15. Arrogância

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Aviso: Pessoal, esse capítulo contém conteúdo sensível

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Aviso: Pessoal, esse capítulo contém conteúdo sensível. Há menção a suicídio, o que pode ser um gatilho para alguns. Se não se sentirem à vontade com isso, sugiro que não prossigam com a leitura.

NAHEE

Era o quarto dia após a morte da mãe de Taehyung.

Quando lhe dei a notícia, eu sabia que ele não reagiria da maneira mais comum – afinal, Taehyung era... Taehyung – ou a esperada de um filho que acabara de perder sua mãe, entretanto, tampouco imaginei tamanha frieza. Assim que as palavras 'ela está morta' finalmente saíram de meus lábios, Taehyung me encarou por segundos que pareceram uma eternidade, parecia tentar identificar em meu rosto se o que eu dizia era mesmo verdade; as lágrimas acumuladas em meus olhos lhe deram a resposta que procurava. Desviou então o olhar para fora, vendo através da janela as pessoas que passavam na rua, cada um com os seus afazeres, passou então uma mão pelo rosto, e logo voltou sua atenção ao jornal sobre a mesa, como se nada tivesse acontecido. Fiquei em choque, chamei por seu nome, imaginando que talvez ele não tivesse entendido a gravidade daquilo, mas ele sequer me respondia. Não dirigiu mais nenhuma palavra a mim até nossos cafés chegarem ao fim, somente então se levantou e disse que precisava ir.

Eu sabia para onde ele iria; ele teria de reconhecer o corpo de sua mãe para prosseguirem com o funeral e, em seguida, a cremarem. Decidi segui-lo, mesmo não tendo a sua permissão, e ele pareceu não se importar.

Já na sala fria, escura e inexpressiva, contemplei uma das imagens que jamais sairia de minha memória; quando retiraram o lençol branco que cobria o seu corpo para revelar sua aparência, imediatamente levei uma mão aos lábios para conter um doloroso gemido. Segundo o responsável, ela havia cometido suicídio ao se enforcar com um lençol em sua casa naquela tarde. A marca em seu pescoço ainda era visível, um grande hematoma roxo por toda a circunferência, sua pele estava pálida e gélida, seus olhos – ainda abertos – secos e sem brilho.

Desviei meu olhar para Taehyung. Seu corpo parecia enrijecido como o de uma estátua, o único movimento que vi foi de sua mandíbula se tensionando – nem mesmo seus olhos piscavam.

Quando ele finalmente confirmou ser o corpo de sua mãe e se dirigiu a uma mesa para assinar alguns documentos, olhei mais uma vez para Sa-Yeon, e quando notei que em seu rosto ela ainda mantinha uma expressão de dor, não me contive; tive de sair da sala e correr para o banheiro mais próximo para vomitar. Aquilo tudo era demais para mim, e eu não entendia como Taehyung conseguia ter tanto auto-controle... ou talvez não houvesse nenhum tipo de sentimento ali para que ele tivesse que controlar.

Ainda no banheiro, somente após lavar meu rosto e sentir a água gelada sobre minha pele foi que comecei a recobrar minha compostura. Aos poucos eu parei de tremer e minha respiração se regulava.

Nesse mesmo dia, tentei persuadir Taehyung a voltarmos ao passado, mas ele me ignorou por completo.

Depois disso, não nos vimos mais. Nem mesmo no dia do funeral de sua mãe ele estava presente. Nem sequer algum outro membro de sua família. Somente eu, os lírios, as velas, e o cadáver de Sa-Yeon naquele aposento escuro e frio.

Kiss me, MorsOnde histórias criam vida. Descubra agora