2. Mors

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Desde aquele dia eu soube que não deveria ser feliz

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Desde aquele dia eu soube que não deveria ser feliz. Desde aquele dia eu soube que não merecia viver da forma que, talvez, meus pais tivessem desejado que eu vivesse. E então, com o passar dos anos, eu descobri que não bastava somente ter consciência disso. Eu teria de viver com essa maldição. Até os céus estavam me castigando?

Lembro-me perfeitamente do dia em que descobri tal condenação, recordo-me como se fosse hoje porque ainda dói, por mais que eu não queira admitir. Ainda morava em Changwon e estava no final do Ensino Médio. Nunca fui a garota mais popular, mas tampouco deixava de ter amigos. Não era considerada a mais bonita da escola, mas já tinha recebido algumas confissões amorosas. Na época, apesar de já achar que não merecia ter uma vida de muitas alegrias, ainda havia pessoas em minha vida que me davam um gostinho do que era ser querida. Talvez essa tenha sido a época em que eu mais me iludi.

E a lembrança de que eu deveria apenas existir, e não viver, chegara junto com a neve no início de janeiro.

Kim Taemin, um garoto um pouco mais velho que eu, tinha me parado no corredor externo da escola enquanto eu me encaminhava para a aula de artes. Minhas amigas já tinham me alertado de alguns olhares um pouco diferentes que ele me lançava, mas jamais passaria em meus pensamentos que um dos garotos mais bonitos e populares da escola teria algum dia olhos para mim. Mas então fui surpreendida, neste dia, por sua confissão. A princípio, achei que era algum tipo de brincadeira, mas ele pediu que o encontrasse na semana seguinte no terraço da escola para conversarmos.

E eu fui. Boba. Chegando lá, morrendo de frio enquanto esfregava minhas mãos para criar um pouco de calor – ou talvez para disfarçar o nervosismo – me aproximei dele. Porém, ele não parecia querer conversar muito, já que logo se inclinou para me dar um beijo. A princípio, apesar de surpresa, correspondi. Meu estômago parecia estar cheio de borboletas em agitação, mas logo essas borboletas morreriam com um balde de água fria que cairia sobre mim.

Após o beijo, tudo parecia normal – ou pelo menos era isso o que eu achava, já que esse era o meu primeiro beijo – até que Taemin de repente pareceu engasgar com algo. Sem entender, o segurei pelos braços e comecei a lhe perguntar o que estava acontecendo, mas ele não conseguia dizer nada, e nem sei se de fato me ouvia. Seus olhos estavam vermelhos, e ele elevou suas mãos até o pescoço como se não conseguisse respirar e lutasse por ar, e em apenas alguns segundos, que pareceram apenas um piscar de olhos, ele estava caído no chão.

A neve caía lentamente e começava a cobrir seu corpo. Seria poético se não fosse aterrorizante. E eu fiquei lá, sem saber o que fazer, até que voltei à realidade e rapidamente me abaixei para sentir sua pulsação. E o que eu mais temia tinha acontecido; ele estava morto.

E antes que pudesse pensar no que fazer a seguir, senti meus braços ficarem dormentes, e algo apertado em meu pescoço me deixando com falta de ar, eu literalmente não conseguia respirar, e então uma dor lancinante no peito. Minhas pernas perderam a força, e de repente tudo se tornou negro.

Kiss me, MorsOnde histórias criam vida. Descubra agora