SNAKE - Meu Inferno Dourado (DEGUSTAÇÃO)

OITO

Bom dia, amores!

Tenho um aviso importante para vocês, então leiam:

-> Daqui a pouco vou passar por um procedimento cirúrgico, como não sei o que vai acontecer nos próximos dias durante o pós-operatório, vou postar o capítulo de hoje e o de amanhã, ok? 

Torçam por mim e... boa leitura. Beijos.

SNAKE

— Faz tempo que você não aparece por aqui, Snake. Bom te ver, cara!

— Os extratos semanais que recebo da contabilidade me mantém afastado. Você tem feito um ótimo trabalho, Marvin.

O homem de meia idade e sorriso acolhedor apertou meu ombro, em um gesto silencioso que eu entendia muito bem. Ele nunca escondeu sua dor depois que Marshall roubou o coração da mulher que possuía o dele.

Marvin se casou com sua prima de segundo grau, teve dois filhos e vivia tranquilamente em Green Hill, mas tudo mudou no instante que ele soube que seu grande amor havia partido. Ele entrou em depressão profunda e tentou se suicidar duas vezes em menos de um ano.

Sua esposa o salvou na primeira e seu filho mais velho na segunda, porém, continuar casada com um homem que ainda amava sua namorada de infância não era mais uma opção para ela, que pediu o divórcio após sua recuperação e voltou para a casa dos pais, em Old Tower, cidade próxima a Green Hill.

Todos lamentavam sua perda, inclusive eu, por isso quando o restaurante finalmente estava pronto para ser inaugurado, seu nome foi o primeiro que me veio à mente para administrar a lugar que representava o grande sonho da mulher que nós dois amávamos mais do que tudo.

Marvin não se casou novamente, mas há alguns anos namorava Fiona, a cabeleireira que era dona do maior salão de beleza da cidade.

Sempre que encontrava o gerente do All Food, não conseguia deixar de me perguntar como teria sido a minha vida se por acaso minha mãe o tivesse escolhido e, em vez de ser um herdeiro de Scott, meu sobrenome fosse apenas comum, isento da obrigação de carregar uma carga exageradamente pesada, ou o histórico doentio dos Abbot.

Infelizmente, eu jamais iria saber a resposta. No fundo, minha alma se alegrava só de pensar naquela surreal possibilidade, já que ela nunca conheceu e, certamente nunca conheceria, o significado da palavra normalidade.

— Vejo que está muito bem acompanhado. — Marvin sorriu para Alana, que retribuiu o sorriso.

— Essa é Alana Scolari, a terapeuta ocupacional que está ajudando Angus — falei orgulhoso e franzi a testa quando notei os olhos da loira marejados.

Pegando a nós dois de surpresa, ela se levantou e abraçou o gerente. À princípio, Marvin ficou sem jeito com o gesto carinhoso, mas logo relaxou e apertou o corpo de Alana junto ao seu.

Não sabia dizer o que senti naquele momento, nem mesmo explicar a emoção que quase esmagou meu peito quando ela se afastou um pouco, segurou seu rosto e disse olhando em seus olhos:

— O restaurante é maravilhoso, Marvin. Tenho certeza que a mãe do Snake está muito feliz por ele ter dado a você a missão de cuidar com tanto amor do maior sonho dela. Parabéns, e quero que saiba que se precisar de alguma coisa, é só me ligar. Eu também vou ficar muito feliz se puder ajudar.

Uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho, que ela não se importou em secar logo depois de beijar a bochecha de Marvin, me emocionando ainda mais com tamanha sensibilidade.