Maitê Xavier: 1%

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Maitê Xavier versão.

Ele estava certo, uma bolsa iria ajudar muito e pelo menos eu ia parar de derrubar tudo. Eu ainda nem acredito nos resultados que vi, tantas vezes verificando a mesma coisa e nunca reparei nos benditos 1% que supostamente são sempre a mesma coisa. E aqui estou eu, pensando nesses 1% e que amanhã vou ter o primeiro encontro da minha vida de noite, e de manhã vou descobrir se existe ou não um novo elemento no ar que faz as pessoas espirrar. A vida é tão imprevisível as vezes.

—E aqui estamos. — disse quando parou na minha porta.

—Valeu pela carona e pela pizza, até amanhã. —disse saindo do carro.

—Espera...érr... foi mal fazer você trabalhar até tarde, e fazer você ir amanhã na sua folga. Tudo bem se você não quiser ir amanhã, eu..

—Eu vou. —interrompi ele— até amanhã Jake, Jake Loveno. —repeti propositalmente o nome, lembrando do dia da entrevista.

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—Bom dia Maitê. —disse Cris me olhando com um sorriso carinhoso.

—Bom dia, flor do dia. —respondi entusiasmada.

—Alguém ta estranhamente feliz, nem parece que teve que vir trabalhar em dia de folga —disse Cris com um olhar curioso.

—Só meio período, Criss! Só meio período. Eu aguento. —disse indo pra sala do meu estranhamente legal chefe.

—Bom dia, preparado pra ir?

—Vamos, estava te esperando. —falou apressado, acho que alguém está ansioso hoje.

Chegando no laboratório de química, Jake pediu pra uma amiga nos ajudar a entender o ocorrido de ontem.

—Olá Jane, bom dia, tudo bem? —disse de forma estranhamente calma e carinhosa. Jane era o nome dela? Ela tinha cabelo loiro, obviamente faz reflexo todo mês, usava um vestido rosinha estranhamente colado e um colar de pérola. Sério, eu achei que a galera da química só usava jaleco, roupa branca e um óculos transparente. Não podemos esquecer do rabo de cavalo pra prender o cabelo.

—Oi Jake, quanto tempo você não vem aqui. — disse Jane e foi dar um abraço em Jake. É, talvez sejam mais que amigos.

—Preciso de ajuda, na verdade. Temos uma substância desconhecida e esperava que você pudesse me ajudar a entender melhor... — e aqui começamos a tentar explicar o famoso 1% de ar que nos trouxe aqui. Jane usou o computador e uns dez minutos depois veio contar o que descobriu.

—Isso é realmente estranho, é com certeza algo novo. Coloquei no meu programa que compara elementos e partículas e ele encontrou semelhança com uma substância presente em algumas algas marinhas. Algumas podem acabar sendo perigosas, eu não sei se elas podem sofrer mutações mas talvez...

—As vezes elas nem precisam sofrer mutações, existe uma chamada maré vermelha, ela já matou vários animais marinhos. E elas liberam toxinas no ar também, que causam problemas respiratórios. Então talvez seja isso, pode ser a causa dos espir..

—Quem é você mesmo? Pensei que estava aqui pra observar e anotar. — disse Jane olhando pra mim.

—Maitê Xavier. É um prazer conhecer você também. — disse rapidamente, mas soou parecendo sarcasmo, e talvez tenha sido.

—Ela me ajudou a identificar isso, ela está se formando em Engenharia Ambiental, então todas as informações que temos do ar, vieram dela. — disse Jake.

-Entendi. Bom, continuando, é algo nunca visto aqui, se fosse maré vermelha o meu programa teria identificado. Além disso, teríamos animais marinhos mortos, o que não é o caso. —concluiu Jane.

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