um lampejo de satisfação em seu semblante. — Ainda. Mas estou pensando seriamente em aceitar seu pedido.
Seu maxilar trincou e os olhos gelados ficaram aquecidos, furiosos.
— Eu a proíbo! Está me ouvido, Brunna? — rugiu como uma fera.
Eu me afastei, minhas pernas um pouco moles, meus seios arrepiados. Seu olhar estreitou ligeiramente e aquele arremedo de sorriso arrogante surgiu. Ela sentiu minha excitação. Levantei o queixo em desafio, recusando-me a parecer fraca diante dela.
— Quem pensa que é para me proibir de alguma coisa? Eu vou esperar por Cayo lá fora. — cuspi com desprezo. Olhei para Vilma, dispensando-a. — Vovó me ligue se Michael precisar de alguma coisa e eu volto imediatamente.
Ela estava com um sorriso secreto brincando na boca, provavelmente vendo mais nessa discussão do que deveria.
— Vá se divertir, querida. — disse com sua calma invejável. — Não se preocupe. Nosso menino estará bem cuidado. — deu um aperto no braço de Ludmilla. — Vamos, querida, Brunna merece uma folga. Ainda mais agora que seu resguardo acabou... — ela me ofereceu uma piscada cúmplice. — Eu me recordo da sensação, nos sentimos mulheres de novo...
Ludmilla ampliou os olhos como se só agora se desse conta de que meu resguardo se foi. Seu maxilar cerrou e os olhos queimaram em cima de mim mais uma vez, fome e luxúria escancaradas em seu semblante. Ela parecia a ponto de avançar e me devorar em dois tempos. Meu Senhor...
— Brunna? Você ouviu o que acabei de dizer?
— H-hã? — balbucio, voltando da lembrança indesejada, então tomo um gole d’água para acalmar meu corpo em ebulição.
Os olhos castanhos de Cayo ficam mais atentos nos meus.
— Eu disse que recebi uma proposta de trabalho excelente no Rio de Janeiro.
— repete, seu tom e olhar me cobrando a resposta que estou lhe devendo. Ele me pediu em namoro logo que voltou de Londres e encontrou Ludmilla bem instalada à minha volta e de nosso filho.
Até então, Cayo aparentava muito tranquilo em esperar o meu tempo, mas deve ter se sentido ameaçado pela presença constante da mãe do meu filho em minha vida. Homens...
— Sim? Que maravilha! — eu coloco mais empolgação para me redimir por estar pensando em Ludmilla no meio do nosso jantar. Sou uma vadia total. Eu me recrimino. — Você vai aceitar?
Sua mão viaja pela mesa, vindo encontrar a minha. Eu o deixo entrelaçar nossos dedos. Seu toque não é ruim. Não me causa o frisson que Ludmilla... Eu bufo mentalmente. Lá vem a cretina invadindo minha mente de novo. Resumindo, eu gosto do toque de Cayo. É suave e firme ao mesmo tempo. Talvez seja mesmo uma questão de dar uma chance. Pondero.
— É uma oportunidade que não se deve recusar. — murmura, olhos fixos nos meus. — Serei diretor de um dos maiores hospitais do estado, Brunna. Não tenho nem trinta ainda. Consegue imaginar o que significa para mim?
Sorrio, orgulhosa por ele ter conseguido algo dessa magnitude.
— Você vai aceitar. — vejo isso em seu semblante.
Seus olhos ficam intensos me encarando insistentemente.
— Sim e eu gostaria de ter você e o pequeno Michael comigo nessa nova empreitada.
Eu engasgo. Ele definitivamente está com pressa agora.
— Cayo... — digo completamente estarrecida que esteja me fazendo uma proposta tão séria como essa. — Está me pedindo para ir viver no Rio, com você?
Ele abre um meio sorriso charmoso. Uau. Realmente bonito.
— Muito rápido? — pergunta, a covinha tentadora piscando em sua bochecha esquerda. Ele sabe que é arrasador para o público feminino e está jogando com isso. — Você pode ter sua própria casa, no começo. Vamos levar as coisas devagar, namorar, nos conhecermos melhor e depois... — seu olhar segura o meu. — Quem sabe aceite ser a minha esposa.
Jesus Maria José! Eu engulo em seco. Caramba! Ele ri mais amplo, vendo meu espanto.
— Quero ser o homem que vai cuidar de você. — ai, meu Deus, ele é tão fofo. Pena que seu temperamento doce não me excita em nada. — Quero ser o pai de Michael.
Sua última sentença me faz franzir o cenho, a bolha estourando. Isso está errado.
— Michael não precisa de pai, Cayo. — aponto, me sentindo inexplicavelmente na obrigação de defender o território de Ludmilla, pelo menos nesse aspecto.
Seu rosto pacífico torce um pouco, o maxilar cerrando.
— Aquela mulher não merece a sua defesa, Brunna. — incomoda-me a forma como está falando agora. Não sei por quê. — Não merece você, nem Michael. Ele precisa de uma presença masculina.
E me irrita ouvir isso e me irrita ainda mais estar tomando as dores de Ludmilla.
—  Isso é ridículo. Ela é mãe e pai do nosso filho desde o segundo em que o pegou no colo a primeira vez. — digo meio ríspida.
Cayo estreita um pouco os olhos, então sua expressão suaviza e ele acena levemente. Leva minha mão até seus lábios e a beija.
— Tem razão. — diz em tom conciliador. — Estou com ciúmes dela, é isso. Você não queria vê-la nem pintada e, de repente, a mulher está enfiada dentro da sua casa, perto de você o tempo todo.
— Perto de Michael. — corrijo-o. — Conversamos e estamos fazendo tudo para que nosso filho tenha o amor nosso, independentemente de como as coisas terminaram entre nós. — meu tom ameniza também.
Cayo continua depositando beijos suaves em minha mão.
— Sim, eu entendo, mas isso não diminui o sentimento de que perdi terreno desde o nascimento de Michael.
Bem, isso não deixa de ser verdade. Ludmilla cobre todas as frentes, não deixando nada para Cayo fazer. Deve ser isso também que o está incomodando. Antes eu o chamava constantemente para me ajudar com algo quando Marcos não estava disponível. Agora, tudo que quero é feito imediatamente por Ludmilla ou por alguém a mando dela.
— Não se sinta assim. Ludmilla é a mãe do meu filho, apenas isso. — mesmo para mim minha sentença sai fraca.
— Você ainda a ama. Eu sei disso. — ele murmura e eu não tenho coragem para negar. Não quero enganá-lo. Ele é um cara incrível, merece a minha sinceridade. — Precisa de novos ares, Brunna. Não vai conseguir se desligar da sua ex-esposa completamente se ficar aqui nessa cidade, na casa da avó dela.
Suas palavras me acertam em cheio. Ele tem razão. Eu já estava pensando em comprar um apartamento ou uma casa para mim, só que aqui mesmo, em São Paulo. Não quero privar meu menino do convívio com Ludmilla. Farei qualquer coisa para a felicidade do meu Michael.
— Eu acho que essa proposta veio a calhar para nós dois. — sua voz sedutora me puxa de volta. — Me deixe cuidar e amar você, Brunna.
Ai, droga. Eu deveria estar pulando de alegria, não é?
— Por favor, Cayo, me dê mais um tempo... — peço, tomando mais um gole muito bem-vindo de água. — Eu praticamente acabei de dar à luz ao meu filho. Vamos com calma... Quando irá para o Rio?
Seu rosto fica um pouco triste.
— Tenho vinte dias para dar uma resposta e trinta para me mudar.
Uau. Muito rápido.
— Prometo lhe dar uma resposta antes desse tempo. — digo, me sentindo confusa demais.
Ele é um bom partido, gosta de mim e do meu filho. Terei que ponderar sobre todas essas coisas de agora em diante. Sou uma mãe solteira. Tenho lido algumas coisas sobre como é complicado para mães solteiras encontrarem boas pessoas que apreciem e respeitem também seus filhos. Além disso, senti na pele como é ser criada por alguém que não tem o seu sangue e não faz questão de criar nenhum vínculo emocional para substituir esse fator. Já ouvi casos de padrastos e madrastas que são verdadeiros pais e mães para seus enteados, no entanto. Quero isso para o meu bebê. Quero uma pessoa que me ame e a ele também.
Por outro lado, também quero estudar, crescer intelectualmente. Nunca foi meu objetivo ser a “esposa” de alguém apenas. Acho isso deprimente. É a minha chance de construir uma vida para mim. Se Cayo entender e aceitar que não serei sua esposa num futuro tão próximo, talvez tenhamos alguma chance.
Quando ele para seu carro na frente da casa de Vilma, ainda não são nem onze. É cedo, eu sei, mas não quis me demorar mais depois da sobremesa, e ele entendeu perfeitamente e me trouxe de volta. Estou louca para ver meu menino e meus seios estão enormes de tanto leite acumulado. Ele me ajuda a descer do carro e me acompanha até o pé da escadaria frontal. Seus modos cavalheirescos me encantaram desde o começo. Novamente, eu devo ter algum problema sério por não estar ainda caidinha por ele.
— Obrigado por hoje. — sussurra, os dedos acariciando minha face, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Seu olhar deriva para a casa, então volta para o meu e me choca quando abaixa a cabeça, os lábios mornos tocando os meus. Eu me seguro em seus ombros, tomada pela surpresa, minha boca abrindo e até agora o cavalheiresco e comportado Cayo, chupa o meu lábio inferior, prolongando o selinho alguns instantes a mais. Seus olhos estão brilhantes e intensos quando se afasta, respirando com dificuldade. Está excitado visivelmente e isso me deixa sem jeito. Com Ludmilla era fácil ser sedutora, havia uma familiaridade entre nós... Havia... Ah, Deus, não havia nada entre vocês, Brunna. Pare de ser burra. Eu me dou uma bronca severa. — Você é especial, Brunna. — Cayo murmura e me dá mais um beijo terno no canto da boca. — Boa noite, linda.
Eu rio como uma menina boba, acenando quando entra no carro e dá a partida, saindo pela estrada de blocos que corta o jardim. Subo direto para o meu quarto em seguida. Tomo uma ducha rápida, vestindo uma camisola verde-água acetinada e penhoar combinando, então corro para o quarto de Michael, meus seios já vazando leite.
Encontro a porta aberta e diminuo os passos, parando no limiar. A cena à minha frente sempre me causa impacto. Ludmilla está em pé, perto da janela, usando apenas a calça do pijama e top pretos, segurando nosso filho contra o corpo. Está de perfil, o que me permite ver o rostinho de Michael adormecido, virado em minha direção. Mesmo com a pouca idade, dá para perceber no deleite de sua expressão que ele sabe que é sua mãe quem o está ninando com tanto cuidado e amor. Ludmilla está balançando-o devagar, sussurrando algo. O som está ligado baixinho, tocando The1975. Nosso pequeno gosta da banda porque era um dos artistas que ouvia muito quando estava em minha barriga. Ludmilla o beija delicadamente na cabecinha, bem cabeluda agora. O carinho em sua expressão faz meu peito apertar dolorosamente, lágrimas inundando meus olhos. Eu os observo arrebatada, apaixonada. Pelos dois. A fantasia de que os dois são meus, volta com tudo em minha mente.
Eles são meus. Minhas entranhas sangram, gritando isso. Eu os amo. Amo tanto. Quero os dois para mim, com tanto desespero que me tira o fôlego. Oh, Deus, por que isso não vai embora? Por que não consigo deixar essa mulher no passado, onde é o seu lugar? Ela me traiu e o fará de novo se não parar de ser boba e cair na sua conversa mole de que agora me ama. Pessoas poderosas são assim, pensam que podem ter tudo o que quiser, dificilmente se importam com sentimentos. Elas traem. Não podem ser tocadas. Aprendi da pior maneira. Foi uma dura lição, mas foi assimilada com sucesso.
Sentindo minha presença, Ludmilla vira a cabeça e nossos olhares se encontram. O olhar antes suave, se enche de mágoa, frustração. Está ainda chateada por eu ter saído com Cayo, pelo visto. Então seu olhar desce pelo meu corpo, sua mandíbula trincando quando vê meus seios.
— Porra... — ela grunhe e eu olho para baixo, vendo com horror, o tecido fino da camisola colado em meus seios pelo leite vazando. Os bicos e auréolas estão bem visíveis. Meu rosto esquenta de vergonha. Eu fecho o penhoar sobre meus seios de atriz pornô e caminho para dentro, tentando ignorar seu olhar incendiário sobre cada centímetro da minha pele exposta.
Chego perto deles, seu cheiro e sua energia pulsante golpeando-me sem piedade. Os olhos verdes continuam cravados nos meus, selvagens, cheios de desejo mal contido. Antes ainda o velava, talvez porque sabia que eu estava de resguardo. Agora parece que a represa está prestes a estourar pelo olhar de fome crua que está me dando. Eu sinto isso quase como uma carícia física. Não, uma pegada forte, como é a característica dela, fogosa, sexy, toda gostosa... Imagens dela em cima de mim, possuindo o meu corpo vorazmente, penetrando-me fundo, me comendo com força enquanto me prendia com esses olhos lindos e hipnotizantes, preenchem minha cabeça.
— Ele deu trabalho? — pergunto, mortificada pela minha voz sair tremente. Umidade desce em minha vagina e eu latejo tão forte que ofego.
— Não. Mas também não quis a mamadeira. — sua voz sai rouca, baixa, fazendo minhas paredes encharcarem ainda mais. Meus seios ficam mais doloridos, agora por outra razão, além do leite pesando.
— Me dê ele. Meus seios estão muito cheios... — murmuro e Ludmilla geme, as narinas inflando. Sua expressão é feral, me assustando e excitando na mesma medida. Parece que está a ponto de arrancar as minhas roupas. Minha nossa...
Pego meu bebê e não há como evitar tocar a pele do abdômen chapado dela. Sim, ela está ainda mais curvilínea e firme nesses últimos meses. O cabelo preso em um coque no alto da cabeça a deixa com aparência mais jovem, ainda mais linda do que antes. Eu me pergunto a razão dessa mudança. Será que está tendo um novo caso? Ciúme e raiva feroz me golpeiam. Ludmilla é uma mulher muito vigorosa sexualmente, é claro que está comendo alguma piranha por aí.
Filha da puta! Prostituta! Xingo-a mentalmente. Ai, meu Deus, como sou patética. Eu não me importo com ela. Não me importo! Repito uma e outra vez para convencer o meu coração tolo e o meu corpo sem-vergonha a pararem de querê-la. Eu me sento na poltrona perto do berço e acomodo Michael em meu colo, inalo sua cabecinha, me deliciando com o cheirinho de bebê. Esse é o meu verdadeiro amor. Preciso parar de deixar Ludmilla me abalar ou nunca seguirei em frente. Retiro meu seio direito da camisola e rio quando, mesmo com os olhinhos fechados, Michael o ataca avidamente. Outra risada me faz olhar para cima, encontrando os olhos verdes.
— Por isso o malandrinho refutou a mamadeira... — sussurra rudemente, o olhar penetrante caindo para o meu seio desnudo. — Entendo meu filho... — eu a olho também, gananciosa e desavergonhadamente. Os seios branquinhos, o abdômen reto, entrando no cós baixo da calça do pijama. Eu coro, evitando um gemido quando vejo o volume bem delineado da ereção maciça. Meus hormônios pós-resguardo enlouquecem, querendo-a dentro de mim com um desespero tão pungente que tenho que desviar a vista. — Você voltou cedo... — diz ainda com voz rouca.
— Sim. Eu não conseguia me concentrar em nada além da necessidade de voltar para o meu menino. — murmuro, olhando deslumbrada para o pequeno guloso se alimentando de mim.
Há um silêncio tenso depois disso. Não quero olhar para cima. Não quero que veja o quanto ainda eu a desejo. O quanto ainda a amo, apesar da minha luta para superá-la. Vai tripudiar sobre mim com seu cinismo, como sempre.
— Eu fui uma imbecil mais cedo. — sua voz é séria e isso me faz olhá-la, mesmo não querendo. Nossos olhares se prendem e ela sussurra: — Me desculpe.
A olho em silêncio por um instante.
— Está desculpada. — murmuro de volta. Novo silêncio.
— Você aceitou o pedido dele? — sua voz tem uma nota de tristeza que mexe comigo, mesmo não querendo.
Olho-a, querendo mentir só para perturbá-la. Então decido não ir por esse lado e ser sincera.
— Não. Mas estou inclinada a aceitar.
Vejo um misto de alívio, dor e irritação, cintilando nos olhos esmeraldas.
— Ele a beijou ainda há pouco... — fala, mostrando que seu temperamento está por um fio esta noite.
Eu amplio um pouco os olhos, entendendo tudo. Cayo deve tê-la visto na janela, por isso me beijou na boca, coisa que nunca tinha feito antes. Idiota...
Tenho vontade de bufar. Mudo Michael para o seio esquerdo e ele volta a sugar com avidez.
— Não vai dizer nada? — instiga. Posso sentir sua raiva fervendo por baixo do bom comportamento.
— O que quer que eu diga, Ludmilla? — eu a encaro, levantando uma sobrancelha desafiadora.
Ela abre a boca para falar, mas desiste, fechando-a numa linha fina. Ficamos em silêncio até que Michael esvazia os dois seios. Eu o faço arrotar e em seguida o coloco no berço. Ele faz aquela carinha feliz, própria dos bebês em sua idade quando foram bem alimentados pela mamãe. Toco seu rostinho, cabelos macios e me debruço, beijando sua cabecinha perfumada. Meu coração se enche do mais puro amor enquanto o olho. Cubro-o com a manta e me afasto, me virando para sair.
Dou de cara com o corpo quente de Ludmilla. Não a ouvi chegando tão perto. Eu ofego pela proximidade forçada. Um misto de tesão e raiva por ela estar ainda mais bonita e sexy do que antes. Odeio ainda amá-la, querê-la tanto. Mesmo sabendo que vai me destroçar se deixá-la chegar muito perto, continuo como a tola mariposa querendo desesperadamente a luz. Ela não me toca, mas não precisa. Seus intensos olhos verdes seguram os meus, não me deixando escapar. Seu olhar sempre teve esse poder aterrador sobre mim, o baque é sempre o mesmo, profundo, mexendo com tudo dentro de mim. Estou incendiando, queimando, ofegando, nossos rostos bem próximos, meus seios roçando nos seus. O desejo é denso, voraz, me deixando dopada. Meu corpo vibra, descontrolado, alucinado, reconhecendo-a como sua única dona. Seu cheiro me embriaga e minha boca saliva para sentir o gosto dela. Fecho meus punhos para me impedir de tocá-la. É uma guerra entre a razão e a emoção. O meu corpo inteiro grita por ela.
— Você continua sendo minha. — diz baixo e áspera, ela está puta e não está mais conseguindo segurar sua arrogância natural. — Pare de tentar encontrar nele o que só vai sentir comigo. — seu tom vai ficando mais urgente, magoado, irritado. Eu tento me afastar, mas, me segura pela nuca e cintura, me colando a ela, me fazendo choramingar ao sentir seu pau duro esfregando em mim. Um sorriso zombador inclina sua boca. — Isso entre nós é único, não vai encontrar em nenhuma porra de lugar, muito menos com aquele filho da puta. Acha que ele
capaz de te fazer gozar como eu faço?
— Fazia! Odeio você! — eu ranjo os dentes, esmurrando seus ombros.
Puxa meus cabelos e geme contra a minha boca, seu hálito me provocando. Os olhos ferozes nos meus.
— Odeia nada! Você odeia ainda me querer, isso sim. — ruge. — Nunca vai esquecer como é ser minha, minha boca na sua, meu pau enterrado em sua boceta, em seu corpo...Tomando o que é meu. Sempre será meu. — eu a esmurro com mais força, mas, ela só aumenta seu domínio sobre mim e com um gemido alto mergulha a boca na minha.
— Oh, meu Deus! Me desculpem, senhoras... — o barulho da porta e a voz da babá quebra o momento. Odeio a forma como meu corpo pulsa com apenas um ínfimo gosto da sua boca na minha. Aproveito para me livrar do domínio indesejado e correr em direção à porta, que a moça tornou a fechar, mortificada. Meu coração está batendo descompassado, tudo em mim latejando por ela.
— Não deixe aquele filho da puta te tocar só para me atingir. Você me
pertence, porra! — Ludmilla fala me encarando com fome. — Vai me destruir se outra pessoa a tiver como eu tive.
— Como me destruiu ver outra mulher te tocando, como eu tocava. — retruco, irritada, magoada também, meus olhos enchendo de lágrimas com a lembrança da sua traição.
Toda vez aquela imagem é como um punhal afiado perfurando meu coração.
Dor preenche sua expressão e ela passa as mãos pelo rosto, parecendo cansada desse embate.
— Eu sei, baby. Eu era um ser humano desprezível. — sussurra com pesar. — Por favor, não me castigue mais, Brunna. — suplica, olhos fixos e desvairados nos meus. — Eu amo você. Preciso de você, do seu amor, ou vou morrer. Eu te amo, porra!
Meu Deus, eu quero tanto acreditar nela e nesse desespero. Ouvi-la me chamando com esses termos carinhosos, dizendo coisas tão extremas, faz meu coração doer, pulsar, saltar. Tudo junto. Tanto amor. Tanto querer. Mas também há a mágoa e a dor absurda que me causou guerreando dentro de mim. Eu nunca mais confiaria nela.
— Você me traiu, Ludmilla. Nada pode mudar esse fato. — coaxo dolorosamente e avanço para a porta antes de fraquejar e lhe dar munição para me destruir de novo.
Duas semanas depois...
Ludmilla
Eu olho mais uma vez à minha volta. O som agitado tocando alto na casa noturna. É o meu aniversário hoje. Trinta e oito anos. Minha avó queria fazer uma de suas festas de gala, mas eu não quis. Entretanto, não consegui me livrar das artimanhas de Marcos, que me arrastou para uma das casas noturnas em que é sócio para comemorarmos esta noite. Ele me garantiu que convidou Brunna também, no entanto, estou receosa de que ela não venha. Embora estejamos mais próximas desde o nascimento de Michael, ainda me trata com frieza velada. Só me deixou chegar perto por causa do nosso filho. A morte de Alejandro a afetou, fragilizando-a, fazendo-a passar por cima do seu orgulho e mágoa, enxergando que Michael precisa de mim também. Dou graças a Deus por isso, porque não sei como seria se não pudesse pegar o meu menino nos braços sempre que eu quisesse.
Um pequeno sorriso orgulhoso se abre em minha boca ao pensar no meu filho. Eu me preparei para recebê-lo, cuidar dele em todos os sentidos, sem essa
frescura de que não iria trocar fraldas, não dá banho e etc. Isso surpreendeu a Brunna. Positivamente. Vejo em seu rosto, cada vez que a ajudo nessas tarefas, que ganhei pontos. Não fiz para agradá-la, no entanto. Fiz cursos para poder me aproximar e criar um vínculo forte com meu filho desde o seu nascimento. A exemplo de Brunna, tive pais de merda. No que depender de mim, Michael irá sentir o meu amor todos os dias, o tempo todo. Não vou negar, porém, que tenho usado cada momento com ele para mostrar à sua mãe que sou uma nova mulher. Que ainda sou louca por ela. Que sempre serei completamente apaixonada, desvairada por ela. Só ela. Vivo desesperada pela sua atenção, para que perceba que pode confiar em mim de novo. Só que não tem sido fácil. Brunna se mantém firme em sua resolução de não acreditar no meu amor. Na verdade, nem mesmo aceita conversar sobre a nossa situação. Para ela, está tudo resolvido, encerrado. Nos divorciamos, não há mais nenhuma ligação carnal entre nós.
Mas há. Nossa ligação, nossa conexão ainda está viva, pulsando entre nós a cada momento em que chegamos perto. Cada vez que nossos olhares se encontram, falam coisas que ela não quer verbalizar porque fui uma cretina, uma covarde, e a afastei de mim. O tempo em que ficamos longe só colaborou para inflamar a química sempre potente que experimentamos desde o primeiro encontro. Pelo menos da minha parte. Eu a observo como uma leoa faminta. Ela está ainda mais linda depois que deu à luz ao nosso filho. Embora sua aparência seja jovem, carregando certa inocência, a menina se foi e em seu lugar nasceu uma mulher estonteante. Seu corpo adquiriu curvas assassinas e sua boa forma voltou, mas os quadris estão mais largos, destacando a cintura fina. Os peitinhos, antes pequenos, agora estão mais cheios, derramando sobre os decotes, deliciosos. Só falto gozar na calça toda vez que a vejo amamentando Michael. Sei que parece pervertido, mas é a minha saudade dela. A falta dilacerante que sinto dela, do seu corpo, seu cheiro, sua pele na minha. Estou definhando sem ela, morrendo lentamente.
Eu a estou perdendo e esse sentimento tem se intensificado desconfortavelmente nesses dias.
Enquanto não me deixava chegar perto e não havia ameaça de alguma pessoa, eu estava relativamente tranquila. Só que agora a ameaça é real. Muito real. Pensei que fosse morrer pela dor absurda em meu coração quando Brunna me disse que aceitou o pedido de namoro do fodido médico, há dois dias. Ela se sentiu assim quando na minha total arrogância eu a avisei que ia encontrar outras mulheres? Eu era uma desculpa patética de mulher, porra. Eu a machuquei demais. E como uma vingança, tudo está voltando contra mim, para que sinta na pele como eu a feri.
Para piorar, fiquei sabendo pela minha avó que o tal Cayo recebeu uma proposta de trabalho irrecusável no Rio e vai se mudar dentro de duas semanas. Não tenho um bom pressentimento sobre isso. Eu não suportaria se Brunna decidisse se mudar com o talzinho, levando meu filho junto. Não, não. Isso me destruiria. Abano a cabeça para afastar esses pensamentos de agouro.
Tem que haver algo que eu possa fazer para que ela me perdoe. Tem que ter e preciso descobrir logo ou vou perder a mulher que amo. Tomo um longo gole do meu uísque e olho de soslaio para Marcos e a marrenta da Luane, no meu lado direito.
Nossa irmã mais nova está nos permitindo chegar perto aos poucos. Marcos é quem tem facilitado tudo com seu jeito naturalmente divertido, e isso quebrou um pouco da resistência da marrentinha. Olho meus dois irmãos e uma sensação boa se espalha em meu peito. Estou há tanto tempo mergulhada na dor de estar sem a mulher da minha vida, que não houve espaço para receber bem a minha irmã. Ela tem o meu sangue. Deus, ganhei mais uma irmã. Olho-a, querendo conhecê-la melhor, desenvolver o mesmo vínculo forte e fraternal que tenho com Marcos. Essa estranheza inicial vai ser vencida com o tempo, vou me empenhar em fazê-la se sentir em casa aqui no Brasil. O sangue vai falar mais alto, tenho certeza.
— Por que está me olhando assim? — Luane resmunga, me olhando de lado, seu copo a meio caminho da boca. — Quer uma foto para pendurar em sua cabeceira?
Bastarda! Eu bufo e Marcos dá uma risada profunda. Ele adora um embate.
— Eu tenho fotos melhores para esse fim, babaca. — retruco e vejo um arremedo de sorriso em sua cara.
Faço uma nota mental para me aproximar mais dela e descobrir por que parece pronta para explodir o mundo na maior parte do tempo.
— Aposto que tem, irmã. — seu tom é malicioso quando levanta o copo para mim em um brinde mudo.
— Obrigado por ter vindo. — digo, meu tom suavizando um pouco.
Seu meio sorriso provocador se abre.
— Eu não tinha nada mais interessante para esta noite. — dá de ombros.
— Mani, vamos, irmã, você está magoando os sentimentos de Laur. — Marcos intervém, mas há o conhecido sorriso irreverente em seu rosto.
Luane franze o cenho um pouco. Parece que essa é a primeira vez que Marcos abrevia seu nome pelo visto.
— Mani? Não, cara, isso é muito idiota. — faz uma careta. Marcos ri, passando o braço por cima dos ombros da nossa irmã. Luane o olha de esguelha. — Não quero ser chamada de Mani, seu idiota. — a marrenta resmunga. Marcos gargalha.
— Tarde demais, Mani. — diz com sua costumeira provocação, me arrancando uma risada.
Eu acho que vamos ficar bem. Estendo meu copo, convidando-os a brindarem comigo. Eles o fazem em silêncio. Estamos recostados à balaustrada da ala Vip, de onde dá para acompanhar tudo que acontece alguns degraus abaixo, na pista de dança lotada para uma quarta-feira.
— Você vai assumir o cargo que lhe ofereci? — indago a Luane. Apesar de ter berrado em nosso primeiro encontro que iria querer a sua parte na herança, ela não parece muito interessada em grana, tenho observado. É tão fechada quanto uma ostra, mas é uma engenheira aeronáutica de primeira linha. Além disso, comentou comigo e Marcos que tem trabalhado em um projeto de um avião desde a adolescência. De acordo com ela, será duas vezes mais econômico que os tradicionais em uso. Estou ansiosa para ver o tal projeto. Isso pode colocar a LO sob os holofotes do mundo da aviação. O mundo inteiro. — Sobre o seu projeto, Patty vai lhe dar todo o amparo legal para...
— Patty não. — seus olhos escuros seguram os meus com uma expressão indecifrável. — Eu quero Lígia.
Eu franzo o cenho para a ferocidade com que pronuncia isso. A suspeita de que as duas já se conheciam de algum lugar volta a se infiltrar em mim.
— De onde a conhece? — pergunto, curiosa.
Seus olhos cintilam fugazmente em algo parecido com malícia.
— Do hospital. Aquela foi a primeira vez que vi a patricinha metida. — zomba.
Está mentindo descaradamente. Mas de onde elas se conhecem? Agora fiquei
com a pulga atrás da orelha. Muito estranho.
— Cara, pode abrir o jogo. — Marcos bufa. — Somos irmãos, porra. Por acaso comeu a sócia de Ally antes de saber quem ela era?
Luane ri com sua cara cínica e rebate Marcos:
— E você, já comeu a sua comissária aspirante a piloto? — levanta uma sobrancelha arrogante.
Marcos geme, virando o copo. Acho que isso é um não. Ele conseguiu que a tal Adriana viesse para São Paulo, há duas semanas. Ingressou em nossa escola de pilotos, tendo-o como instrutor. Meu irmãozinho é engenhoso quando está atrás de um rabo de saia. Mas, para ser sincera, nunca o vi trabalhar tanto parar conseguir comer uma garota. Talvez o fator desafio o esteja estimulando.
— Porra, quando eu pegar aquela potranca arredia... — ele rosna e dá uma risada sacana.
Eu rio, meus olhos caindo para a escada, e então meu coração para. Brunna está subindo os degraus para cá, mas não está sozinha. Eu ranjo os dentes, fúria me tomando ao ver o fodido médico com a mão apoiada na parte baixa de suas costas. Ele não tem esse direito! Quero ir até ele e arrancar a porra do seu braço fora. Oh, Deus, isso dói demais. Ver os dois, jovens, bonitos, é como um soco potente em meus rins. Estou morrendo de ciúme, amor, dor, impotência. Ela nunca irá me perdoar? Essa é a pergunta que me persegue nesses quase nove meses, desde que eu fodi tudo, destruindo a nossa vida juntas.
Nove meses. Meu Deus, tanto tempo.
Eles avançam em nossa direção e mesmo morrendo por dentro, meus olhos a buscam com uma fome que me devora viva. Está linda em um vestido tomara que caia verde, curto e esvoaçante. As pernas lindas delgadas, tonificadas pelos anos de balé me tentando além da conta, sobre sandálias de tiras pretas. O cabelo longo, que agora usa desfiado, forma camadas volumosas, jogado para um lado, quase cobrindo o olho direito, deixando-a sensual demais. Meu olhar procura o dela e uma pequena centelha de esperança brota em meu íntimo porque também está me devorando, como fiz com ela. Os olhos castanhos correm por minha calça jeans escura, subindo pelo meu cardigan branco social de mangas longas, fechado. Eu me congratulo pelas horas extras que tenho passado na academia tentando estar à altura dela. Tentando desesperadamente atrair sua atenção de volta para mim.
Por fim, nossos olhares se encontram e se prendem, então meu coração salta descompassado, gritando o amor imenso que sinto por ela. Tudo some em volta, meus olhos apenas nela e os dela sobre mim. E eu a amo e a quero mais a cada segundo que passa. Uma agonia sem fim, uma saudade tão grande que me deixa doente. Uma dor insuportável por vê-la no braço de outro. Olho-a, e olho-a sem me preocupar com o imbecil ao seu lado. Em meu coração ela é minha. Sempre vai ser.
— Bonitinha! — ouço a voz animada de Marcos recepcionando-a. Mas meus olhos continuam nela.
Ouço a movimentação deles se cumprimentando. O babaca falando com meus irmãos e então eles param em minha frente.
— Ludmilla. — quase fecho os olhos e gemo em deleite ao ouvi-la chamar o meu nome. Sua voz está um pouco tensa, talvez pelo fato de eu estar comendo-a com os olhos na frente do seu namorado. Ou o fato de que ela também não é imune a mim como se esforça para que eu acredite. — Feliz aniversário! — diz, parecendo sem jeito, estendendo a mão.
— Brunna... — minha voz sai baixa, rouca de tesão, posse, amor, e também raiva por ela ter vindo na porra do meu aniversário com outro a tiracolo. Eu engarrafo tudo isso e pego a mão delicada, o contato fazendo meu corpo inteiro vibrar e meu pau engrossar dentro do jeans. Qualquer ínfimo contato hoje em dia me deixa a ponto de bala, porque nós mal nos tocamos em nove meses. Eu tenho tido um comportamento exemplar. Jamais me forçando sobre as suas vontades. Já basta minha covardia e arrogância em tomar tudo dela desde o começo. Mas talvez seja a hora de ser um pouco mais agressiva e demarcar território. Sem me preocupar com mais nada, eu a puxo para o meu corpo e aproveito a sua surpresa para abraçá-la bem apertado, gostoso, fazendo-a sentir meu pau duro bem agasalhado entre nós. Ela arfa, o hálito vindo em meu pescoço e eu gemo baixo, tudo em mim gritando para jogá-la sobre o meu ombro e levá-la para uma sala privada onde possa meter meu pau todo nela, tão profundo que não vamos saber quem é quem, matar essa fome visceral por ela, pelo corpo do qual venho sendo privada por nove meses do caralho! — Obrigado por ter vindo, baby. — sussurro asperamente em seu ouvido e a sinto estremecer, arfando baixinho, então ela se afasta e eu sou obrigada a soltá-la.
— Senhora Oliveira. — detecto certa provocação na voz do fodido médico, quando puxa a minha menina para junto de si, os olhos duros nos meus. — Espero que seja uma noite feliz.
Ele não me estende a mão, o que eu agradeço, porque nesse momento eu quebraria seus malditos ossos.
— Também espero uma noite excelente, rapaz. — e meu olhar volta para Brunna. Acabo de decidir que ela não sai daqui com esse imbecil. Vai para casa comigo. Nem que para isso eu tenha que sair na porrada com ele. Meu Deus, a que ponto cheguei. Será que está transando com ele? Deixou outro homem tocar no que é meu? Me sinto morrendo apenas pensando a respeito. Não, não. Debato-me internamente, em agonia. — Me acompanha até o bar? Quero discutir um assunto com você? — decido parar de vez com minha atuação de boa moça. Tudo tem limite, porra. Esse infeliz veio com a minha mulher para o meu fodido aniversário. Que tipo de homem faz isso? Os olhos dele estreitam um pouco, desconfiados.
— Que assunto? — a voz de Brunna denota sua apreensão em me deixar sozinha com seu querido médico.
Eu a encaro, levantando uma sobrancelha irônica. Ela arfa levemente e meu olhar se torna mais perverso. Sim, Brunna, você ainda me quer. Aceite logo essa merda e pare de tentar me substituir por esse infeliz.
— Assunto de gente grande, baby. — digo condescendente, me congratulando pela irritação que vejo nas íris castanhas. É meio fodido, mas, o clima de animosidade sempre nos encheu de tesão. Isso não mudou pelo que estou vendo. Isso nunca vai mudar porque ela é minha.
— Tudo bem, querida. — o idiota diz e eu o olho, segurando um rosnado, ao ver que está de fato me provocando, esfregando sua intimidade com a minha mulher na minha cara.
Eu me viro em direção ao bar no canto da ampla área vip, sem conferir se o imbecil está me acompanhando. Ele está. Não quer mostrar fraqueza diante de Brunna. Não me sento nos bancos vazios, me mantenho de pé, levantando um dedo para o garçom, pedindo que reabasteça meu copo de uísque. Cayo não demora a chegar do meu lado direito. O garçom providencia minha bebida e eu tomo um gole, meus movimentos lentos, metódicos, deixando-o apenas com o meu silêncio por enquanto.
— Então, a senhora vai falar em algum momento? — seu tom é desafiador, até mesmo arrogante, percebo. Percebo e não gosto. Me viro para ele e só para deixá-lo ainda mais desconfortável, permaneço mais um pouco em silêncio, olhando-o com meu sarcasmo em dia.
— Ela é minha. — por fim, falo baixo, meu olhar duro no seu. — Me pertence.
Ele parece chocado a princípio, depois, me oferece um sorriso irônico também. Tudo bem, parece que o franguinho tem bolas no final das contas.
— Brunna não é um objeto, é uma pessoa, senhora Oliveira. — ele coloca aquela inflexão zombadora novamente em meu nome. — É uma jovem mulher linda que merece ser tratada com amor e respeito, coisa que a senhora claramente não fez, por isso a perdeu.
Porra! Suas palavras me acertam em cheio porque são a pura verdade.
— Foda-se! Isso foi antes. Sou outra mulher agora. — digo-lhe friamente. — Mas, não dá para mostrar isso a ela com você por perto o tempo todo, como um bobalhão apaixonado. — zombo. — Procure outra para dar o bote. Essa é minha.
— Meu Deus, a senhora é muito mais arrogante do que pensei. — fecha a cara. Eu o ignoro.
— Vamos, rapaz, veja pelo lado bom, tudo que estou fazendo é poupando-o...
— Poupando-me? — seu tom vai ficando afiado.
Eu rio, cínica.
— Ela me ama. Está magoada, mas, é a mim que Brunna quer. — digo baixo, meus olhos nunca desviando dos seus. — Está te usando para me deixar com ciúmes. Apenas isso. Você me parece um cara inteligente. — atiço-o. — Então, deixa de ser trouxa e vai cantar de galo em outra freguesia. Brunna é minha. De todas as formas que conseguir imaginar, ela é minha. — rosno com mais ferocidade dessa vez.
— Eu acho que não, senhora. — cospe. — Só está se roendo de ciúmes porque sabe, ela não vai resistir para sempre. — me oferece um risinho de merda. — Serei o homem dela, em todos os sentidos, em breve.
Porra! Eu vejo tudo vermelho agora. Ergo as mãos com um destino certo, sua garganta, mas, alguém se coloca entre nós.
— Eu acho que pode querer pensar melhor sobre essa merda, Ludmilla. — Luane fala, me empurrando um pouco para trás. Sua atenção está no idiota fodido quando torna a falar: — Minha irmã tem uma imagem a zelar, eu porém, não me importo muito com a minha. — ela tem a ousadia de piscar cinicamente para Cayo, que resmunga e ajeita o terno, nos deixando em seguida.
Eu viro meu copo em uma longa golada.
— Uh, isso foi tenso. — Luane diz, franzindo o cenho para mim. Ela parece... Preocupada comigo. — Você está bem, irmã?
Sim, minha irmãozinha não é um caso completamente perdido. Sua preocupação aquece um pouco meu coração pisoteado.
— É fodido pra caralho, mas, eu mereço, irmã. — resmungo, virando todo o conteúdo do meu copo, o líquido desce rasgando a minha garganta. — Tudo que Brunna está fazendo para mim é o reflexo de como a tratei no passado. — exalo, meus olhos voltando a buscar o casal, agora indo para a pista de dança. — No dia em que se declarou para mim, além de jogar seu amor de volta em seu rosto, fui ainda mais cretina e lhe disse que ia ver outras mulheres. — Luane faz uma careta.
— Eu a traí.
— Porra, você fodeu tudo mesmo, idiota. — diz com desgosto.
— Eu não sabia o que era o amor. — defendo-me. — Achei que estava me protegendo ao ser envenenada por uma vadia do meu passado. — ranjo os dentes.
A próxima hora eu passei acompanhando cada passo de Brunna e do imbecil pelos vários ambientes da boate. Em alguns momentos, ela também me olhou como se soubesse que a estava observando. Algumas mulheres conhecidas apareceram, tentando puxar assunto, mas eu as dispensava logo, angustiada, com medo que Brunna pudesse pensar que estava interessada em alguma. Eu não estou. Nunca mais estarei. Ela me arruinou para todas as outras desde o primeiro toque.
Em dado momento, os dois retornam, mas em vez de seguir com Brunna até nós, Cayo a beija e sai apressado, descendo as escadas. Para onde ele foi?
— Cayo teve uma emergência no hospital. — ela informa quando nos alcança. — Também estou indo. Vou tomar um táxi.
Obrigado, porra! Eu quero atirar meu punho no ar. Nem precisei mexer meus pauzinhos...
— Meu motorista está aqui. — ofereço e seus olhos lindos se prendem aos meus. — Acho que estou pronta para ir também. Pode vir comigo.
— Tudo bem. Obrigada. — concorda depois de uns instantes pensando.
Deixamos o camarote sob os olhares nada sutis e encorajadores de meus irmãos. Eu a ajudo a entrar na limusine. A divisória sobe imediatamente após meu motorista a cumprimentar com um sorriso enorme no rosto. Todos os meus funcionários a idolatram. Ela conquistou a todos no pouco período em que viveu comigo. Sempre os tratou com afeto e respeito. Meu Deus, como pude ser tão burra de perdê-la? Como? O sistema de som está ligado numa rádio local, tocando baladas românticas. Não sentei ao seu lado. Sentei-me à sua frente para poder olhar e babar em cada detalhe dela. James Blunt está falando sobre erros em Same Mistake. A letra parece feita para mim, porra. Nos olhamos insistentemente, aqui dentro os disfarces nos abandonaram, restando apenas duas mulheres que ainda se querem, não importa quanto tempo passe.
A viagem é tão rápida, que me sobressalto quando o carro para e Brunna se apressa para fora, sem me dizer nem uma maldita palavra. Fuja enquanto pode, baby. Zombo. Eu subo para o meu quarto provisório e tomo uma ducha rápida, vestindo a calça do meu pijama e meu top. Então vou para o quarto de Michael, sabendo que a encontrarei lá também. Seus peitos estavam enormes, quase pulando do vestido de tão cheios. Caralho, eu aperto a cabeça do meu pau para conter o tesão animal ameaçando suplantar a minha razão.
Quando alcanço a porta do quarto do nosso pequeno, Brunna já está lá, olhando-o no berço. Entro devagar, me deleitando com a visão dela numa camisola de cetim creme. Não usa penhoar hoje e isso me deixa ainda mais louca. Dá para ver o contorno dos seios duros, cheios, bicudos através do tecido fino. Meu pau baba, sofrendo espasmos. Ela quer me enlouquecer de tanto desejo? Quando chego do outro lado do berço, vejo que Michael está dormindo profundamente.
— A babá acabou de lhe dar a mamadeira achando que eu ia demorar. — Brunna murmura, tocando o rostinho adormecido do nosso filho e se debruça, cheirando, beijando a cabecinha cabeluda antes castanhos, agora mudando para pretos. Meu menino puxou a mim, inclusive na cor dos olhos. Eu gemo baixo quando meu olhar sobe, encontrando os peitos fartos totalmente à mostra devido a posição curvada de Brunna.
— Estão incomodando muito? — minha voz sai enrouquecida e ela se ergue, me privando da visão deliciosa.
— O quê? — sussurra, lambendo os lábios. Estreito os olhos sobre ela, percebendo que está corada, a respiração alterada. Está excitada também por estar perto de mim.
O ar está denso, grosso entre nós. Uma represa de desejo está prestes a ser rompida e vai nos arrastar, dada a força da contenção de longos meses.
— Seus seios... — digo lentamente, meu olhar preso no dela dizendo mil coisas perversas que quero fazer com ela nesse momento. — Estão doloridos, não é? — pergunto baixo, meus instintos de predadora assumindo com força total.
— Sim. — sua voz é apenas um coaxar. Suas pálpebras estão pesando, enquanto ofega cada vez mais alto.
Deus, eu a quero tanto. Todo o meu corpo vibra de tesão reprimido. Contorno o berço, deslizando meus dedos pela madeira maciça da borda, devagar, meus olhos fixos nela, devorando-a sem qualquer disfarce. Brunna vai afastando-se para trás até se encostar à parede, sua aparência sôfrega, os olhos castanhos me dizendo silenciosamente o que não tem coragem de verbalizar: que ela me quer. Então eu vou. E me coloco à sua frente e ponho as mãos na parede ao lado da sua cabeça, prendendo-a. Encosto meu corpo no seu, meu pau doendo de tão duro. Ela choraminga, sentindo-me contra sua barriga. Nossos rostos se aproximam, meu coração está batendo desvairado contra a minha caixa torácica. Nossas bocas ofegam bem perto, nossos hálitos se misturando.
— Baby... — eu engasgo de tanta saudade, sentindo seu cheiro inebriante de flores e também da sua excitação. Tanto tempo sem isso, sem poder chegar perto assim. Eu cheiro seu rosto todo, gemendo, esfregando meu pau nela. Enfio as mãos em seu cabelo da nuca e puxo-o firmemente, angulando seu rosto, meus olhos perfurando os dela. — Isso aqui nunca vai acabar, Brunna. — digo contra a sua boca. — Nem o tempo, nem ninguém pode nos fazer esquecer como é estarmos nos braços uma da outra. Você é minha e eu sou sua. Isso nunca vai mudar. Nunca, porra. — então eu mergulho minha boca no oásis da sua, morta de sede.
Gememos longamente, as duas engasgando em um som desesperado, alucinado, quando nossas línguas saem, se enroscando com tanta saudade que dói fisicamente. Suas mãos delicadas, suadas e frias, seguram em meus ombros e eu deliro ao sentir o seu toque de novo. É um beijo ansioso, desvairado, nossos dentes se chocam, nos mordemos, lambemos, gemendo, grunhindo, as mãos tateando o corpo da outra, tentando tocar o máximo possível em tempo recorde, porque o tempo de privação foi enorme, sofrido. Fazemos barulhos feios de prazer, animalescos.
Seguro sua bunda com uma mão puxando-a ainda mais para mim, e permaneço apertando sua nuca, comendo sua boca com tanta fome que não me importo de estar sendo rude. Sugo sua língua com força, mordendo-a. Brunna lamenta sofregamente, passando a moer contra o meu pau e eu solto um gemido feral girando a mão para a sua frente, cavando em sua boceta. Não conto história, esfregando os lábios melados por cima da calcinha. Ela está arquejando, pendurada em meus ombros. Não falamos nada, absolutamente nada, apenas nos devorando num desespero mútuo. Enfio a mão por dentro da calcinha e empurro um dedo em sua vulva, xingando mil palavrões quando sinto a fornalha apertada pingando em minha mão. Mordo sua boca sem delicadeza. Ela geme, chora, se dando de bom grado.
— Puxe as alças para baixo, Brunna. — ranjo, comendo-a até o fundo com o dedo. — Vou mamar em você, aliviar a dor desses peitinhos lindos. — Brunna choraminga com a minha proposta depravada, mas faz o que pedi. Estamos as duas além de qualquer razão. São longos e doloridos meses sem sentir isso. Gemendo como um animal, eu abocanho um, engolindo a auréola inteira, esfomeada, sugando o mamilo escurecido.
— Ahhh, Ludmilla... Oh, meu Deus... — lamenta, seu corpo todo convulsionando.
Suas mãos seguram minha cabeça, arqueando-se, empurrando sua carne em minha boca. Rosno, mamando mais e mais. Sua cabeça pende contra a parede, a expressão de êxtase cru, devasso. Eu chupo com força, mamando gostoso, enquanto meto o dedo todo em sua bocetinha macia.
Estou a ponto de gozar sem nem mesmo um toque em meu pau. Como se ouvisse meu pensamento, Brunna apalpa meus músculos dos ombros, meus seios, querendo arrancar meu top, parecendo fora de si por me tocar livremente, então escorrega uma mão entre nós, pegando meu pau por cima do pijama. O gemido que sai da sua garganta é de pura ganância. Eu rio, gemo, rosno contra sua carne, castigando, mordendo o mamilo. Sem preâmbulos, ela enfia a mão em minha calça e puxa meu pau para fora, passando a esfregar meu eixo grosso para cima e para baixo, sem pena, com tanto desespero como estou comendo sua boceta e mamando nela.
— Você é minha. Nada pode mudar isso, Brunna. Nada! Ouviu? — rosno, mudando para o outro seio, duro, teso, e chupo, me entregando de corpo e alma nesse momento de loucura e desejo reprimido.
Acrescento mais um dedo em sua bocetinha e entra tão apertado, me deixando ainda mais louca para levantar sua bunda e empalá-la em meu pau, sem dó, comê-la bruto e fundo como sempre me deixou fazer. Esfrego seu clitóris com o polegar e ela solta um ganido, arquejando. Nossos olhares se encontram e ficamos assim, nos devorando, enquanto trabalhamos freneticamente para o prazer da outra. Eu retiro os dedos de dentro dela e espalho os líquidos em meu pau, gemendo rouca. Volto a enfiar os dedos profundamente nela, comendo-a punitivamente. Ela faz o mesmo comigo, apertando meu eixo, brincando com minhas bolas do jeito que sabe que gosto. Prazer descomunal começa a percorrer a minha coluna, meu corpo estremecendo e eu gemo, alucinada, embriagada, mamando nela com mais força. Seus olhos mudam, ficando anuviados, a respiração errática, suas paredes estrangulando meus dedos. Ela geme o meu nome e então goza lindamente. Meu coração, meu corpo e minha alma estão prostrados aos pés dela. Eu urro alto, sem o menor decoro e esporro em sua mão, o prazer tão arrebatador que chega a doer minhas bolas, enquanto despejo tudo, todo o desejo de longos meses.
Nossas bocas se encontram de novo e nos beijamos apaixonadas, sôfregas, as respirações alteradas, ainda gemendo. Quando os últimos tremores espiralam em nós, eu retiro meus dedos de sua quentura e ela solta meu pau. Paro o beijo, meus olhos abrindo direto para os dela. Ficamos assim, paradas, nos olhando. A princípio seu rosto está leve, a expressão saciada que conheci tão bem. Sempre fica linda depois do gozo, parecendo uma menina, mas com a sensualidade de uma mulher. Então eu vejo com horror a mudança em sua expressão. Empalidece, como se só agora se desse conta do que acabamos de fazer. Lágrimas começam a encher seus olhos e ela geme um som diferente dos que ouvi ainda há pouco. Esse é um som de pesar e arrependimento, e isso faz meu corpo ficar em alerta, o prazer pós-coito sendo substituído pela apreensão.
— Por favor, não se arrependa disso, Brunna. — suplico, encostando minha testa na dela. — Me dê uma chance. Apenas uma chance e eu vou provar que estou falando a verdade quando digo que te amo.
As lágrimas rolam pelas suas faces e eu me odeio por estar fazendo-a chorar de novo.
— Não. — abana a cabeça. — Isso nunca deveria ter acontecido. Eu...
— Você me quer. — digo não com arrogância, mas de maneira firme. — Como eu ainda te quero. Como sempre vou querer.
— Me solte, por favor. — sua voz é apenas um fio. Parece inconformada por ter se rendido a mim. — Por favor, se afaste.
— Eu te amo, baby. — digo embargada, meus olhos ardendo com o pavor de ver que voltamos para a estaca zero. Foi apenas um interlúdio. Meu coração aperta enquanto a vejo chorar.
— Não era para ser, Ludmilla. Tudo começou de forma errada, não tinha como terminar bem. — diz e me empurra. Dessa vez eu me afasto, tudo em mim voltando a morrer agora que já não tenho o seu toque.
— Não. — abano a cabeça. — No seu diário você dizia que íamos conseguir, que o amor ia vencer no final.
Seus olhos ficam ainda mais lacrimosos.
— Eram devaneios de uma menina tola. — soluça. — Sonhos de uma menina que amou demais e nunca foi correspondida.
Meu peito aperta absurdamente com seu tom e expressão derrotada, de finitude. Respiro fundo, medo atroz enchendo-me por completo. Talvez nem o tempo, nem o fato de termos um filho em comum, irá fazê-la me perdoar. Me rasga por dentro conjecturar isso, mas já se passou muito tempo e sua mágoa permanece a mesma. Só deixou que me aproximasse por causa de Michael.
— Você foi, é e sempre será amada por mim.
Ela me encara, limpando o rosto.
— Acreditei que você me amava uma vez e isso me destruiu. — a expressão determinada tomando seu rosto me deixa em agonia. — Jamais irei amar e me entregar tão profundamente de novo. Nem com você, nem com ninguém. — funga, os olhos tristes, diferentes do êxtase de momentos antes. Ela está tremendo na minha frente, parecendo tão frágil e tão dura ao mesmo tempo. — Isso não está dando certo, Ludmilla. — diz, me fazendo franzir o cenho. — Não posso mais ficar tão perto de você. — gelo começa a entrar em minhas veias, um aperto horrível tomando meu coração. — Cayo está indo para o Rio e acabo de decidir que vou com ele.
Oh, meu Deus! Não. Não. Não. Eu fico lá parada, olhando-a, tentando a todo custo me convencer de que ouvi errado. Ela não acabou de dizer isso.
— Não. — é a única palavra que sai num ofego sofrido da minha boca.
— Michael sempre será seu filho e eu nunca vou colocar obstáculos para as suas visitas, garanto. — ela continua, as lágrimas surgindo e caindo no rosto bonito e tão amado por mim. — Isso entre nós terminou definitivamente, Ludmilla. Eu vou embora.
Eu gemo, sufocando, agonizando, ferida de morte, enquanto ela deixa o quarto.

O acordo- BrumillaOnde histórias criam vida. Descubra agora