Jake Loveno: museu

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Versão do Jake Loveno.

"Toda cidade tem uma historia, e pra Jake, toda historia merece ser ouvida"

—" No começo de tudo, eram apenas vinte pessoas com investimentos e alto poder aquisitivo, dentro dos vinte haviam arquitetos, engenheiros, químicos, entre outros. Os que não possuíam formação ou conhecimento, contratavam alguém que possuía. Eram os melhores pra fazer isso acontecer...

—Anunciamos que vamos fechar em quinze minutos. — falou o que eu chamo de "voz do museu", que não passa de uma gravação.

—QUINZE MINUTOS? Hoje eu realmente passei dos limites. Mas tudo bem, eu mereço depois de um dia longo desses na faculdade. E nossa, como eu amo esse museu — pensava comigo mesmo.

Chegando em casa eu já torcia pra janta ser um baita hambúrguer caseiro, daqueles que só minha mãe sabia fazer. Por ouvir as vozes vindas de dentro da casa, percebi que meu pai já tinha chego e obviamente meu irmão já tinha voltado do trabalho também. Afinal, os engenheiros podem ter suas idéias brilhantes para novos maquinários e projetos em casa... ainda mais quando você trabalha pro seu pai. Abrindo a porta e chegando à cozinha vejo que meu desejo se realizou, era noite do hambúrguer.

Deitado na cama, em meio ao silêncio da cidade que costumava ser barulhenta durante o dia, estava quase pegando no sono quando de repente: "ATCHIM", um espirro enorme vindo de alguém da rua. Minha intuição me mandou ir olhar, mas pra quê mesmo? É só um espirro...

No dia seguinte, já na faculdade de Oceanografia, estávamos recebendo orientações quanto ao nosso trabalho de conclusão de curso quando de repente: "ATCHIM", um colega de classe espirrou tão alto que tirou a atenção de todos, me fazendo lembrar o espirro de ontem a noite que deram na rua... Mas que seja, é só um espirro, então voltamos à atenção pra aula.

Estudar os oceanos era um prazer pra mim, eu sabia da importância desse estudo para a nossa cidade por conta da crescente demanda por dessalinização, então além de fazer o que eu gostava, eu sabia que tinha um futuro garantido. Eu, mais adiantado que a maioria da turma, já havia decidido o tema do meu trabalho de conclusão de curso. Eu queria falar sobre o impacto do oceano no ar e o impacto do ar no oceano, e como isso podia influenciar na nossa cidade. Eu realmente já tinha pensando e estudado muito sobre o assunto e agora era a hora de realizar os experimentos, ir pra tão desejada parte prática.

Saindo da aula iria dar uma passada na empresa do meu pai, eu tinha que ir lá trabalhar alguns dias da semana. Afinal, apesar de não ser engenheiro ou estudar engenharia, eu tenho que trabalhar em algo. Ser filho do chefe ajudou nisso, não posso negar.

Dirigindo meu troller preto, parei no semáforo que ainda brilhava a luz amarela, me fazendo sentir um vil orgulho da minha atitude. A melhor parte de parar nos sinais era aproveitar a vista, ainda que por pequenos minutos. Aqui havia um contraste que mostrava a divergência entre o que havia sido detalhadamente desenhado e projetado, e a naturalidade do universo. Nossa cidade era linda, mas eram os movimentos das ondas que me fascinavam.

Eu estava na rua da praia. E, além de contemplar a vista, observei duas pessoas atravessando juntas. Uma garota morena de cabelos castanhos escuros, que segurava livro, celular e fones de ouvido em uma só mão, utilizando a outra mão como apoio para um velhinho, que atravessava junto. Quando, inesperadamente, "ATCHIM". O velhinho tinha espirrado, fazendo a menina morena tomar um baita susto que, como consequência, a fez derrubar tudo no chão, causando pequenos risos nos rostos de quem assistia. Observei-a de forma atrapalhada e apressada recolher tudo enquanto não largava a outra mão do velhinho. Será que ninguém nunca apresentou uma bolsa pra ela? Bom, devo admitir que mesmo com o espirro ela continuou ajudando o velhinho a atravessar a rua, então, pelo menos não é nojentinha. — pensei comigo mesmo.

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