A Confusão De Uma Noite Embriagada

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Serena cerrou seus olhos com a lentidão exata para que todo o cenário ao seu redor fosse substituído pelo jardim chamativo de Shelby Pearson. A decoração não era de seu gosto, assim como tudo que Shelby fazia, mas não se importou de reunir-se com seus colegas de equipe ali.

Sua respiração estava desmedida e o corpo ainda se encontrava desnorteado pelos acontecimentos anteriores. Não que a questão em si fosse os ferimentos de Otto, ela não se importava mais com ele.

Seus pensamentos estavam emergidos nas lembranças daqueles olhos castanhos tão escuros que pareciam quase negros, o olhar de Alana para Otto era condensado como se suas íris pudessem exteriorizar sua raiva.

Dessa vez, não questionou as intenções da mesma como sempre fizera, mas se questionou o porquê de Alana ter dirigido a situação naquela brutalidade específica.

Será que ela, de fato, se preocupava consigo em tamanha proporção assim?

- Eu teria feito a mesma coisa se tivesse a força da Alana. - Zoe falou com a voz abafada pelo pedaço de aperitivo de queijo que preenchia sua boca - Ele mereceu.

- Eu não sabia desse seu lado violento, Zoe. - Elder indagou categoricamente enquanto chacoalhava a cabeça - A quem eu estou querendo enganar? Essa mulher briga comigo todo dia.

- Mulher? - Zoe bufou e Elder encolheu os ombros, arrancando uma gargalhada sonora de Serena e April - Não brigaria tanto se você soubesse se comportar!

Serena desviou a direção que seus olhos se encontravam, explorou nos verdes ilustrados pelas árvores uma distração. As luzes coloridas enroscadas nos galhos das folhas cintilavam em conjunto e só eram ofuscadas pelo brilho que a iluminação branca da piscina refletia.

Metade do semblante de Serena estava encoberto pelo plástico do copo vermelho que molhava seus lábios buliçosos. Só era possível notar o brilho de seu olhar inquieto observando a movimentação ao redor.

As estatuetas brancas espalhadas pelo jardim terminavam de ornar as flores coloridas que contornavam os caminhos de cimento pela grama vívida do quintal dos Pearsons.

A noite parecia longa diante do seu cansaço manifestado.

Do outro lado da cidade, o caminho até em casa foi rápido dentro das risadas e conversas desconexas de Casey. Alana costumava se divertir quando podia desfrutar das idéias esdrúxulas que surgiam na cabeça da amiga sempre que ela se embriagava.

E, apesar de sentir-se tomada pelo álcool também, refutou a lentidão de seus movimentos endireitando-se em seu banco e dirigindo cautelosamente durante todo o trajeto.

Depois de deixar a amiga em casa, levou poucos quilômetros para que seu carro encontrasse o caminho para a casa de esquina na Fifth Street.

Seus pés percorreram o caminho para cozinha e as mãos puxaram a alça da geladeira desajeitadamente. Não se incomodou ao sentir que algumas gotas da garrafa d'água em seus lábios caíram sobre seu queixo e foram de encontro a sua camisa preta.

Sua boca estava tão seca que a água que tocava sua língua parecia evaporar pelo calor de seu hálito embriagado. Porém a refrescância daquele líquido gelado lhe fez fechar os olhos para que seu paladar desfrutasse com mais intensidade daquela sensação de frescor.

Os segundos que se sucederam enquanto a boca de Alana estava sendo tomada por outra garrafa d'água pareceram durar minutos. Seus olhos fechados permitiram que sua atenção se perdesse naquele alívio instantâneo e lhe impediram de perceber os passos de Serena se aproximando.

- Quer dizer então que você dirigiu até aqui embriagada? - A voz doce de Serena despertou Alana de seu transe.

Engasgou-se com o susto e, em um reflexo, apertou a garrafa em sua mão, fazendo com que o resto da água ainda presente naquele recipiente jorrasse como um vulcão contra sua camisa.

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