TAEHYUNG
24 de Outubro – 21:55
"Você não vale nada." Ela disse entre risos enquanto se virava para pegar o pacote de cigarros de dentro de sua bolsa.
"Isso depende muito do ponto de vista." Eu lhe respondi com um sorriso malicioso tomando conta de meu rosto enquanto começava a abotoar minha camisa após pegá-la do chão. Ao observá-la levar o cigarro aos lábios e acendê-lo, adicionei. "Isso sim que não vale nada."
"O cigarro em si não é tão ruim." Ela jogou fumaça no ar. "Se comparado à razão pela qual muitas das pessoas fumam. Os cigarros são como calmantes para almas quebradas."
Se os cigarros realmente conseguissem amenizar as dores de uma alma, com certeza eu seria um fumante compulsivo, pensei, mas não falei, apenas voltei a lhe dar um dos meus melhores sorrisos. Ela aproveitou já estar com a bolsa em mãos e tirou um maço de dinheiro e o jogou ao meu lado na cama. Meu pagamento.
A Sra. Seung era uma de minhas clientes mais assíduas, uma mulher que já tinha passado dos seus 40, bonita, e era uma famosa fashion designer que decidira se dedicar à sua profissão e não perder tempo com homens, assim, não se casando. Para curar a solidão que a afligia em algumas noites, costumava me procurar no clube Narciso. Mas ela era somente uma de tantas outras clientes que eu tinha em uma lista interminável.
Narciso era o clube no qual eu trabalhava como host e minha função era basicamente... entreter as mulheres e fazê-las esquecer de todos os seus problemas. A maioria das clientes eram mulheres que, assim como a Sra. Seung, decidiram não se envolver em um relacionamento sério, ou então mulheres cujos maridos não lhes davam atenção o suficiente e acabavam se sentindo carentes, ou até mesmo jovens senhoritas que procuravam por diversão. Mas todas estas tinham algo em comum: eram ricas. E se me perguntassem qual o tipo de mulher que me atrai, sem dúvida alguma eu diria que são essas, as que tem alguns dígitos a mais na conta.
Peguei o dinheiro da cama e o coloquei em meu bolso, terminando de fechar o botão de minha calça enquanto me inclinava para lhe dar um beijo de agradecimento em seus lábios. "Obrigado, você sabe que é especial para mim." Ela riu com deboche.
"Você diz isso a todas, V." E eu não poderia negar, esse era meu trabalho, afinal, eu era V, um dos hosts mais requeridos de Seul. V não é meu verdadeiro nome, mas hosts não devem trabalhar usando seus nomes reais, e V acabou sendo um nome que me trazia sorte, um nome que prenunciava a minha vitória, pois eu sempre buscava o melhor, e tudo o que eu queria, eu conseguia. V era um nome que apagava o meu passado.
"Eu tenho que ir. Espero poder voltar a te ver em breve."
"Vai ao encontro de outra cliente?"
"Jamais. Eu disse que você é a única." Dessa vez fui eu quem riu com deboche antes de abrir a porta do quarto do hotel e sair. Nunca haveria 'única', afinal, um beijo, ou até mesmo sexo, não tinham nada de especial, para mim, eram apenas ferramentas para conseguir chegar aos meus objetivos. Tudo era utilizável. Inclusive pessoas.
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Kiss me, Mors
FantasyUm beijo da morte, uma viagem de sete dias ao passado, e um contrato que não poderia envolver amor ou ódio; a receita perfeita para um desastre. ~~~~~~~~~~~~~~ Disclaimerzinho: A ideia para escrever essa fic surgiu após assistir o incrível dorama j...