SNAKE - Meu Inferno Dourado (DEGUSTAÇÃO)

DOIS

Bom dia, amores!

Capítulo novo para vocês. Apreciem sem moderação...

SNAKE

— Obrigada por ter vindo, Jonathan.

— Snake, senhora Lutz, por favor, prefiro que não me chame mais por esse nome.

A mulher robusta na faixa dos sessenta anos apenas soltou um suspiro e deu de ombros antes de se sentar à sua cadeira.

— Você sabe que temos feito o possível para que Angus tenha a melhor assistência educacional, mas com todas as limitações dele, pouco temos conseguido.

— Eu sei e agradeço o empenho que todos os funcionários sempre tiveram para a evolução do meu irmão — falei com sinceridade, pois sabia que a condição de Angus, além de irreversível se agravava pela falta de atenção e carinho das pessoas mais importantes da vida dele.

— Jona... quer dizer, Snake, sua família sempre foi muito generosa com a nossa escola, mas infelizmente para o Angus nenhum dos profissionais que contratamos, conseguiu fazer com que ele tivesse um progresso significativo no que chamamos de socialização, e também reparei que seu irmão se tornou mais inacessível nos últimos meses.

— Nós passamos por um período conturbado, mas estou disposto a mudar esse quadro e foi por isso que vim até aqui. O.... nosso pai anda muito ocupado por conta do trabalho e eu pretendo compensar a ausência dele ficando mais tempo com o Angus, não apenas nos finais de semana, mas todos os dias.

— Fico feliz em saber que Angus tem alguém da família que se preocupa com seu bem-estar.

— Meu irmão é a pessoa que eu mais amo nesse mundo, senhora Lutz.

Ela sorriu, assentindo.

— Há dois meses, eu recebi um convite para palestrar em um Congresso de Pedagogia em Dallas. Foi lá que tive a felicidade de conhecer uma terapeuta ocupacional recém-formada com conhecimento em doenças mentais, e que estava à procura de emprego na área. Talvez tenha sido um pouco impulsivo da minha parte, mas alguma coisa naquela jovem me encantou e acabei fazendo uma proposta para que ela viesse trabalhar aqui, na nossa escola.

— Eu já ouvi falar em Terapia Ocupacional, mas o que isso tem a ver com o meu irmão?

— Foi por isso que liguei, Snake. Em menos de sessenta dias, o Angus teve uma evolução impressionante nas mãos da terapeuta e tenho certeza que se vocês permitirem que ela estenda esse trabalho para o ambiente em que ele mora, os resultados serão ainda melhores.

— A senhora quer que eu contrate essa... terapeuta para cuidar do Angus em casa, é isso?

— Sei que o meu conselho é um pouco incomum e eu já estava preparada para a sua desconfiança. Só peço que converse com ela antes de tomar qualquer decisão.

Fiquei de pé e caminhei até a janela.

Aquela não era o tipo de conversa que eu esperava ter com a diretora da escola. Angus apresentou problemas desde o seu nascimento e todos os especialistas que o avaliaram, a partir dos cinco de anos de idade, quando ele pôde fazer os primeiros testes de QI (Quociente de Inteligência), afirmaram que meu irmão apresentava um caso de retardo mental severo e irreversível.

Apesar de querer acreditar que uma terapeuta pudesse ajudar Angus, não podia simplesmente colocar uma mulher desconhecida dentro da minha casa, já que eu pretendia passar mais tempo com ele, nem que isso significasse enfrentar uma batalha judicial com Marshall para conseguir a guarda de Angus, ainda que fosse compartilhada.